Um deputado paraibano do PSB, demonstrando enorme
inconformismo, criticou, com veemência, a atitude da Rede Globo de Televisão,
pela reportagem denominada Operação Andaime, veiculada pelo Fantástico, fazendo
graves denúncias sobre esquema criminoso de desvio de dinheiro público, em
municípios do interior da Paraíba.
Com relação aos fatos irregulares atribuídos à
administração de Cajazeiras/PB, ele declarou que há julgamento pela imprensa
nacional sem chance de defesa, haja vista que “Até agora a prefeita Denise não foi acusada de improbidade nem de ação
penal”.
Quanto à indagação do Fantástico sobre “Cadê o dinheiro que estava aqui?”, o
parlamentar responde com a confirmação de que “O dinheiro está na conta. O dinheiro não sumiu, está na conta”.
Segundo o socialista, a oposição de Cajazeiras está
tentando desgastar a prefeita, mas não vai conseguir porque ela tem o apoio da
maioria dos vereadores, tendo lançado o desafio de que “Quem quiser nos enfrentar nessa campanha que nos enfrente”.
O parlamentar ainda criticou a reportagem do
Fantástico com ironias, dizendo que o dinheiro sumiu, mas as obras foram
feitas. Isso é absurdo. É irresponsabilidade, porque, se a obra que não foi
feita, o dinheiro está na conta do município.
Ele concluiu sua indignação afirmando que essa
pergunta da reportagem “‘Cadê o dinheiro?’
é uma sacanagem”.
Causa
enorme perplexidade que, em pleno século XXI, ainda existam políticos míopes,
que somente conseguem enxergar aquilo que diz respeito aos seus interesses e às
suas conveniências políticas, porque a visão dele se antepõe à da história
mostrada pelo Fantástico, com entrevistas com prefeitos, procuradores,
políticos, empresário, além das obras absolutamente inacabadas, evidenciando o
verdadeiro descaso com a aplicação do dinheiro público, inclusive com enorme
possiblidade de ter havido desvio de parte dele.
No
caso específico das obras mostradas pelo Fantástico, o próprio dono da
"empresa" que ganhou as licitações já confirmou em bom português,
conforme foi publicado no programa, que não executou nenhuma delas, porquanto
apenas teve a imoralidade, ilegalidade, irresponsabilidade e indignidade de ter
participado do esquema de corrupção apenas para vencer as licitações, deixando
que a execução das obras ficasse sob a incumbência das administrações
municipais, ficando mais que cristalino que todo procedimento fraudulento
contraria frontalmente as normas da administração pública, no que se refere à
lisura, moralidade, legalidade e transparência na realização dos recursos
públicos.
O
próprio ganhador das licitações declarou que ele recebia o dinheiro no banco,
tirava a parte dele, embora tivesse prestado o serviço sujo de burlar o
processo licitatório, que é crime contra a administração pública, e repassava o
restante para os outros integrantes da quadrilha, participantes da deslavada
ladroagem, ficando devidamente caracterizada a forma espúria e inescrupulosa da
gestão dos recursos públicos, evidentemente com o respaldo de maus agentes
públicos.
Pode
até ser que alguma obra tenha sido realizada, mas as contratações mostradas
pelo Fantástico estavam incompletas, inacabadas e impróprias para as
finalidades para as quais elas foram objeto de licitação, que, induvidosamente,
padece do grave vício da irregularidade, por não atenderem aos salutares
requisitos da legalidade, que devem imperar na administração pública.
É
difícil de acreditar que um homem público, na qualidade que deveria ser de representante
do povo, tenha as descaradas insensibilidade e insensatez de defender atitudes
tão degradantes e indignas como as mostradas pelo Fantástico, por representarem
o que de pior se pode esperar de administradores públicos e de cidadãos
brasileiros, que têm a indecência de agir em conluio para desviar e se
beneficiar de recursos públicos, deixando comunidades carentes cada vez mais
sacrificadas, justamente pela privação de serviços públicos de qualidade e de
interesse social.
A
população dos municípios atingidas por ações vil, deletéria e prejudicial aos
seus interesses precisa, com urgência, criar vergonha na cara e repudiar, com o
máximo de veemência, as atitudes de extrema violência protagonizadas contra o
interesse das comunidades, de modo que os envolvidos e aqueles que os apoiam,
em indiscutível e vexaminosa cumplicidade, sejam obrigados ao ressarcimento dos
valores correspondentes aos prejuízos causados aos cofres públicos e definitivamente
punidos também com a sua eliminação da vida pública, para que o exemplo
disciplinar sirva de lição e de inspiração ao surgimento de homens públicos e
cidadãos de verdade, com dignidade e amor aos munícipes, procurando sempre
trabalhar em prol somente da construção de obras exclusivas e exatamente
custeadas com o dinheiro que é arrecadado com o melhor dos espíritos públicos,
em consonância com os princípios da ética, do decoro, da honestidade, da dignidade
e da transparência, como forma de se alcançar os tão ansiados aperfeiçoamento e
moralização da administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 18 de fevereiro de 2016
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