Foi realizada em Curitiba, nesta data, a Marcha das
Vadias, com a participação de aproximadamente 1,5 mulheres, que, apesar das
baixas temperaturas, não houve problema algum para impedir que manifestantes
tirassem as blusas para chamar atenção em protesto contra o machismo e
fortalecimento do movimento que luta pelo fim da violência contra a mulher e
pela igualdade de gênero. Mesmo com o frio da manhã, atingindo o mínimo de
3,9°C, uma manifestante, com o rosto coberto e os seios à mostra para
protestar, garantiu que o calor da manifestação esquenta as pessoas e faz com
que a “mulher de respeito vá para a rua,
faça geada ou faça sol”. Por ocasião da passeata, manifestantes pintaram o
corpo e exibiam faixas e cartazes com dizeres como: “A mulher pelada é utilizada o tempo todo pela mídia. Hoje a gente está
tirando a blusa por um motivo muito mais justo, que é o feminismo e a igualdade”.
Já a coordenadora da marcha curitibana disse que “Nós achamos que a reapropriação do termo ‘vadia’ é essencial para
discutir a violência, porque quando o homem bate na mulher, ele faz isso
chamando-a de vadia. Quando o homem estupra, ele faz isso porque considera que
ela é vadia. Queremos que essa palavra deixe de ser ofensiva e se torne uma
palavra de luta”. Não há a menor dúvida de que, não só a mulher, mas toda a
humanidade tem todo direito de usufruir do salutar Estado Democrático de
Direito, para se manifestar livremente e protestar à vontade sobre qualquer questão
ou matéria que possa destoar das regras de boa conduta ou de algo contrário à
convivência social, porém parece contrassenso e até injustificável a exposição
da mulher, em vias públicas, com seios à mostra, que teria a finalidade muito
mais para atrair a atenção para o seu belo e sensual corpo do que para a causa
objeto da manifestação em si, cuja exposição tem o condão muito mais de banalizar
e enfraquecer a pureza e o sentido do movimento. Seria mais interessante e
ainda muito mais inteligente se essa marcha tivesse por finalidade
algo útil em benefício da sociedade, que realmente justificasse a mobilização
em prol de motivação plausível e recomendável, mediante seriedade na
organização, não permitindo desrespeito aos princípios da decência e da sociabilidade
nem contrariando a tradicional cultura brasileira de dignificação do ser humano.
Parece incompreensível que as pessoas percam tanto tempo na organização de
manifestação em defesa de causa não totalmente inserida no contexto da
atualidade mundial, quando poderiam lutar por melhorias da segurança pública,
da educação, da saúde, de reformas estruturais e outras conquistas que são
corriqueiramente negadas à sociedade. Isto sim, talvez melhor valesse a pena o
sacrifício da mobilização da comunidade, no sentido de sensibilizar as
autoridades públicas para as causas sociais e a implementação de medidas
pertinentes às melhorias das condições de vida dos brasileiros, incluído o combate ao machismo e à
violência contra a mulher. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de julho de 2012
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