O
prefeito da cidade do Rio de Janeiro disse, a poucos dias da abertura da
Olimpíada, que os jogos são “uma
oportunidade perdida”, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, tendo
ressaltado que as crises econômica e política e os recentes casos de corrupção
como prejudiciais às imagens daquela cidade e do Brasil.
Ele
foi enfático em afirmar ao periódico britânico que “É uma oportunidade perdida. Nós não estamos nos apresentando bem. Com
toda essa crise econômica e política, com todos esses escândalos, não é o
melhor momento para estar com os olhos do mundo voltados para nós. Isso é ruim.
Os Jogos Olímpicos são uma grande inspiração para que as coisas sejam feitas”.
Em
que pese o prefeito tenha reconhecido a “oportunidade
perdida”, ele se mostrou irritado com a imagem projetada do Rio de Janeiro no
exterior, em especial no que se relaciona com o vírus zika, por ter desencorajado
alguns atletas a participarem do maior evento esportivo do mundo, e a violência
na capital fluminense.
O
prefeito reclamou do exagero sobre os fatos publicados mundo afora, de que “Se você lê a mídia internacional, parece que
tudo por aqui é zika e pessoas atirando umas nas outras”, como se não
tivesse outro assunto para ser enfocado sobre a Cidade Maravilhosa.
Há
poucos dias, ele declarou à rede americana CNN que “o assunto mais sério do Rio”, a segurança pública, o governo
estadual “está fazendo um trabalho
terrível, horrível. O governo está falhando completamente em seu trabalho de
policiar e cuidar das pessoas”, deixando patenteado o estado desastroso da
segurança pública na cidade sede da Olimpíada, em contraposição aos princípios
de paz e harmonia primados pelo encontro de atletas do mundo, já quase
civilizado e livre dos horrores da falta de segurança.
Não
há a menor dúvida de que os aspectos abordados pela imprensa mundial, no que
dizem respeito principalmente à saúde e segurança de vidas humanas, são
realmente assombrosos e preocupantes, exatamente porque eles mexem com a
consciência das pessoas sensatas, que vivem em lugares cujos governantes têm
responsabilidade com o bem-estar das pessoas, em especial quanto à saúde e à segurança
públicas, que são indispensáveis para quem entende que isso já faz parte, há
bastante tempo, do mundo civilizado e evoluído, ante as conquistas históricas da
humanidade.
O
terrível e horroroso trabalho do governo pode e deve ser criticado normalmente
tanto por quem governa a cidade da Olimpíada como também pela imprensa mundial,
em benefício da verdade, principalmente, nesse particular, para alertar, com
absoluta propriedade, como é do seu primordial dever, que as situações de saúde
e segurança públicas são efetivas e realmente caóticas, calamitosas e
preocupantes, de modo a avisar, de forma zelosa e preventiva, às pessoas a
existência do iminente perigo e do risco de vida no desembarque à cidade que já
foi considerada mundialmente como “Maravilhosa”, evidentemente por suas belezas
naturais, que foram destruídas graças à ação e à força maléficas da
marginalidade, que possui quadrilhas extremamente preparadas para infernizar a
vida dos cariocas e dos turistas, que não se cansam de registrar os maus-tratos
e a insegurança, que, de maneira inexorável, fazem parte do dia a dia daquela
cidade.
Não
se trata de oportunidade perdida, como quer mostrar o prefeito da “Cidade
Maravilhosa”, mas de oportunidade que jamais deveria ter sido idealizada,
diante das ingente e montuosa necessidades da população, que vem padecendo, de
forma cruel, pela monstruosa incompetência dos administradores públicos, que
privilegiaram, de forma irresponsável, a Copa do Mundo de Futebol e a
Olimpíada, sem prévios estudos técnicos sobre os impactos, entre outros,
econômico-financeiros, quanto às prioridades da população, preferindo despejar
montanhas de recursos em obras absolutamente desnecessárias, inúteis e
dispendiosas.
À
toda evidência, os aludidos eventos não atendem ao interesse público, por não
satisfazerem às necessidades da população, e ainda desviaram e retiram recursos
de onde tem realmente carência, exatamente em razão da patente escassez de
recursos, cujas obras megalomaníacas contribuíram e vão continuar contribuindo
para dificultar ainda mais a vida dos brasileiros carentes, diante da falta de
dinheiro para novos projetos em seu benefício.
Realmente,
os eventos que nunca deveriam ter sido pensados antes da solução das carências
dos brasileiros, vão constituir oportunidade não perdidas, mas lamentáveis
diante de investimentos onde foram jogados pelos ralos do desperdício e da
incompetência dos homens públicos, que demonstraram infinitas insensatez e
irresponsabilidade, em assumir compromissos contrários ao interesse da
população, que tem sim prioridade quanto à prestação de serviços públicos
substanciosos e de qualidade, em contraposição às cristalinas precariedades que
são expostas tanto nacional como internacionalmente.
Diante
da demonstração do desvio de recursos públicos para obras estranhas ao
interesse público, é dever dos órgãos de controle e fiscalização, na forma da
competência constitucional e legal, apurar as responsabilidades pelos danos
causados aos brasileiros, de modo que os culpados possam ser condenados pelos
desperdícios de recursos, como forma de reparação dos danos apurados e da importante
precaução para se evitar a reincidência de casos futuros semelhantes, servindo
como lição pedagógica no sentido de os recursos públicos terem,
necessariamente, a aplicação prioritária em projetos e atividades relacionados
ao interesse público e ao bem comum da população, com embargo de obras e
eventos megalomaníacos contrários ao desenvolvimento socioeconômico. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de julho de 2016
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