segunda-feira, 23 de julho de 2012

Caos na saúde pública

Diante do caos instalado no maior hospital público do Rio Grande do Norte, causado pelo descaso das autoridades públicas, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte impetrou ação inédita e inevitável contra o governo daquele Estado, em virtude das precárias condições em que se encontra um hospital público, que tem problemas crônicos de infraestrutura e superlotação, onde as pessoas estão sendo atendidas nos corredores e em locais impróprios. A ação civil reivindica que a Justiça Federal determine ao governo o pagamento de indenização pecuniária por dano moral coletivo e a melhoria das condições do hospital, como a urgente criação de leitos e reforma do setor de necrotério. Reconhecendo a gravidade da situação, o governo do Rio Grande do Norte decretou estado de calamidade pública nas unidades de saúde do Estado, tendo por objetivo possibilitar o saneamento da crise, mediante a contratação emergencial de serviços em geral e de bens disponíveis, com vistas ao reestabelecimento da normalidade no atendimento à saúde pública, consistindo na reforma e ampliação de hospitais no Estado, criação de leitos e compra de medicamentos. A precariedade no sistema de saúde do país é mais do que evidente, mas o governo finge que tudo funciona na maior tranquilidade e eficiência, tanto que não cansa de fazer publicidade enganosa acerca da sua presteza, embora a sociedade enxergue de forma diferente. Ainda bem que o CRM/RN, não conseguindo conviver com o descaso na saúde, tratou de agir, tomando as medidas apropriadas ao caso, com pedido de socorro à Justiça, com a finalidade de solucionar grave questão que afeta não somente os doentes, mas também a classe médica, que não dispõe dos recursos materiais para exercer com dignidade a sua profissão. Muitos dos casos da falta de condições de atendimento na rede pública de saúde deveriam ser levados à Justiça, para que o governo seja obrigado a cumprir a Constituição Federal, com a disponibilização de recursos suficientes para suprir as deficiências no setor. Conviria que houvesse, não somente o saneamento da questão, mas também apuração de responsabilidades pela instalação do caos no serviço público, que fragiliza a população e não há punição para ninguém. Na verdade, não falta dinheiro para as obras da Copa e da Olimpíada, nem muito menos para as emendas dos parlamentares, ou até mesmo para outras banalidades sem importância social. A dignificação da vida tem sido cada vez mais difícil, porque falta sensibilidade das autoridades públicas para as prioridades da população. No tempo em que era oposição, esse governo tinha olhos de águia para enxergar as questões com a lupa da realidade que exigia a sua imediata solução, mas agora não adiante estrebuchar porque os tempos mudaram e para bem pior. É lamentável que, na atualidade, a sociedade somente poderá ter algum conforto proporcionado pelo Estado se recorrer à Justiça, na tentativa de, pelo menos, amenizar as dificuldades que assolam o sistema de saúde pública do país. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 23 de julho de 2012

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