sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A prova dos nove nas eleições

O PSDB protocolou no Tribunal Superior Eleitoral pedido de auditoria, para verificar o resultado das eleições, sob a alegação de que há "uma somatória de denúncias e desconfianças por parte da população brasileira", motivada pela decisão do tribunal de só divulgar o resultado da eleição presidencial após a votação no Acre.
O ministro do Desenvolvimento Agrário afirmou que "É inacreditável e vergonhoso. O PSDB insulta a democracia e o povo brasileiro. É um desserviço à democracia e um desrespeito à vontade do povo", uma vez que "historicamente" o TSE respeita o fuso horário do Acre - três horas de diferença em relação a Brasília -, antes de divulgar o primeiro resultado parcial, com o objetivo de não induzir o eleitor que ainda não havia votado.
Outros petistas lamentaram o comportamento do PSDB, por ter apresentado pedido de auditoria ao TSE com base em boatos, sem prova de nada, fato que pretende negar a lisura dos ministros do TSE, e por ultrapassar os limites do respeito ao processo democrático, que se exige de todo e qualquer partido e por ser muito grave a ação movida pelo PSDB, porque ela tem a finalidade de alimentar um ambiente de tensão, com o objetivo de manter o clima de disputa e de acirramento.
Imaginam se o partido derrotado fosse o PT, com certeza ele não somente já teria pedido auditoria e acusado meio mundo por grave fraude, mas já havia impugnado os procedimentos inerentes à votação.
Nas republiquetas, é plenamente impossível haver auditoria nas eleições, porque as falcatruas são realizadas à luz solar e fica tudo por isso mesmo, como se fosse tudo normal, porém, nas nações evoluídas democraticamente, as auditorias fazem parte da transparência como mecanismo natural de aperfeiçoamento dos instrumentos político-democráticos.
É evidente que o estranhamento sobre pedido de investigação do processo eleitoral só pode fazer parte da retrógrada era do coronelismo político, que não se adequa ao salutar processo da modernidade democrática, como forma de contribuição aos saudáveis princípios democráticos e humanitários.
Não tem nada de inacreditável e vergonhoso no pedido em apreço, se confrontado com o teor do indigno vídeo que circula na internet, no qual consta que o ex-presidente da República petista diz em bom e alto tom que, verbis: “É por isso que nós temos que garantir a reeleição da Dilma. Olhe, Dilma! Eu vou lhe dizer uma coisa. Eles tentaram duas vezes me derrotar e não me derrotaram. Derrotaram no comecinho quando eu ainda estava meio... Eles não evitaram a gente te eleger, quando ninguém te conhecia. Eu vou te contar uma coisa: Eles não sabem. Eles não sabem o que nós seremos capazes de fazer. Eles não sabem. Eles não sabem o que nós seremos capazes de fazer. A fazer com que você seja a nossa presidenta por mais quatro anos nesse país.”.
Essa infeliz e grave declaração pronunciada em Pernambuco denuncia o quanto o partido governista teria sido realmente capaz de fazer de maldade para ganhar as eleições, inclusive fraudar as urnas eleitorais, por elas não serem absolutamente imunes à burla, principalmente quando já há predisposição do “todo-poderoso” anunciando sua capacidade de promover o que fosse possível e impossível para a candidata petista ganhar a eleição e isso ele deixou muito claro, tendo reiterada a sua disposição de fazer miséria para não perder as benesses do poder, a exemplo da truculência com que o partido conseguiu desconstruir as candidaturas pessebista e tucana, com a produção de muitas mentiras e invencionices que parcela expressiva da sociedade terminou acreditando.
À toda evidência, somente esse fato consistente em severas ameaças, prometidas diante de seleta plateia de políticos, já seria mais do que suficiente para o candidato derrotado exigir completa auditoria sobre o processo eleitoral, como forma de se confirmar ou não a lisura do resultado da votação, fato que não constitui nenhuma novidade, visto que as grandes democracias fazem normalmente, como os Estados Unidos da América, como forma de aperfeiçoamento democrático.
Além das revelações do petista, há ainda o clamor de quase a metade da sociedade que não compreende como a administração do país, tão mal conduzida e desmoralizada, poderia merecer a confiança nas urnas por eleitores, à vista da precariedade do gerenciamento das políticas públicas; da péssima prestação dos serviços públicos; do indigesto fisiologismo imperante na administração pública; da grave e preocupante crise da economia, com o crescimento do país atingindo o ridículo degrau zero, ou seja, crescimento de coisa nenhuma, fato que pode contribuir para o desemprego, a redução da renda dos trabalhadores, a drástica diminuição da arrecadação tributária, a incapacidade de investimentos público e privado, sem mencionar o descontrole das contas públicas, da inflação, das taxas de juros, das dívidas públicas e de tantas mazelas que estão contribuindo decisivamente para o subdesenvolvimento da nação, tendo como fator preponderante a falta de credibilidade do governo com o surgimento do tenebroso caso de corrupção da Petrobras, que assombrou o mundo com a sua audácia e grandiosidade, a ponto de comprometer a capacidade operacional da estatal e o seu patrimônio, que foi gravemente afetado com a ingerência palaciana na empresa, mediante o recriminável aparelhamento dela com políticos tecnicamente despreparados e muitos deles imbuídos do perverso sentimento de desvio de recursos dos cofres da estatal, conforme a própria presidente do país ter admitido, tanto que prometeu punir os culpados e promover o ressarcimento dos prejuízos.
Como se vê, o maléfico conjunto da obra do governo não recomendaria a sua recondução ao comando do país, por mais quatro anos, ante a temeridade pela experiência demonstrada nos últimos quatro anos, que foram capazes de demonstrar que o país decresceu, tendo perdido excelente oportunidade de dá salto de qualidade na prestação dos serviços públicos.
A sociedade entende que a auditoria nos procedimentos eleitorais tem toda pertinência, por se inserir no saudável processo de transparência integrante da modernidade democrática, permitindo se aquilatar não somente a existência de dolo na votação, mas sim a lisura no seu resultado, como forma de não deixar dúvida de que realmente a pequena maioria da sociedade quis mesmo que o país continuasse sendo administrado por governo desacreditado e desmoralizado, ante a desastrosa condução das políticas públicas, principalmente econômica, e a incidência de frequentes corrupções na administração pública. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 30 de outubro de 2014

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