Conforme
documento assinado por uma delegada da Polícia Federal, o tríplex do
ex-presidente da República petista, no condomínio Solaris, no Guarujá (SP), é
indicado como um dos imóveis com "alto
grau de suspeita" quanto à sua real titularidade.
No
organograma elaborado pelos policiais, a citada unidade residencial é
registrada como de propriedade da OAS, investigada por integrar o clube do
bilhão de empreiteiras da Petrobras e que já teve seus executivos, incluindo o seu
ex-presidente, condenados na Operação Lava-Jato, por crime de corrupção.
A
Policia Federal deflagrou a 22ª fase da Lava-Jato, que tem sob suspeita, entre
outras irregularidades, os imóveis do condomínio Solaris, construídos pela OAS,
que possam estar sendo utilizados para camuflar o pagamento de propina do
escândalo do petrolão, onde se encontra o apartamento de luxo de suposta
propriedade do ex-presidente petista, que é alvo de investigação, na citada
fase.
A
revista Veja revelou que, depois de
um pedido feito pelo ex-presidente ao então presidente da OAS, a empreiteira teria
assumido a construção de prédios da cooperativa, cujo pedido teria transformado
em favor e garantido a conclusão das obras nos apartamentos do ex-tesoureiro do
PT, enquanto outros cooperativados foram obrigados a ingressar na Justiça e
ainda aguardam para conseguir receber seus imóveis, diferentemente do que
aconteceu com a cúpula do partido, que apenas se valeu da influência pessoal de
importante político para receberem seus imóveis.
As
atividades da OAS e o estreito relacionamento da empreiteira com integrantes do
PT, mais especificamente com o ex-presidente, são objeto de investigação da
Promotoria de Justiça de São Paulo, a exemplo do processo que tramita independentemente
do escândalo de corrupção de que trata a Operação Lava-Jato, onde o petista será
denunciado por ocultação de propriedade.
Ao
que se tem conhecimento, a Bancoop - Cooperativa Habitacional de Bancários deu
calote em seus associados por meio do desvio de recursos para os cofres do PT, chegando
a ser quebrada em 2006, tendo deixado quase três mil famílias sem seus imóveis,
mas os petistas da cúpula, como o ex-presidente não teve o menor problema, porque
para os quais foram garantidos seus apartamentos, como é o caso do tríplex que
se encontra no olho do furacão, causando forte turbulência nos planos políticos
do petista-mor.
Com
o alistamento de vários apartamentos que seriam alvo de investigação, a Polícia
Federal destaca que "manobras financeiras
e comerciais complexas envolvendo a empreiteira OAS, a cooperativa Bancoop e
pessoas vinculadas a esta última e ao Partido dos Trabalhadores apontam que
unidades do condomínio Solaris, localizado na Av. Gal. Monteiro de Barros, 638,
em Guarujá-SP, podem ter sido repassadas a título de propina pela OAS em troca
de benesses junto aos contratos da Petrobras". Entre os imóveis
suspeito de irregularidade se encontra o tríplex que seria destinado ao
ex-presidente, que foi identificado como a unidade 164 da torre A.
A
suspeita dos procuradores de São Paulo é de uso dos imóveis em causa para
pagamento de propina, lavagem de dinheiro e criação de empresas offshore para
transferência deles para a cúpula do PT.
Embora a
transferência do apartamento não tenha sido lavrada em nome do ex-presidente,
isso não significa descartar que o imóvel não tenha sido reservado para ele,
porque as luxuosas reformas não teriam sentido se o interessado não fosse
alguém que estivesse visitando o imóvel, orientando e opinando quanto à
colocação de elevador e de outras importantes e profundas reformas, tudo ao
gosto pessoal do petista-mor e da digníssima esposa, que estiveram pessoalmente
no local, demonstrando seu interesse pela conclusão das obras.
Não há a
menor dúvida de que a investigação pretende chegar até o ex-presidente, para
que ele esclareça os motivos pelos quais a OAS teria investido tanto nesse
tríplex, com tanto esmero que certamente não seria possível se ele não se
destinasse para o petista, que, estranhamente não teria gasto um centavo do seu
bolso, porquanto as reformas foram bancadas pela citada empreiteira, em
demonstração de enorme apreço ao futuro proprietário, fato que se caracteriza
como muito estranho, em se tratando de operações no mundo capitalista, onde tudo
é feito visando ao lucro.
Embora o
próprio ex-presidente, os petistas e seus simpatizantes demonstrem extremo
inconformismo pelo fato de haver investigação sobre a suspeita de
irregularidade envolvendo figura da maior importância para o PT, é normal que,
no Estado Democrático de Direito, os fatos com denúncia de irregularidade sejam
devidamente investigados, como forma de se mostrar a verdade, independentemente
de quem tenha sido arrolado como envolvido, haja vista que não há ninguém acima
da lei que mereça o privilégio de não poder ser investigado, mas a apreensão se
torna bem maior porque o petista não pretende se curvar facilmente aos gentis cuidados
da eficiência do Ministério Público de São Paulo, para comprovar a sua
inocência desde o pedido para a OAS assumir as obras de construção dos
apartamentos até a benevolente reforma do questionado tríplex, como forma de
aperfeiçoamento dos princípios democrático e republicano.
Há toda evidência de que o tríplex em questão seria
destinado normalmente ao ex-presidente petista e à sua família, pela forma especial
do carinho como foram realizadas as reformas nele, incluindo a instalação,
pasmem, de elevador, justamente para se harmonizar com a importância do
proprietário, que o teria visitado, depois de ter sido especialmente preparado
para receber a família imperial, diga-se, presidencial, a título de deferência
e magnanimidade à altura da autoridade do seu proprietário, mesmo que isso implique
suspeição que jamais poderia deixar de ser devidamente investigada, em nome da
dignidade e da verdade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de fevereiro de 2016
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