segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O incensurável da República?



O presidente nacional do PT pediu aos integrantes da bancada petista na Câmara dos Deputados que promovam "defesa permanente" do ex-presidente da República petista.

A preocupação do presidente do PT diz respeito à necessidade de defesa enfática do ex-presidente, que está sendo investigado pelo Ministério Público Federal por suposta ocultação de propriedade de um tríplex e um sítio, reformados, respectivamente, pelas construtoras OAS e Odebrecht, cujos principais executivos dessas empreiteiras estão presos, por envolvimento no esquema de corrupção de desvio fraudulento de recursos da Petrobras, objeto das investigações da Operação Lava-Jato.

O presidente do partido afirmou que "Temos que fazer uma defesa permanente e diária do presidente Lula, que está sendo atacado. Temos que ter uma defesa permanente do presidente Lula, mesmo que ele não queira e relute".

Ele disse ainda que o partido fará "grande homenagem" ao petista-mor, no próximo dia 27, durante evento em comemoração pelo aniversário do PT. Ele deixou claro que "Não será um desagravo, porque não acreditamos que presidente Lula esteja agravado por esses canalhas que operam contra ele".

O presidente do PT disse que “Pedi aos deputados que, nos seus Twitters, nos seus Facebooks, nos pronunciamentos, denunciem qualquer tentativa de criminalizar o presidente Lula. O ataque ao presidente Lula é permanente pelo temor de que ele venha a ser candidato em 2018”.

Diante dos fatos, que são visivelmente graves, por se suspeitar da ocultação de patrimônio e de beneficiamento de reformas em imóveis da propriedade do ex-presidente, embora ele não assuma isso, as lideranças petistas demonstram nítido desespero pela iminência do envolvimento do seu maior líder, que acaba de assegurar que é o político mais honesto do país, em cuja afirmação os fanatizados acreditam piamente, não permitindo que os fatos sequer sejam devidamente investigados, por considerarem que o todo-poderoso seja incapaz de cometer o menor deslize, mesmo que as evidências sejam bem robustas, abrangentes e circunstanciadas.

A maneira como o presidente da agremiação expõe preocupação quanto ao envolvimento do petista-mor, pedindo intransigentemente a defesa da honra dele, inclusive classificando de canalhas os patrocinadores das ações movidas contra ele, deixa muito claro que o ex-presidente é absolutamente imune a qualquer suspeita sobre a prática de malfeitos, no dizer da presidente do país, estando acima de tudo e todos, inclusive das leis do país, constituindo verdadeira canalhice, para os petistas fanatizados, a tentativa de, ao menos, investigá-lo, que tem a finalidade de aquilatar a licitude ou não sobre os fatos denunciados, cuja investigação tem a finalidade de esclarecer definitivamente o episódio, evitando que a falta dessa medida eternize a dúvida em desfavor desse importante ho0mem público, fato que conspira contra os planos políticos dele.

Causam espécie as levianas alegações de petistas de que os ataques ao ex-presidente representam temor diante da possível volta dele, como candidato, em 2018, dando a entender que ele ainda tenha o cacife de presidencial imbatível, como se os inumeráveis casos de corrupção envolvendo o PT e o próprio petista, a exemplo do mensalão, petrolão etc., não tivessem carcomido parte expressiva do prestígio conquistado no governo dele, dando a entender que os brasileiros são um bando de imbecis, completamente insensatos e insensíveis às indignidades e à desmoralização dos saudáveis princípios da administração pública, a exemplo da transparência.

O que mais destoa dos petistas, em relação ao resto da sociedade, é a forma transversa como eles avaliam os fatos, sempre sob o enfoque da superioridade absoluta que somente pertence a eles, por terem incutido a ideia de que, em qualquer circunstância, eles são simplesmente imunes à censura e ao controle, por se posicionarem como verdadeiros intocáveis que estão acima de todos e até da lei, em contrariedade a princípio da Carta Magna que dispõe, de forma cristalina, que os direitos e as obrigações são garantidos em igualdade para os brasileiros, o que vale dizer que ninguém pode se julgar acima ou fora do alcance da lei, que não admite discricionariedade ou privilégio nem mesmo para os que forem considerados suprassumos ou endeusados por segmentos de fanatizados, que somente conseguem enxergar egoisticamente suas conveniências e seus interesses.

Os brasileiros têm o dever cívico de se conscientizar de que nenhum homem público ou partido político podem ser transformados em entes com o poder de superioridade, onipotência, prepotência como no caso da imaginação dos petistas, que se julgam sobrepostos no píncaro da dignidade, em supremacia até sobre os princípios constitucionais, na forma de suprassumo em perfeição que apenas eles são capazes de alcançar, sob a concepção de que somente seus integrantes são capazes de fazer tudo com correção e, ao mesmo tempo, impotentes para incorrer em erros ou maldades, por mínimos que sejam, além de se considerarem imunes a avaliação sobre seus atos, que são considerados intocáveis e incensuráveis, embora os fatos, em muitos casos, falem por si sós e até mostrando que o país se encontra mergulhado em graves crises ética, política, econômica, social e administrativa, graças à exacerbação da incompetência, inércia e desmoralização administrativas dos governos petistas.

Os petistas precisam se conscientizar, com o máximo de urgência, que as atividades político-partidárias modernas abominam e repudiam o populismo e o caudilhismo arcaicos e retrógrados, por não se harmonizarem com os princípios de civilidade, desenvolvimento, dignidade e respeito aos sagrados sentimentos das pessoas, que acreditam piamente na honestidade dos homens públicos, mas terminam se decepcionando com facilidade diante de deslizes protagonizados por eles, quando é gravemente constrangida a sua obrigação no exercício de cargos públicos eletivos, que deve se restringir, em respeito aos princípios da moralidade, verdade, legalidade e dignidade, ao exclusivo atendimento das finalidades pertinentes ao interesse público. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 08 de fevereiro de 2016

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