Tem sido
impressionante a forma irresponsável e desinteressada com que o governo vem
tratando a greve nas universidades federais, totalizando 58 instituições,
paralisadas há exatamente 50 dias. Esse grave absurdo tratamento ao ensino
público afeta diretamente mais de um milhão de alunos, muitos dos quais foram
obrigados a adiar os sonhos da formatura e do primeiro emprego, devido à
impossibilidade da comprovação do término do curso superior. Por seu turno,
parcela da população carente também está sendo prejudicada pela falta do
atendimento nos hospitais universitários e noutras clínicas, como a
odontológica, que estão fechadas. É totalmente inadmissível que uma greve geral
paralise as atividades de nada mais nada menos do que 58 universidades e 36
institutos federais e não consiga sensibilizar nem um pouco as autoridades
envolvidas, que apenas demonstram reiterada passividade e pleno desinteresse em
negociar e solucionar essa terrível situação, que vem causando sérios
transtornos para as atividades acadêmicas e para muitas pessoas doentes que
dependem de assistência nos hospitais universitários. É incompreensível que o
Ministério da Educação assista esse descalabro sem esboçar qualquer iniciativa
em busca de solução favorável para o problema. No caso específico, não é justo
tachar o direito de greve como se fosse ato irresponsável e imaturo, máxime
porque esse doloroso processo tem por finalidade precípua o aperfeiçoamento e a
melhoria da qualidade do ensino superior no país e a satisfação no atendimento
de população doente, que depende do atendimento daqueles hospitais. O notório
desapreço do governo, no caso da educação, somente confirma sua falta de
prioridade para com uma das principais políticas oficiais, que vem de há muito
tempo sofrendo, juntamente com os demais programas, a exemplo da saúde, da segurança
pública, do saneamento básico etc., verdadeiro sucateamento e desperdício de
dinheiros públicos, justamente pela inexistência de compromisso com a
eficiência e eficácia do funcionamento das instituições públicas, responsáveis
pela prestação de serviços precários e de má qualidade. O ideal mesmo é que não
fosse preciso a administração pública ter que enfrentar qualquer espécie de
greve, caso houvesse justa harmonização das atividades desempenhadas pelos
servidores públicos com os vencimentos compatíveis à sua importância, bem assim
disponibilização de melhores condições de trabalho, como forma de valorização e
de estímulo ao crescimento e beneficiamento da prestação dos serviços pelo
Estado. Urge que o governo federal se conscientize sobre a relevante
importância do ensino público e principalmente da necessidade da valorização do
corpo docente das universidades federais, por ele ser base da formação
acadêmica com qualidade e responsabilidade, em beneficio da sociedade e do
progresso do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de julho de 2012
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