Segundo notícia que circula na mídia, o governo do
Uruguai afirma que seu país não concordava com a maneira como foi decidida a
entrada da Venezuela no Mercosul, uma vez que esse fato suscitou séria dúvida
jurídica, tanto que, se houvesse certeza absoluta, a Venezuela já teria entrado
na última sexta-feira, ao invés de os países terem estabelecido o prazo até 31
do corrente mês para a confirmação dessa medida. O ministro uruguaio assegurou
também que a entrada da Venezuela, concretizada após a suspensão do Paraguai, somente
foi tomada pela intervenção "decisiva" da presidente brasileira, com
o respaldo da Argentina. Segundo o ministro, a decisão começou com "um pedido da presidente Dilma Rousseff e
dessa reunião saiu o acordo. A iniciativa foi mais do Brasil, e o
posicionamento brasileiro foi decisivo nessa história", tendo evidenciado
o descontentamento do seu país à entrada da Venezuela, diante das
circunstâncias. E concluiu: "Brasil
e Argentina estavam muito de acordo sobre esse assunto, mas o posicionamento do
Brasil foi decisivo". O governo brasileiro negou que tenha feito pressão para
que a Venezuela fosse admitida no Mercosul durante a última cúpula do bloco. Não é de agora que a diplomacia brasileira
tem sido desastrosa e claudicante quando é convocada para opinar sobre política
externa, sempre demonstrando imaturidade ao impor decisões atrapalhadas e
destoantes da realidade e do momento certo de mostrar competência em matéria de
assuntos internacionais. No caso vertente, parece que a prudência esteve ao
lado da diplomacia uruguaia, que, mesmo resultando inútil, a sua pretensão
valeria como aula de respeito aos princípios democráticos de decidir com
segurança, cautela e de forma acertada, sem atropelamento de ocasião, nem com o
propósito deliberado de agradar o ditador venezuelano. A incompetência da diplomacia petista coloca
o Brasil em situação de verdadeiro constrangimento perante a comunidade
internacional. Ficaria bastante
desagradável para a diplomacia uruguaia inventar notícia sem fundo de verdade.
Como os brasileiros já conhecem muito bem a forma carinhosa como o Planalto
trata o amigo mandatário venezuelano, não há dúvida alguma de que se trata
realmente de fato verdadeiro. Com certeza, deve ter havido aquela pressão da
"cumpanheirada" para a antecipação da adesão da República Bolivariana
ao Mercosul, contrariando, entre outros princípios exigidos por esse bloco
econômico, o da necessidade da observância da prática democrática, que aquele
país faz questão de ignorá-lo completamente. A diplomacia brasileira tem
obrigação de justificar mais essa trapalhada, que ridiculariza e desmoraliza a
sua atuação internacional, não só por mostrar incompetência, mas principalmente
por comprometer as relações internacionais, ao permitir que assuntos de relevância
sejam colocados sob suspeitas quanto à sua forma de condução e implementação.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 02 de julho de 2012
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