quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Despreso à nobreza política


 "Eu não penso em recriar a CPMF, porque eu acredito que não seria correto.".  Dilma Rousseff, presidente do Brasil (1º/09/2010)

Em campanha para continuar no comando do PMDB, o vice-presidente da República voltou a falar em unidade do partido, tendo ressaltado que as divisões entre setores da sociedade prejudicam o país e sentenciou: “Temos de ter responsabilidade com o país e por isso estamos propondo essa pacificação entre todos os setores da sociedade”.
Segundo o vice, o PMDB quer ajudar o país a sair das crises política e econômica e “O que está em pauta é o país, não é mais o partido ou o governo”.
Ele disse que a possibilidade de impeachment da presidenta do país perdeu força, tendo ressaltado: “Eu acho que perdeu força (o impeachment). Eu confesso que há tempos tinha mais força, consistência. Mas acho que hoje perdeu muito a consistência”.
Na ocasião, o vice-presidente defendeu a volta da abominável Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), dizendo que “Nós esperamos que esse diálogo prossiga, que haja convencimento da necessidade da CPMF. Mas, em princípio, se puder se evitar, bem, mas se não for possível, em caráter excepcional e transitório, é que se pode admitir.”.
O retorno dessa impopular contribuição foi defendido pela presidente do país durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, onde ela afirmou que a aprovação da CPMF é a melhor opção para solucionar os problemas do governo, no momento, e que a sua volta seria “rigorosamente temporária”.
Realmente, o impeachment perdeu força porque o partido do vice-presidente foi simplesmente conscientizado de que os cargos ocupados pelos políticos do MPDB nos ministérios e nas empresas públicas são muitíssimos mais importantes que os interesses nacionais, porque o afastamento da presidente do cargo diz respeito ao crime de responsabilidade fiscal por ela praticado, que será injustamente perdoado com o arrefecimento por parte dos congressistas, em especial os peemedebistas, diante da sua irresponsabilidade e em desprezo aos interesses nacionais, os quais, mais uma vez, prestam imprescindível contribuição ao recriminável e indigno princípio da impunidade, que foi instalado de forma vergonhosa em todos os segmentos da sociedade, com preponderância na administração pública, onde se verifica que a ocupante do cargo mais importante do país não é afastada porque os homens públicos entendem que o impeachment perdeu força e fica tudo como antes, no quartel de Abrantes, como se nada tivesse acontecido de grave contra a administração pública.
Por dever de justiça, é importante se destacar a importante característica de político sem o mínimo de firmeza e de caráter de opinião, incrustada na pessoa do presidente do PMDB, que foi o primeiro político a se manifestar contrariamente à recriação da famigerada CPMF, mas agora, de forma inexplicável e até decepcionante, ele a defende com a maior naturalidade, da mesma maneira como se aproxima da presidente do país, depois de ter reclamado dela, com veemência, por meio de carta fajuta e sem moral, com alegação que ele sempre teria sido rejeitado pela presidente brasileira, por não lhe atribuir qualquer tarefa ou missão importante, exatamente por não ter confiança nele e muito menos no partido dele.
Mas agora ele aparece, com a cara mais lisa, para pregar a perda da força do impeachment e a aprovação de mais indigesto tributo para sobrecarregar a já sacrificada sociedade, tudo em contrariedade aos princípios que ele defendia até há pouco tempo, em cristalina demonstração de falta de convicção sobre suas opiniões, fato que contribui para a sociedade repudiar seus procedimentos como homem público, que não tem personalidade alguma para ser representante do povo, que não pode confiar nem acreditar na palavra de quem tem duas ou mais caras, que são mostradas conforme as conveniências momentâneas.
Essa mudança de atitudes tem o condão de mostrar o real tamanho da sua inexpressividade como político, que tem a capacidade de mudar de opinião e convicção com extrema banalidade, tal qual como as nuvens mudam de posição, em clara demonstração que não merece um pingo de confiança da sociedade, na mesma forma como sempre fez a presidente do país, no dizer de suas palavras, ditas na lastimável carta, que seria recusada, agora, até mesmo pela lixeira, à vista da desmoralização de seus termos.
Diante desses fatos, urge que o Brasil seja passado a limpo, tendo como prioridade a abrangente assepsia da vida pública dos políticos destituídos de palavras e de caráter e sem personalidade, sob pena de nunca se conseguir que as atividades político-administrativas sejam exercidas sob os verdadeiros princípios da dignidade e da nobreza, como fazem os homens públicos dos países com o mínimo de civilidade e de responsabilidade sobre a real importância da valorização da representatividade emanada do povo, que precisa de consistência construtiva das ações oriundas dos políticos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de fevereiro de 2016

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