domingo, 21 de fevereiro de 2016

Atentado à consciência cívica


O presidente do PT afirmou que o partido se manifestará contra o que chamou de "uma série de atentados ao estado democrático de direito" ocorridos durante as investigações da Operação Lava-Jato, a par de também rebater as críticas contra o ex-presidente da República petista.  
Ele disse que "São ilações sem fundamento, direcionadas a uma pessoa e contra todas as evidências. Há um risco efetivo de se gestar aqui um embrião do estado de exceção dentro do estado de direito", ao se referir sobre os modos de investigação usados recentemente e criticados por advogados.
O presidente do PT vem participando de reuniões com vistas à discussão sobre questões da economia do país e também como PT se posicionará em relação às investigações, na tentativa de formulação e análise de ideias, com base no recolhimento de opiniões dos petistas.
Segundo ele, as ideias serão levadas para decisão pelo diretório nacional do Partido, quando será produzido o conjunto de ações para a mobilização da militância e da sociedade.
O presidente do PT denominou de violações ao estado de direito as formas de atuação da investigação na Operação Lava-Jato, afirmando que "Elas já foram mencionadas na nota dos advogados e foram repetidas na mídia, prisão preventivas sem necessidade, abolição do habeas corpus, a inversão do princípio da presunção da inocência, delações forçadas, criminosos que depois de fazerem delações são transformados em heróis na mídia, um conjunto de circunstancias que não diz respeito apenas ao PT, mas à própria democracia do país".
Sobre as acusações de que um sítio usado pelo ex-presidente seria dele, o presidente do PT disse "são denúncias infundadas haja vista que o sítio tem escritura, tem nome de proprietário e o proprietário faculta a visita a este sítio a quem ele quiser, principalmente ao presidente Lula a quem um dos proprietários praticamente foi criado junto com Lula desde a sua infância. É uma denúncia que não faz nenhum sentido. As pessoas têm que provar que são inocentes. Embora a escritura esteja registrada em cartório em nome de outra pessoa, o presidente Lula é que tem que provar que não é dele. É uma inversão de valores, inversão dos fatos".
No caso específico dos imóveis questionados, não há dúvida de que as propriedades não estão realmente registradas no nome do presidente, mas os petistas fanatizados fazem questão de não enxergar que o cerne das suspeições de irregularidades tem base nos investimentos totalmente injustificados e indevidos feitos por empreiteiras e empresa de amigos nos aludidos imóveis, onde foram realizadas suntuosas reformas sob a orientação e a supervisão do ex-presidente e da sua mulher, sem que eles tenham participado com um centavo sequer nessas reformas.
Confirmando o interesse do ex-presidente nas mencionadas reformas, a revista Veja acaba de publicar diálogo entre executivos da OAS, confirmando contatos com pessoas ligadas ao petista, cuidando de detalhes sobre os trabalhos e preços pertinentes à execução de serviços nas cozinhas e a visita do “chefe” e da “madame”, que foram identificados, respectivamente, pelo ex-presidente a sua mulher, aos citados imóveis, em contato com o filho mais velho do casal, o que demonstra indiscutível ligação do petista às obras realizadas nas cozinhas do tríplex e do sítio, uma vez que as conversas se referiam exatamente à visita deles aos aludidos imóveis.
Como forma de não aceitar a realidade sobre os fatos em comento, que já é mais do que evidente, com a robusteza das provas materiais e testemunhais, o desespero dos petistas tem sido no sentido de acusar como sendo “farsa” e “perseguição” ao ex-presidente a forma como os fatos estão sendo veiculados pela mídia, por já fazer juízo de valor sobre eles, na tentativa de desmoralização do partido e do seu símbolo maior, para desgastá-lo ao máximo até a eleição de 2018.
Não há a menor dúvida de que os fatos relacionados aos imóveis em apreço trouxeram enormes preocupações para o PT, porque o seu principal trunfo para a próxima eleição foi envolvido num mar de casos nebulosos, com as reformas patrocinadas por empreiteiras sob investigações pela Operação Lava-Jato, dando a entender que o beneficiário o único beneficiário das obras magnânimas não seria outra pessoa senão ele próprio, por simples razão de sua influência, sem as quais seria totalmente impossível qualquer reforma nos imóveis com enorme vinculação a ele e disso somente quem não desconfia é o espírito de união de corpo dos fanatizados petistas, que somente conseguem enxergar os assuntos de seus interesses e de suas conveniências, em completo detrimento das causas nacionais.
Na verdade, seria até de muita preocupação se a situação pela qual vem passando o ex-presidente tivesse como protagonista político da oposição, que nem precisava ter a notoriedade que ele desfruta, certamente o PT já teria promovido a maior patifaria e carnificina possíveis e impossíveis, no sentido de exigir não apenas a devida investigação sobre a denúncia, mas a imediata prisão do envolvido e a eliminação dele da vida pública, como forma de sublimação do fato como lição exemplar.
É muito estranho que o presidente do PT considere atentado ao Estado Democrático de Direito a simples providência de se investigar, observado o ordenamento jurídico, fatos com suspeitas de graves lesões aos princípios da ética, moralidade, legalidade e dignidade, quando a relevância do cargo que ele ocupa recomendaria que fosse mais incisivo quanto à necessidade da aplicação do estatuto da investigação para todos os casos de denúncias de irregularidades, não importando as pessoas envolvidas, porque os conceitos democrático e republicano não compactuam com malfeitos, mesmo que os fatos arrolem lideranças nacionais, sob pena de haver grave mácula ao Estado Democrático de Direito.
Urge que os brasileiros se conscientizem sobre a necessidade da profunda e abrangente investigação sobre quaisquer fatos denunciados de possível irregularidade envolvendo a administração do país e os homens públicos, como forma de passá-los a limpo, mostrar a verdade, exigir a observância do princípio da transparência e, se for o caso, punir exemplarmente os culpados, na forma da lei, inclusive com a responsabilização quanto aos prejuízos causados ao erário, tendo em vista o atendimento aos tão ansiados desejos dos cidadãos de bem, dignos e honrados de moralização do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de fevereiro de 2016

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