O noticiário televisivo
veiculou a clamorosa forma de atendimento, em especial às mulheres grávidas, às
novas mães e aos recém-nascidos, numa maternidade pública de Alagoas. Mulheres
e crianças são colocadas em colchões no chão de corredores, sem as mínimas
condições de assepsia, mas mesmo assim recebem os cuidados médicos de
emergência, inclusive os exames recomendados, mesmo sob risco de contaminação
hospitalar e de outras formas passíveis de contrair doenças. As imagens
mostradas pela televisão são muito fortes, chocantes, impróprias e inaceitáveis
nem mesmo nos países subdesenvolvidos. O descaso das autoridades públicas com
relação à assistência básica de saúde é indiscutivelmente irresponsável e
criminoso. Esse episódio é a comprovação da pouca-vergonha das autoridades
públicas, que se permitem afrontar a dignidade da população brasileira, ao consentir,
sem esboçar qualquer medida saneadora, que o caos se instale com a maior
naturalidade nas maternidades e nos hospitais públicos. A real gravidade desse
estado de calamidade pública ficou patenteada com as declarações aflitas e
extremamente preocupantes de médica e enfermeira acerca da situação
periclitante por que estão enfrentando, não deixando dúvida quanto ao nível de
estresse que elas estão sendo submetidas de forma compulsória. Aquelas
profissionais ressaltaram com bastante clareza o seu alto grau de dedicação ao
trabalho e de amor ao próximo, ao expressarem a revolta e contrariedade com o
tratamento precário que os pacientes vêm recebendo naquela maternidade. Na
oportunidade, ao mostrarem o quadro de horror no seu local de trabalho, as
profissionais não conseguiram conter as lágrimas e o choro, tamanha a
indignação decorrente das visíveis ausência e incompetência do Estado. Na
verdade, não somente a equipe de profissionais da maternidade em foco chora
pelo desrespeito ao ser humano no atendimento hospitalar, porque, na
atualidade, o Brasil inteiro também chora, grita e berra em razão do
pouco-caso, do desprezo dos governantes diante da enorme desgraça que assola a
saúde pública do país. Não obstante, em que pese à evidência o permanente sofrimento
e o exaltado clamor da população, as autoridades públicas e os políticos, além
de não chorarem, são surdos, moucos, insensíveis e inconscientes quanto à premente
necessidade de priorizar as questões pertinentes ao saneamento das carências no
sistema de saúde pública. Chega a impressionar e até a estarrecer que a
precariedade e as deficiências de toda ordem na saúde, na educação, na segurança,
no saneamento básico, nas estradas e rodagem e nos demais programas oficiais,
tudo contribuindo para infernizar as condições de vida das pessoas, mas, apesar
disso, o governo federal tem aprovação e avaliação estrondosas e ainda é digno
de aplausos. A sociedade tem o dever cívico e moral de repudiar com veemência o
menosprezo das autoridades públicas às causas essenciais do povo e exigir o
fiel cumprimento dos termos da Constituição Federal, quanto à obrigação do Estado de
suprir de forma eficiente as necessidades básicas da população, principalmente
a saúde,... Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de julho de 2012
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