quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Grande injustiça não é..., mas sim...


Pela primeira vez, a presidente da República vem a público para defender seu antecessor das suspeitas de corrupção com os benefícios decorrentes das reformas em imóveis vinculados ao atual ou futuro usufruto dele.
Ela basicamente saiu-se pela tangente, ao afirmar meio cambaleante que "Acho que ele está sendo objeto de uma grande injustiça. Eu respeito muito a história do presidente Lula e tenho certeza de que este processo que será superado, porque acredito que o País, a América Latina e o mundo precisam de uma liderança com as características do presidente Lula".
No dia anterior, durante encontro realizado em São Paulo, a presidente e o seu padrinho político acertaram roteiro na tentativa de afastar a crise do Palácio do Planalto.
O ex-presidente é alvo da Operação Zelotes, que investiga esquema suspeito de "compra" de medidas provisórias em seu governo, enquanto o Ministério Público de São Paulo apura a suspeita de ocultação de patrimônio relacionada à compra de um tríplex.
Como complemento, a Operação Lava-Jato cuida de vasculhar as suntuosas benfeitorias executadas por empresas envolvidas no escândalo da Petrobrás em um sítio frequentado pelo petista e por sua família, em Atibaia/SP, em que pese ele afirmar que apenas usa o sítio para descansar, garantindo que não é dono desse imóvel.
Trata-se de defesa da presidente claramente para abrandar a ira do todo-poderoso diante do até então obsequioso silêncio do Palácio do Planalto, que teme atrair para dentro do governo o desgaste sobre os gravíssimos escândalos que o ex-presidente certamente nem imaginaria que um dia seria obrigado a se explicar, diante das reformas realizadas em imóveis com possível vinculação à pessoa dele, quando a sociedade já não suporta mais nem falar em casos de corrupção, pelo tanto que os petistas conseguiram inventar de irregularidades nas suas gestões, em clara demonstração de desmoralização das boas e salutares condutas na administração da coisa pública.
A presidente também se pronunciou sobre a ação de combate ao mosquito Aedes aegypti, em todo o país, tendo reiterado que o Brasil corre atrás de décadas de abandono na área de saneamento e que, "No passado ganhamos a guerra contra a febre amarela e vamos ganhar contra o zika (vírus).".
A presidente pediu não apenas às autoridades que se engajem nesse esforço, mas também à população, por considerar que dois terços dos criadouros do mosquito estão dentro das residências, lembrando que sua gestão está colocando toda a estrutura de pesquisa no sentido de assegurar, o mais rápido possível, vacina contra o zika vírus.
          Somente nas republiquetas, a autoridade da presidente do país tem a indignidade e a irresponsabilidade de entender que seja injustiça a investigação para verificar fatos suspeitos de irregularidade, em clara demonstração de defesa prévia do envolvido, fato que contraria, de forma extremamente insensata, a liturgia do cargo mais importante do país, em cristalina afronta aos princípios da impessoalidade, razoabilidade e dignidade.
Por mais respeito e gratidão que a presidente do país tenha por seu padrinho político, ela tem o dever constitucional e legal de se manter absolutamente isenta sobre os fatos que estão na fase de investigação, que não é de bom tom que ninguém fique tentando defender o que, em princípio, compete exclusivamente ao envolvido comprovar a sua inocência.
Não obstante, injustiça mesmo é o que esse incompetente governo vem fazendo com os brasileiros, ao contribuir decisivamente para essa terrível situação de desespero causada pela epidemia de dengue, graças à incapacidade administrativa da presidente, que nada fez nem faz para investir em saneamento básico e melhorar as estruturas sanitárias do país, cujas gravíssimas deficiências e mazelas da saúde pública são diretamente responsáveis pela dramática situação de sofrimento impingida aos brasileiros, a ponto de o governo correr, de forma desesperada, atrapalhada e com o mínimo de estrutura, porque faltam meios e condições indispensáveis para os testes adequados e pertinentes para a identificação e a prevenção da dengue, do zika vírus e do chikungunya.
Injustiça mesmo é o governo se omitir  e permitir que o país seja totalmente tomado pelo porcaria de mosquito e somente depois de muitas mortes e de insuportáveis sofrimentos e aflições causados pelo vírus do Aedes aegypti, haver mobilização que já deveria ter acontecido bem antes dos estragos contabilizados, que devem ser imputados à conta da sonolenta e incompetente administração petista, que tem sido completamente incapaz de priorizar as políticas públicas, à vista da precariedade da prestação dos serviços públicos, objeto da eterna insatisfação dos brasileiros.
Grande injustiça não é, em absoluto, pretender-se investigar supostos casos de corrupção envolvendo o ex-presidente de ter sido, possivelmente, beneficiado por generosas e magnânimas reformas em imóveis com suspeita de vinculação a ele, procedimento que faz parte da incumbência da Polícia Federal e do Ministério Público, mas sim a falta de saneamento básico que permitiu o mosquito infernizar, de forma enlouquecida, os brasileiros que não sabem como se defender da epidemia causada pelo vírus do Aedes Aegypti. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de fevereiro de 2016

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