quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sucateamento do ensino público

Tem sido impressionante a forma irresponsável e desinteressada com que o governo vem tratando a greve nas universidades federais, totalizando 58 instituições, paralisadas há exatamente 50 dias. Esse grave absurdo tratamento ao ensino público afeta diretamente mais de um milhão de alunos, muitos dos quais foram obrigados a adiar os sonhos da formatura e do primeiro emprego, devido à impossibilidade da comprovação do término do curso superior. Por seu turno, parcela da população carente também está sendo prejudicada pela falta do atendimento nos hospitais universitários e noutras clínicas, como a odontológica, que estão fechadas. É totalmente inadmissível que uma greve geral paralise as atividades de nada mais nada menos do que 58 universidades e 36 institutos federais e não consiga sensibilizar nem um pouco as autoridades envolvidas, que apenas demonstram reiterada passividade e pleno desinteresse em negociar e solucionar essa terrível situação, que vem causando sérios transtornos para as atividades acadêmicas e para muitas pessoas doentes que dependem de assistência nos hospitais universitários. É incompreensível que o Ministério da Educação assista esse descalabro sem esboçar qualquer iniciativa em busca de solução favorável para o problema. No caso específico, não é justo tachar o direito de greve como se fosse ato irresponsável e imaturo, máxime porque esse doloroso processo tem por finalidade precípua o aperfeiçoamento e a melhoria da qualidade do ensino superior no país e a satisfação no atendimento de população doente, que depende do atendimento daqueles hospitais. O notório desapreço do governo, no caso da educação, somente confirma sua falta de prioridade para com uma das principais políticas oficiais, que vem de há muito tempo sofrendo, juntamente com os demais programas, a exemplo da saúde, da segurança pública, do saneamento básico etc., verdadeiro sucateamento e desperdício de dinheiros públicos, justamente pela inexistência de compromisso com a eficiência e eficácia do funcionamento das instituições públicas, responsáveis pela prestação de serviços precários e de má qualidade. O ideal mesmo é que não fosse preciso a administração pública ter que enfrentar qualquer espécie de greve, caso houvesse justa harmonização das atividades desempenhadas pelos servidores públicos com os vencimentos compatíveis à sua importância, bem assim disponibilização de melhores condições de trabalho, como forma de valorização e de estímulo ao crescimento e beneficiamento da prestação dos serviços pelo Estado. Urge que o governo federal se conscientize sobre a relevante importância do ensino público e principalmente da necessidade da valorização do corpo docente das universidades federais, por ele ser base da formação acadêmica com qualidade e responsabilidade, em beneficio da sociedade e do progresso do país. Acorda, Brasil!      
                   
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 04 de julho de 2012

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