O
ministro da Saúde voltou a afirmar que o Brasil "perdeu feio" a batalha contra o mosquito Aedes aegypti, tendo
reconhecido que "Nós temos 30 anos
de convivência com o aedes aegypti aqui no Brasil. Disse e vou repetir, sem
querer culpar ninguém: acho que houve certa contemporização com o mosquito. Mas
agora a situação é completamente diferente. Além da dengue, o mosquito está
transmitindo chikungunya e zika (causadora da microcefalia)".
As
declarações do ministro foram dadas em entrevista após reunião dele com a
presidente brasileira, tendo explicado, na ocasião, que não teria levado puxões
de orelha da petista por conta das declarações polêmicas que vem dando sobre o
assunto.
O
ministro disse que "A situação é
grave, a situação é gravíssima. E nossa obrigação como agente público é dizer,
sem meias palavras, com toda a transparência, o que está acontecendo".
Ele defendeu que, diante da falta de vacinas e remédios para o combate às
doenças causadas pelo mosquito, o foco tem de ser no combate ao inseto, considerado
o "inimigo número um" do país.
O
ministro anunciou que o governo vai distribuir repelentes para aproximadamente
400 mil mulheres grávidas que fazem parte do cadastro no Bolsa Família.
O
ministro anunciou que cerca de 220 mil homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica
deverão fazer mobilização nacional, por meio de visitas a residências, para
orientar a população e chamar as pessoas para o combate ao mosquito e concluiu
dizendo que "Se a sociedade não
chamar para si a responsabilidade, nós não seremos vitoriosos", dando
a entender que o governo pretende transferir a responsabilidade pela execução
da saúde pública para a sociedade, esquecendo ele que é da exclusiva
incumbência do Estado essa importante missão constitucional, não podendo ela
ser delegada para quem não tem condições de comandar e executar as políticas
pertinentes.
Segundo
a mídia, a afirmação do ministro da Saúde de que o Brasil está perdendo a luta
contra o mosquito Aedes aegypti causou contrariedade no Palácio do Planalto,
por suscitar entendimento de que a frase do ministro passa a imagem de que o
governo não consegue reagir à epidemia de dengue e principalmente ao
crescimento do vírus zika.
Na
tentativa de não potencializar a imagem de governo incompetente e ineficaz, o
Palácio do Planalto estuda a adoção de estratégia de mobilização do país para
combater o mosquito, contando com o envolvendo da sociedade, como associações
comunitárias, igrejas, organizações civis etc.
Só
há uma forma de se evitar que os ministros fiquem dando vexame sobre vexame,
dizendo um monte de bobagens que desagradam o Palácio do Planalto, que seria a
presidente brasileira ter a sensibilidade, a sensatez e o zelo de formar seu
ministério com pessoas qualificadas, tecnicamente preparadas para a função para
o qual tenham sido designadas, com embargo do deprimente e indigno sistema do
fisiologismo consagrado pelo “toma lá, dá cá”, em que os atuais titulares dos
ministérios e das empresas estatais, inclusive o ministro da Saúde, se obrigam
à fidelização à presidente do país, para defendê-la no Congresso Nacional.
O ministro da saúde teve a dignidade de
reconhecer a total e indiscutível incompetência do governo, que demonstrou
completa incapacidade para combater o mosquito que está infernizando a vida dos
brasileiros.
Caso
o governo tivesse a consciência sobre a necessidade de formar seu ministério
com pessoas qualificadas, sem o uso do desgraçado sistema do toma lá, dá cá, em
que a ocupação de ministério implica a fidelização à presidente, certamente não
passaria pelo vexame de admitir que o país perdesse feio contra o aedes
aegypti, em clara demonstração de incapacidade para priorizar políticas de
saúde pública, deixando a população em polvorosa agonia, exatamente porque o
governo que tem a obrigação de propiciar e garantir saúde pública de qualidade
diz que foi vencido pelo mosquito, ficando a população simplesmente à mercê da
epidemia da atrocidade do aedes aegypti.
A
situação é tão crítica que, diante dos avanços científicos e tecnológicos, o
governo entrega os pontos, admitindo que fosse vencido pelo mosquito, quando no
início do século XX, sem os menores meios e condições, o sanitarista Osvaldo
Cruz foi capaz de erradicar a febre amarela, transmitido pelo mesmo mosquito do
zika vírus, agindo praticamente sem o apoio da sociedade, que não tolerava que
ele e sua tropa de choque invadissem suas casas, em verdadeira demonstração de
heroísmo e bravura que estão faltando nas autoridades públicas da atualidade, que
têm a incumbência constitucional e legal de promover a assepsia e o sanitarismo
do país.
É
lamentável que, em pleno século XXI, com os avanços da modernidade científica e
tecnológica, o governo brasileiro reconheça, de forma melancólica, a sua
incapacidade para cumprir importante função constitucional e legal de assegurar
saúde pública plena aos brasileiros, no tocante também ao combate ao aedes
aegypti, à vista dos fatos alarmantes e injustificáveis mostrados pela imprensa
de completa inépcia e omissão por parte do Estado. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de fevereiro de 2016
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