Pela
primeira vez, a presidente da República vem a público para defender seu
antecessor das suspeitas de corrupção com os benefícios decorrentes das
reformas em imóveis vinculados ao atual ou futuro usufruto dele.
Ela
basicamente saiu-se pela tangente, ao afirmar meio cambaleante que "Acho que ele está sendo objeto de uma grande
injustiça. Eu respeito muito a história do presidente Lula e tenho certeza de
que este processo que será superado, porque acredito que o País, a América
Latina e o mundo precisam de uma liderança com as características do presidente
Lula".
No
dia anterior, durante encontro realizado em São Paulo, a presidente e o seu
padrinho político acertaram roteiro na tentativa de afastar a crise do Palácio
do Planalto.
O
ex-presidente é alvo da Operação Zelotes, que investiga esquema suspeito de
"compra" de medidas provisórias em seu governo, enquanto o Ministério
Público de São Paulo apura a suspeita de ocultação de patrimônio relacionada à
compra de um tríplex.
Como
complemento, a Operação Lava-Jato cuida de vasculhar as suntuosas benfeitorias
executadas por empresas envolvidas no escândalo da Petrobrás em um sítio
frequentado pelo petista e por sua família, em Atibaia/SP, em que pese ele
afirmar que apenas usa o sítio para descansar, garantindo que não é dono desse
imóvel.
Trata-se
de defesa da presidente claramente para abrandar a ira do todo-poderoso diante
do até então obsequioso silêncio do Palácio do Planalto, que teme atrair para
dentro do governo o desgaste sobre os gravíssimos escândalos que o
ex-presidente certamente nem imaginaria que um dia seria obrigado a se
explicar, diante das reformas realizadas em imóveis com possível vinculação à
pessoa dele, quando a sociedade já não suporta mais nem falar em casos de
corrupção, pelo tanto que os petistas conseguiram inventar de irregularidades nas
suas gestões, em clara demonstração de desmoralização das boas e salutares condutas
na administração da coisa pública.
A
presidente também se pronunciou sobre a ação de combate ao mosquito Aedes
aegypti, em todo o país, tendo reiterado que o Brasil corre atrás de décadas de
abandono na área de saneamento e que, "No
passado ganhamos a guerra contra a febre amarela e vamos ganhar contra o zika
(vírus).".
A
presidente pediu não apenas às autoridades que se engajem nesse esforço, mas também
à população, por considerar que dois terços dos criadouros do mosquito estão
dentro das residências, lembrando que sua gestão está colocando toda a
estrutura de pesquisa no sentido de assegurar, o mais rápido possível, vacina
contra o zika vírus.
Somente nas republiquetas, a autoridade
da presidente do país tem a indignidade e a irresponsabilidade de entender que
seja injustiça a investigação para verificar fatos suspeitos de irregularidade,
em clara demonstração de defesa prévia do envolvido, fato que contraria, de
forma extremamente insensata, a liturgia do cargo mais importante do país, em
cristalina afronta aos princípios da impessoalidade, razoabilidade e dignidade.
Por
mais respeito e gratidão que a presidente do país tenha por seu padrinho
político, ela tem o dever constitucional e legal de se manter absolutamente
isenta sobre os fatos que estão na fase de investigação, que não é de bom tom
que ninguém fique tentando defender o que, em princípio, compete exclusivamente
ao envolvido comprovar a sua inocência.
Não
obstante, injustiça mesmo é o que esse incompetente governo vem fazendo com os
brasileiros, ao contribuir decisivamente para essa terrível situação de
desespero causada pela epidemia de dengue, graças à incapacidade administrativa
da presidente, que nada fez nem faz para investir em saneamento básico e
melhorar as estruturas sanitárias do país, cujas gravíssimas deficiências e
mazelas da saúde pública são diretamente responsáveis pela dramática situação
de sofrimento impingida aos brasileiros, a ponto de o governo correr, de forma
desesperada, atrapalhada e com o mínimo de estrutura, porque faltam meios e
condições indispensáveis para os testes adequados e pertinentes para a
identificação e a prevenção da dengue, do zika vírus e do chikungunya.
Injustiça
mesmo é o governo se omitir e permitir que o país seja totalmente tomado
pelo porcaria de mosquito e somente depois de muitas mortes e de insuportáveis
sofrimentos e aflições causados pelo vírus do Aedes aegypti, haver mobilização
que já deveria ter acontecido bem antes dos estragos contabilizados, que devem
ser imputados à conta da sonolenta e incompetente administração petista, que
tem sido completamente incapaz de priorizar as políticas públicas, à vista da
precariedade da prestação dos serviços públicos, objeto da eterna insatisfação
dos brasileiros.
Grande injustiça
não é, em absoluto, pretender-se investigar supostos casos de corrupção
envolvendo o ex-presidente de ter sido, possivelmente, beneficiado por
generosas e magnânimas reformas em imóveis com suspeita de vinculação a ele,
procedimento que faz parte da incumbência da Polícia Federal e do Ministério
Público, mas sim a falta de saneamento básico que permitiu o mosquito
infernizar, de forma enlouquecida, os brasileiros que não sabem como se
defender da epidemia causada pelo vírus do Aedes Aegypti. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 17 de fevereiro de 2016
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