Destacado
e célebre articulista do site IG teria levantando a tese segundo a qual o
presidente do Superior Tribunal Eleitoral e um ministro desta corte
arquitetaram e puseram em curso estratégia para o impeachment da presidente da
República, com alerta sobre a possibilidade de se encontrarem ligações entre a
Operação Lava Jato e a campanha eleitoral de 2014, ou seja, aquelas autoridades
estariam à procura, nas contas de campanha, de sinais de contaminação do Caixa
1.
Com
base nos documentos da prestação de contas do PT e da campanha da presidente da
República, ministros da Justiça eleitoral esperam encontrar elementos suficientes
para suscitar o terceiro turno da campanha presidencial.
Noutro
artigo o famoso jornalista levantou idêntica tese, com a suspeita de que o juiz
responsável pela Operação Lava Jato teria antecipado para 2014 a quebra do
sigilo das empresas do doleiro beneficiado com delação premiada, para facilitar
o fornecimento dos elementos para a Justiça eleitoral, com vistas a respaldar o
processo do impeachment da mandatária do país.
Causa
enorme perplexidade se perceber a insistência do articulista de manter acesa a luz
da discussão sobre o impeachment da presidente da República, tendo por base
absurdas suposições, sem a menor base para fundamentação.
É
muito estranho que ele insista em fornecer munição para ilações ao vento, que
não levam a absolutamente nada, porque os fatos apontados nos seus artigos
estão muito mais relacionados com o mundo do imaginário, por serem desprovidas
senão de artificialismo de pura irresponsabilidade profissional, certamente com
o propósito de avaliação sobre o sentimento da sociedade com relação ao
afastamento da presidente da República, em razão das denúncias de corrupções
que enlamearam a gestão dela.
Causa
espanto se perceber que os fatos citados pelo articulista, por si sós, não são
suficientes para suscitar as medidas capazes de provocar o afastamento da
presidente do cargo, mas, sem a menor dúvida, se o Brasil fosse um país com o
mínimo de seriedade, as graves denúncias sobre roubalheiras, somente na
Petrobras, já seriam mais do que suficientes para o afastamento dos cargos não
somente da presidente da República, mas de todos seus asseclas, indo até o
porteiro palaciano, porque os fatos são maculadores, à toda evidência, da
dignidade e da honorabilidade da administração pública, que passou a ser completamente
desacreditada e desmoralizada pelas pessoas cônscias sobre o verdadeiro senso de
honestidade e de probidade na aplicação de recursos públicos, não tendo a menor
possibilidade de o país ser governado por quem não teve capacidade para evitar
que o patrimônio da principal empresa brasileira fosse dilapidado justamente
por partidos, que, segundo os delatores da delação premiada, integram o governo
e a sua base de sustentação, em evidente ferimento aos princípios da
moralidade, legalidade e honestidade.
Impende
se ressaltar que, nos países minimamente sérios e evoluídos, com seu povo
conscientizado sobre o verdadeiro sentido do que seja moralidade, honestidade,
dignidade, responsabilidade e zelo pela coisa pública, não precisava haver
tsunami nem catástrofe na administração pública para o afastamento dos governos,
porque o simples fato da existência de fortes denúncias de irregularidades já
constitui elemento capaz de a sociedade desaprovar a continuidade do governo.
O
exemplo mais expressivo de afastamento de governante desmoralizado por
corrupção pode ser apontado o caso do ex-presidente alagoano, que teria se
beneficiado de valores equivalentes a roubos de galinhas (em apenas milhares de
reais), se comparados aos suntuosos valores desviados da Petrobras (em bilhões
de reais), fato que se torna ainda mais emblemático se se atentar que o
principal interessado, à época, pelo impeachment do alagoano foi exatamente o
PT, que atualmente se encontra no olho do furacão, mas não corre risco de
punição, porque conta com o importante apoio da maioria dos eleitores, que
consideram perfeitamente normais tanto a incompetência administrativa, a
exemplo do pífio desempenho das políticas econômicas, com o ridículo
crescimento do Produto Interno Bruto, as altas taxas de juros, o descontrole
das contas públicas, da inflação, das dividas públicas etc., como a
desmoralização decorrente das corrupções, principalmente as irregularidades que
tomaram conta das dependências da Petrobras e não tem prazo para sair tão cedo
de lá.
Compete
exclusivamente à sociedade, no âmbito do usufruto do Estado Democrático de
Direito, ter e manter o governo escolhido na forma democrática, pouco
importando suas qualidades político-administrativas, posto que os brasileiros
que apoiaram a governança atual, à luz da contextualização das precariedades
gerenciais da nação, merecem o governo que têm, justamente por terem optado por
sua continuidade, embora cientes da gravidade das mazelas e das deficiências da
sua gestão. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES