sexta-feira, 20 de julho de 2012

Decadência moral e política

O delator do mensalão, maior escândalo do governo petista, e presidente nacional do PTB afirmou, com convicção, que "Não serei condenado. Não há condição de me condenarem. É um absurdo jurídico tão grande que penso que o Supremo não vai fazer isso". O julgamento do mensalão está programado para se iniciar no próximo dia 2, tendo o referido político como réu acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O citado político é acusado pelo Ministério Público de ter recebido a cifra de R$ 4 milhões do PT, que teria sido desviada da administração pública com aval da cúpula petista, com a finalidade de comprar votos de parlamentares para aprovar projetos de interesse do governo. A referida declaração foi feita em entrevista antes da sua recondução à presidência daquele partido, durante convenção nacional realizada em Brasília, cuja eleição transformou-se em ato de desagravo, como prova de apoio para demonstrar aos ministros da Suprema Corte coesão em torno do político. Depois ter sido eleito à unanimidade, ele disse: "A legenda entende que me reconduzindo agora sinaliza ao Supremo que não sou um réprobo. Ao contrário, que sou um homem de prestígio, que tenho o respeito dos deputados, senadores, prefeitos e vereadores do PTB. Vão julgar um presidente de partido que tem o respeito da sua gente, de seus companheiros". Um parlamentar pediu aos correligionários, incluídos dois senadores, que se levantassem e dessem as mãos para homenagear o presidente, e profetizou: "É um homem de valor, de família. Não sairá pela porta dos fundos. Peço a Deus não apenas justiça, mas que a gente dê a ele a confiança e o carinho que precisa de nós". A solenidade da eleição que reconduziu o delator do mensalão, por unanimidade e aclamação, ao cargo de presidente do PTB bem demonstra a falta de caráter, honradez e decência dos políticos brasileiros, ao respaldarem os vergonhosos procedimentos do “ilustre” líder, como se ele fosse vítima do abominável escândalo que desonrou o povo brasileiro e denegriu a imagem do Brasil, quando, na verdade, apesar de ter se beneficiado do esquema, foi ele quem denunciou os fatos lastimáveis. Num país com um pingo de seriedade, seria vetado a alguém com a ficha suja o direito de sequer participar de partido político, como forma da sua moralização. Trata-se, sem dúvida alguma, da confirmação da indecência intrínseca dos políticos brasileiros e da sua decadência moral, que não se envergonham em dar apoio a corrupto convicto, que ainda se manifesta em deboche à competência do Judiciário. A sociedade tem a obrigação cívica de rejeitar em definitivo os maus políticos, ante a imperiosa necessidade de assepsia da corrupção no país e de contribuição à moralidade no serviço público. Acorda Brasil!  

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 19 de julho de 2012

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