quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A promissora decadência


O Financial Times publicou matéria com o seguinte título: “Os Brics morreram. Vida longa aos Ticks’, sentenciando que as economias até recentemente consideradas promissoras dos Brics, constituídos por Brasil, Rússia, Índia e China, que estão sendo substituídos agora por quarteto de emergentes de alta tecnologia eletrônica, representados por Taiwan, Índia, China e Coreia do Sul, deixando a nítida impressão de que o país tupiniquim e a Rússia estão sendo levados pela enxurrada da incompetência administrativa, que desagua na maior crise econômica dos últimos tempos.
O que assombra a administração do Brasil é o descomunal rombo das contas públicas, que faz companhia ao desalentador crescimento das dívidas públicas, que contabilizam a contribuição da elevadíssima taxa de juros, que tem sido fator preponderante para impedir que o governo economize recursos para cuidar dos investimentos tão importantes para o desenvolvimento do país.
É mais do que urgente a necessidade de mudança nas estruturas do Estado, que não tem condições de recuperação em curto prazo e médio prazos, mas a mediocridade do governo somente enxerga o bolso dos contribuintes, que já estão saturados com o sacrifício da pesadíssima carga tributária, conquanto o desesperado administrador do erário vem defendendo tresloucadamente a recriação da famigerada CPMF, como única alternativa para minimizar os rombos nas contas públicas.
Lamentavelmente, o governo não consegue esboçar qualquer iniciativa ou estudo que leve ao racionamento das despesas públicas, principalmente com a reestruturação da máquina pública e do seu funcionamento, como forma capaz de contribuir para aperfeiçoar e modernizar o seu funcionamento, de modo a economizar e imprimir a tão ansiada modernidade dos serviços públicos, que insistem em prestar serviços da pior qualidade, em que pese a arrecadação do Estado ter o aprimoramento dos países desenvolvidos, em contraposição à miserabilidade imperante no atendimento às necessidades essenciais da população.
A situação do Brasil é realmente periclitante, em razão das precariedades predominantes nas estruturas do Estado, que está falido e precisa, com urgência, de reformulação, mas o governo padece de terrível fragilidade de credibilidade que não consegue aprovar nem mesmo as medidas indispensáveis à subsistência do Estado, em que pese ele ter loteado entre a sua base de sustentação, de forma espúria e inescrupulosa, à vista da exigência de fidelização ao Palácio do Planalto, ministérios e empresas estatais, como forma de se garantir no poder.
É evidente que o governo conta com o beneplácito do Parlamento, que também tem enorme dificuldade para enxergar os verdadeiros interesses dos brasileiros, que simplesmente anseiam por urgentes mudanças, em especial na gestão da coisa pública, ou seja, na administração do país, que já demonstrou fatal de vitalidade e total incapacidade para reverter o quadro caótico, exaurido diante do estado de prostração onde ele se encontra, diante da acefalia gerencial que se tornou crônica e prejudicial aos interesses nacionais.
As mudanças precisam ser processadas com base nos princípios republicano e democrático, em benefício dos brasileiros, em busca do fortalecimento das instituições e do governo, que precisam ser revigorados e revestidos de muita credibilidade, como forma de haver credenciamento à realização das mudanças indispensáveis à retomada do desenvolvimento social, político, econômico e administrativo, porque, na atualidade, nada ou quase nada funciona direito e com eficiência nesse país, o que se exige inovação abrangente na política e na administração, a começar pelo governo pelos seus arraigados trastes métodos, que são prejudiciais aos interesses nacionais.                              
Com absoluta certeza, o país se encontra em dramática situação muito pior que o resto do mundo, mas o governo petista, com seus aprendizes de feiticeiros ultrapassados e vencidos, conseguiu piorar ainda mais a situação, em grau inestimável, que é refletido na desastrosa recessão da economia, que tem forte reflexo no desemprego, na desindustrialização, na inflação alta, na taxa de juros elevadíssima, no crescimento incontrolável das dívidas públicas, na redução da arrecadação, na inexistência de investimentos em obras públicas, entre inumeráveis precariedades que estão contribuindo para a superretração da economia e do desenvolvimento, com graves consequências para as condições de vida dos brasileiros.
Quando o governo viu que tinha conseguido quebrar o país e resolveu criar pacotes contendo ajustes nas áreas fiscal e econômica, para, pelo menos, estancar um pouquinho a sangria do rombo nas contas públicas por ele provocado, prometeu contribuir, pasmem, com ridículos R$ 200 milhões, enquanto a cruel e impiedosa trombada no bolso dos contribuintes ascendia, somente com a abominável CPMF, à cifra de R$ 32 bilhões.
Acontece que o governo até poderia ter feito a parte dele logo após ao anúncio das medidas de contenção de gastos, mas a sua obrigação não atingiu sequer 10% do planejado, em demonstração do quanto ele não tem o mínimo de consciência cívica, responsabilidade e muito menos compromisso em contribuir para solucionar as graves dificuldades econômicas, em especial quanto à premência de reformulação das estruturas do Estado, que estão contribuindo para travar a retomada do crescimento econômico.
Veja-se que somente a reformulação do custo Brasil já seria enorme contribuição para a volta dos investimentos na produção, tendo como principais benefícios o emprego e a competitividade dos produtos nacionais.
Ou seja, ao invés de o governo ficar criando pacotes, mexendo em matérias fiscal e econômica, para penalizar ainda mais os trabalhadores, no caso os contribuintes com a recriação da famigerada CPMF, já bastante sacrificados com o ônus da pesada carga tributária, deveria primeiramente pensar na recuperação das empresas, das indústrias, que estão em processo falimentar, justamente por causa dos elevados custos tributário, previdenciário e trabalhista, juros elevadíssimos, entre outros componentes que tornam insuportáveis os sacrifícios para se manter em funcionamento as indústrias já sucateadas e sacrificadas com a impossibilidade de competitividade com a eficiente produção estrangeira.
Enquanto a mentalidade do governo não resolver mudar as estruturas arcaicas e ultrapassadas da administração e das demais estruturas do país, que não oferecem a menor condição de competitividade, por padecer com a prevalência de padrões gerenciais há muito tempo desprezados pelos países civilizados e cônscios sobre a necessidade do acompanhamento da evolução da humanidade, que cresceram com o aproveitamento dos avanços científico e tecnológico, o Brasil continuará no limbo do terrível subdesenvolvimento social, político, econômico, administrativo e democrático, tendo dificuldades para recuperar os prejuízos já contabilizados pela incompetência, inércia e ineficiência administrativas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de fevereiro de 2016

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