quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O limite da incompetência


Com a visível piora das contas públicas e do pífio desempenho de outros indicadores da economia brasileira, dificilmente a equipe econômica conseguirá segurar a perda do grau de investimento pela agência de classificação de risco Moody's, que desembarcou no país para nova avaliação da situação econômica do país, justamente na véspera dos festejos momescos. 
A avaliação é de que o ministro da Fazenda terá o desafio de lidar com a desconfiança das agências de classificação de risco, com relação aos rumos que ele dará à condução da política econômica.
Caso seja confirmado o prognóstico sobre a sofrível situação econômica, será a terceira das grandes agências a retirar o grau de investimento do Brasil, em acompanhamento às agências Standard & Poor's e Fitch, que adotaram, no ano passado, idêntica medida.
E nem poderia ser diferente, depois da confirmação, há pouco dias, do injustificável e assombroso rombo de R$ 115 bilhões das contas públicas, as agências já deixaram muito clara a sua preocupação com a incapacidade de o governo brasileiro reduzir seus gastos, apesar das dificuldades da receita, que "não aparece".
A chegada da missão da Moody's se antecipa ao anúncio do corte do Orçamento da União e acontece depois da mudança de rota da política monetária pelo Banco Central, que houve por bem manter os juros em 14,25% a.a., quando, antes, sinalizava pela elevação da Selic.
Ainda como ministro do Planejamento, o atual ministro da Fazenda procurou minimizar o impacto da perda do grau de investimento pela Standard & Poor's, destacando que se tratava "apenas de uma avaliação" de uma agência importante, cuja postura foi bastante criticada pelo seu antecessor no cargo.
Por isso, agora, "Ele vai ter de lidar com essa desconfiança", ressaltou importante fonte da equipe econômica. 
Como se sabe, em dezembro último, a Moody's pôs a nota de crédito soberano do Brasil em revisão, que é o primeiro passo para avaliação sobre o possível rebaixamento da atual nota de “bom pagador” do país, que já se encontra no último nível dentro do grau de investimento. À época, segundo aquela agência, as complicações no cenário político pioram a tendência de crescimento da dívida do país.
Só que, de lá para cá, houve significativa piora dos indicadores, notadamente o endividamento público, que passou por forte crescimento em 2015 e ainda com tendência de alta nos próximos anos. A dívida pública e o seu perfil de composição são um dos principais dados observados pelas agências de classificação de risco. O Tesouro Nacional projetou piora do perfil da dívida para 2016 e previu que o quadro só deve melhorar nos próximos três anos.
          Na realidade, Somente o governo, o PT, os fanáticos e os oportunistas não perceberam ainda que a situação econômica do país é simplesmente dramática e lastimável, porquanto as principais agências de classificação de risco já entenderam, há bastante tempo, que é irreversível a falência múltipla das estruturas econômicas e do Estado brasileiro, que tem por meta a ideologia defendida pelo governo, apenas com a mentalidade voltada para o aumento do consumo, tendo por base as arcaicas e ultrapassadas políticas totalmente imunes às reformas modernizantes, com vistas à diminuição de tributos e encargos previdenciários e trabalhistas, à redução das taxas de juros, à facilidade para a retomada dos investimentos público e privado, entre outras medidas compatíveis com o ansiado desenvolvimento econômico.
O governo não percebe que os pacotes recheados de medidas contendo apenas ajustes e criação de tributos, visam, em última análise, mais sacrifício para o bolso dos brasileiros, que já estão sobrecarregados com tantos e insuportáveis encargos, e ainda padecendo com os maléficos efeitos da crise econômica, que os afeta diretamente, ante as dificuldades com a inflação e o alto custo de vida.
É verdade que o rebaixamento do grau de investimento não se trata "apenas de uma avaliação" de uma agência importante, mas sim de extrema penalização bastante prejudicial aos interesses do Brasil, por traduzir, em última análise, a injustificável mediocridade do desempenho do governo, na condução, em especial, das políticas econômicas, em cristalina demonstração de incapacidade de ter evitado o debacle econômico que é realidade nua e crua e que não pode ser disfarçada para ninguém, muito menos para os papas do mercado internacional, que enxergam os mínimos detalhes da pobreza na condução das políticas econômicas brasileiras e têm o dever institucional de reduzir o grau de “bom pagador”, em consonância com a realidade dos fatos, como forma de alerta aos investidores. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de fevereiro de 2016

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