Em
pouco menos de dois anos, o ex-presidente da República petista teve vertiginoso
crescimento de rejeição, partindo de 17% para 47%, em evidente queda de
prestígio, conforme demonstra pesquisa do Datafolha, enquanto o percentual dos
brasileiros que o consideravam o melhor presidente do país despencou de 55%
para 39%.
Por
seu turno, as intenções de voto, com vistas à disputa de 2018, atingiram
índices baixíssimos de 22%, situando nove pontos atrás do principal candidato
tucano, o que significa enorme perda do prestígio conquistado no seu governo.
Segundo
os especialistas políticos, o momento de evidente desgaste político do petista
poderia ensejar a saída honrosa dele da vida pública, que não deixa de ser
tentadora, mas há quem entenda diferentemente, por achar que isso seja erro que
poderia prejudicar o próprio partido, decretando a morte da lenda do PT, que
também não subsistiria sem ele, que tem sido o todo-poderoso que ainda o mantém
atuando, mesmo mergulhado em sucessivos escândalos, todos sob a índole da
corrupção, a exemplo do mensalão e do petrolão, todos com a marca indelével da
desmoralização e da falta de ética na administração pública, em prejuízo dos
interesses da população, como no caso das atuais investigações sobre o próprio
símbolo do partido, que tem passado por fortes pressões, a ponto de recorrer à
presidente do país e a entidades e organizações sociais, para agirem no sentido
de socorrê-lo contra o que ele chama de massacres protagonizados pela Polícia
Federal e pelo Ministério Público, como se ele fosse incapaz e impotente de se
defender das acusações de ter se beneficiado de reformas irregulares em imóveis
vinculados ou sob o usufruto atual ou futuro, conforme evidenciam de forma
robusta provas testemunhais e documentais.
Não
obstante, a cúpula do PT insiste que o ex-presidente será seu candidato em
2018, não importando o resultado das investigações, mesmo que isso sirva somente
para que ele possa usar os palcos de campanha para se defender e contribuir
para salvar o seu partido da extinção, que se encontra ameaçado de acabar, caso
ele desista da luta política.
Não
há a menor dúvida de que a presente situação é gravíssima, porque há regra não
escrita no PT de que os pecados cometidos por petistas em nome dos interesses
da agremiação são toleráveis, compreensíveis e aceitáveis, como aconteceram nos
casos do mensalão e do petrolão, no que tange aos crimes praticados por
petistas, que jamais foram penalizados pelo partido, mas é muito diferente
desse magnânimo entendimento quando os casos de corrupção são cometidos em nome
pessoal, como é o caso do ex-ministro da Casa Civil, que se encontra preso e
ainda tem o desprezo e o isolamento do PT, diante das revelações de reformas em
casas de sua propriedade por lobistas.
O
ex-presidente se aproxima, de forma perigosa, do limiar de cair em desgraça, à
vista das fortes evidências que se avolumam de que empreiteiras objeto de
investigação pela Operação Lava-Jato teriam reformado o tríplex e o sítio,
principalmente este, que ele usa como sendo seu, embora esteja registrado em
nome de pessoas sócias de seu filho mais velho, numa triangulação
supercarregada de muita suspeição, quando envolve a figura do homem mais
honesto do país, dita por ele próprio.
É
evidente que o ex-presidente ainda tem bastante cacife no âmbito de seu
partido, que ainda mantém seu status
mítico dentro do PT, mas ele precisa, com urgência, comprovar sua inocência com
relação à carrada de denúncias que está sob os holofotes da Polícia Federal e
do Ministério Público, que são bastante incompatíveis com a dignidade ínsita
dos homens públicos, principalmente dele, que já foi presidente do país, por
dois mandatos, e teve aprovação recorde quando se despediu do Palácio do
Planalto.
Em
caso contrário, se ele não conseguir se salvar dessa avalanche de denúncias que
pesa sobre os ombros dele, é evidente que o prestígio dele poderá se afundar de
vez, salvo de seus eternos simpatizantes insistirem em endeusar como sendo o
verdadeiro deus, mesmo depois da comprovação das práticas de corrupção, que não
condizem com a dignidade que se exige nas atividades político-partidárias.
Independentemente
de se tratar de importante homem público, o ex-presidente precisa ser
investigado sim, diante de muitos fatos irregulares cuja responsabilidade é
atribuída a ele, que seriam capazes de macular por completo a sua reputação,
mesmo diante do seu direito constitucional da defesa prévia e do contraditório,
como forma de demonstração da inculpabilidade, mas o petista apenas alega que é
vítima em potencial, de ter sido acusado sem prova material, embora existam
testemunhas e vasta documentação sobre as reformas, às custas de empreiteiras,
no tríplex, que seria reformado para ele, e no sítio, onde ele frequenta com a
sua família, conforme relatório da Presidência da República atestando que ele
esteve nesse local por 111 vezes, desde 2012 até 11 de janeiro de 2016.
Os
fatos vindos à lume, por sua gravidade e o seu altíssimo grau de promiscuidade
envolvendo empreiteiras e homem público importante, precisam ser apurados com
profundidade e abrangência, para se aquilatar a verdade sobre as denúncias de
que se tratam, porque, ao contrário, haveria injustificável contribuição ao
abominável princípio da impunidade, que tem sido fator de incentivo à
corrupção, que não pode continuar prejudicando o patrimônio dos brasileiros e a
reputação dos homens públicos, que devem ser rigorosamente fiéis aos princípios
da ética, moralidade, legalidade, dignidade e transparência. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de fevereiro de 2016
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