terça-feira, 3 de julho de 2012

Quanta indignidade!

Segundo notícia que circula na mídia, o governo do Uruguai afirma que seu país não concordava com a maneira como foi decidida a entrada da Venezuela no Mercosul, uma vez que esse fato suscitou séria dúvida jurídica, tanto que, se houvesse certeza absoluta, a Venezuela já teria entrado na última sexta-feira, ao invés de os países terem estabelecido o prazo até 31 do corrente mês para a confirmação dessa medida. O ministro uruguaio assegurou também que a entrada da Venezuela, concretizada após a suspensão do Paraguai, somente foi tomada pela intervenção "decisiva" da presidente brasileira, com o respaldo da Argentina. Segundo o ministro, a decisão começou com "um pedido da presidente Dilma Rousseff e dessa reunião saiu o acordo. A iniciativa foi mais do Brasil, e o posicionamento brasileiro foi decisivo nessa história", tendo evidenciado o descontentamento do seu país à entrada da Venezuela, diante das circunstâncias. E concluiu: "Brasil e Argentina estavam muito de acordo sobre esse assunto, mas o posicionamento do Brasil foi decisivo". O governo brasileiro negou que tenha feito pressão para que a Venezuela fosse admitida no Mercosul durante a última cúpula do bloco. Não é de agora que a diplomacia brasileira tem sido desastrosa e claudicante quando é convocada para opinar sobre política externa, sempre demonstrando imaturidade ao impor decisões atrapalhadas e destoantes da realidade e do momento certo de mostrar competência em matéria de assuntos internacionais. No caso vertente, parece que a prudência esteve ao lado da diplomacia uruguaia, que, mesmo resultando inútil, a sua pretensão valeria como aula de respeito aos princípios democráticos de decidir com segurança, cautela e de forma acertada, sem atropelamento de ocasião, nem com o propósito deliberado de agradar o ditador venezuelano. A incompetência da diplomacia petista coloca o Brasil em situação de verdadeiro constrangimento perante a comunidade internacional. Ficaria bastante desagradável para a diplomacia uruguaia inventar notícia sem fundo de verdade. Como os brasileiros já conhecem muito bem a forma carinhosa como o Planalto trata o amigo mandatário venezuelano, não há dúvida alguma de que se trata realmente de fato verdadeiro. Com certeza, deve ter havido aquela pressão da "cumpanheirada" para a antecipação da adesão da República Bolivariana ao Mercosul, contrariando, entre outros princípios exigidos por esse bloco econômico, o da necessidade da observância da prática democrática, que aquele país faz questão de ignorá-lo completamente. A diplomacia brasileira tem obrigação de justificar mais essa trapalhada, que ridiculariza e desmoraliza a sua atuação internacional, não só por mostrar incompetência, mas principalmente por comprometer as relações internacionais, ao permitir que assuntos de relevância sejam colocados sob suspeitas quanto à sua forma de condução e implementação. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 02 de julho de 2012

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