terça-feira, 26 de julho de 2016

À espera da racionalidade


A presidente da República afastada fez discreto elogio pessoal ao atual ministro da Fazenda, embora tivesse aproveitado o ensejo para criticar a política econômica do governo em exercício.
Em entrevista à Rádio Capital, de São Paulo, a petista reivindicou para si a baixa da inflação e ainda disse que acredita na derrota do processo de impeachment, em curso no Senado Federal.
A presidente afastada disse que o ministro da Fazenda “é uma pessoa competente na área dele. Eu não considero que Henrique Meirelles representa este governo como um todo”, em justificativa por não o ter indicado para o seu Ministério da Fazenda, em que pesem insistentes sugestões nesse sentido por parte do ex-presidente da República petista.
Ela também aproveitou para criticar as propostas de redução de gastos com saúde e educação e disse que o governo interino está tratando a meta fiscal de 2016, que prevê déficit de até R$ 170,5 bilhões, como um “cheque em branco. Se sabe que o déficit não era deste tamanho”.
A presidente afastada disse ainda que o abrandamento da inflação vem ocorrendo graças às medidas adotadas no governo dela, ao assegurar que “As condições para a inflação cair foram sendo construídas durante meu governo”. Ela disse que o arrefecimento dos preços abre a possibilidade de queda dos juros.
Na entrevista, a petista repisou parte do script de conversas anteriores, tendo falado em crise internacional, condenando a tese do processo do impeachment dela como “golpe”, a par de tecer as críticas de sempre ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, responsável pela abertura do referido processo.
A petista, ao declarar que “Eu tenho divergências com Cunha desde quando ele assumiu a liderança do PMDB no meu primeiro mandato, ...”, assume que o processo de impeachment contra ela representa “vingança pessoal” do deputado fluminense e que a saída dele da presidência da Câmara vai diminuir o poder do grupo de aliados do parlamentar, que teriam pauta conservadora própria.
A presidente afastada disse que ainda acredita na reversão do placar do impeachment no Senado e que vai voltar à Presidência, no final de agosto, tendo prometido: “Quando voltar, vou ter de enxugar muita coisa. Tem muita coisa errada sendo feita”, principalmente em referência às propostas de cortes de recursos para a educação e a saúde, porque “Tenho uma obrigação e missão, porque o Brasil passou por uma ruptura democrática e sou responsável por colar isto de volta”.
O pouquíssimo tempo da interinidade do peemedebista na Presidência da República já é mais que suficiente para tranquilizar o mercado e os investidores, à vista das boas perspectivas na valorização da Bolsa de Valores, denotando que a capital estrangeiro está voltando, justamente devido à confiança no governo, que tem se esforçado para corrigir os graves erros deixados pela gestão petista.
Diante de tantos desastres e maldades da gestão da petista, a sua confiança em voltar ao Palácio do Planalto pode provocar sérios transtornos à tranquilidade que vem sendo conquistada, aos poucos e de forma segura, por meio de medidas que inspiram a interrupção das políticas desastradas na gestão dos recursos públicos, em especial no controle das contas públicas e na priorização das ações governamentais, que havia sido ignorados, em desprezo aos princípios da racionalidade e da responsabilidade, porquanto os gastos foram além das receitas, em evidente desrespeito às normas de administração orçamentária e financeira.
Não à toa que a presidente afastada está sendo processada no Senado por crime de responsabilidade, que é forma abusiva de gastos públicos, denominada pejorativamente de “pedaladas fiscais”, por representar subterfúgio para maquiar o registro contábil dos gastos públicos, o que significa que as contas não representavam a realidade quanto à possível déficit.
À vista das precariedades e dos danos causados aos brasileiros, no curso da gestão da presidente da República afastada, certamente que os brasileiros anseiam por que o bom senso e a racionalidade hão de prevalecer no julgamento do processo do impeachment, no sentido de que, para o bem da nação e do povo, os senadores vão decidir pelo definitivo afastamento de quem é responsável pela ruína que atingiu as entranhas da economia, cujos destroços de suas consequências são representados pela administração incompetente, omissa, impopular, insatisfatória e ineficiente, causadora de imensuráveis prejuízos aos interesses nacionais, à vista, entre outras estigmas, das deficientes e deletérias políticas econômicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de julho de 2016

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