sábado, 23 de julho de 2016

O deslustre do mito


O momento político brasileiro passa por incríveis possibilidades de transformação, ante o aproveitamento das chances surgidas com a debacle ocasionada com as desastradas gestões petistas, tendo a oportunidade de deixar de ser o país da incompetência e da impunidade, bem assim de ser celeiro da roubalheira e da corrupção, graças, em primeiro plano, ao julgamento do mensalão, que resultou na prisão de importantes políticos e executivos.
Desta feita, as questões começam com muito mais otimismo, graças às investigações sob a incumbência da Operação Lava-Jato, em que pese a sentida e injustificável presença no banco dos réus daquele que tem sido indicado como sendo o principal mentor dos esquemas de corrupção protagonizados nos governos petistas, tendo como marco o mensalão, mas isso poderá ser questão de tempo, à vista das denúncias que pesam sobre seus ombros, a exemplo do possível tráfico de influência, da suspeita de obstrução à Justiça e das reformas, à custa de empreiteiras e amigos, em imóveis relacionados a ele, cujas apurações se encontram em curso.
No caso do mensalão, o Supremo Tribunal Federal foi preciso no seu veredicto, tendo decidido, de forma acachapante, contrariamente sobre a tese defendida há muitos anos pelo ex-presidente da República petista e seus asseclas, quando repudiavam a existência do citado esquema de corrupção, preferindo acreditar em mera "conspiração das elites e da mídia golpista" etc.
          Fato é que, transcorridas décadas sendo sistematicamente bajulado, incensado, adorado, endeusado por legiões de políticos, artistas, intelectuais, interesseiros e aproveitadores, o todo-poderoso se encontra, na atualidade, no ostracismo e no isolamento do mundo político, sendo ainda apenas paparicado por correligionários, sindicalistas e assemelhados, em que pese ainda desfrutar de prestígio por parte de seu fiel eleitorado, fruto dos programas de distribuição de renda, em especial do Bolsa Família, que foi transformado em programa populista com viés eleitoreiro, com o exclusivo cuidado de beneficiar os projetos petistas de dominação absoluta e de perenidade no poder. 
Não era segredo para ninguém que o culto à personalidade do ex-presidente chegou a atingir níveis elevadíssimos, tendo superado até mesmo os maiores presidentes brasileiros, como Getúlio Vargas, na sua melhor fase no governo, transformando-se em verdadeiro mito popular.
Ao que tudo indica, à luz dos acontecimentos nefastos vindo à tona por meio das investigações promovidas pela Operação Lava-Jato, o envolvendo em esquema de propina, o mito perde seu lustre e começa a desbotar, diante da realidade que gerações de ingênuos e maus-informados podem ver agora, com a devida clareza, que seu todo-poderoso ídolo tem pés de barro e todos podem perceber que o rei está ficando nu, como a famosa fábula de que todos enxergavam pela visão do próprio rei.  
É verdade que muitos analistas políticos já chegaram a qualificar o petista como gênio, que teve o poder de conquistar não só o Brasil, mas também o mundo, justificando o seu poder de enganar por tanto tempo a quase todos, como sendo o gênio da política, aquele que foi capaz de maquiar a verdade que agora não resiste aos fatos verdadeiros, que podem desmascará-lo de vez e confirmar a maior farsa política da história republicana, que teve o artificioso poder  de manobrar e dominar a classe política, a justificar para si mesmo o fato de se ter deixado enganar por tanto tempo com a máscara do todo-poderoso. 
Na verdade, não se trata de gênio na política, mas sim de político com mais esperteza que os outros, que soube aproveitar a boa-fé de incautos e ingênuos, dando em troca algumas benesses que seriam de uma forma ou de outra pura obrigação do Estado, a exemplo da Bolsa Família, cujo programa foi transformado em estratégia político-partidária, com viés populista e eleitoreiro, em benefício de suas artimanhas político-partidárias.
Os fatos mostram que o petista se beneficiou do populista estratégico, de poucas cultura e inteligência, que teve a felicidade de se deparar com o povo nada politizado e a elite intelectual ávida pelo endeusamento de personagem populista e demagógica. 
Ninguém consegue encontrar como legado do petista-mor o conjunto de palavras sábias, alguma frase marcante ou mesmo análise mais abrangente sobre determinado assunto, que sirvam de exemplo para as gerações, salvo muitos e surrados chavões ditos e repetidos por intelectuais esquerdistas, sem nenhuma possibilidade de contribuição para a história política do país.
Não se pode olvidar o fato de que o ex-presidente se houve com extrema incoerência, ao se aliar, sem o menor escrúpulo, mas por ostensiva conveniência política, com os piores políticos brasileiros, quando passaram a ser seus fiéis aliados e ardorosos defensores, quando os mesmos homens públicos eram tachados por ele como corruptos, desonestos, picaretas e outros adjetivos impublicáveis. 
Causa estranheza a ironia de o petista ser criação das elites, mas é justamente a classe social e a burguesia que ele adora acusá-las de odiar o PT - evidentemente por eles não rezarem na cartilha ideológica petista - e de ser contrários à pobreza, que, segundo ele, esta tem o cuidado e o zelo dos governos petistas, à vista da distribuição de renda, como se esse programa fosse mantido e custeado com recursos próprios dos petistas e não dos contribuintes.
O certo é que nas elites surgiram aqueles que externaram seu ardoroso devotamento, ao chamá-lo de “nosso guia” e de declará-lo de Deus, naturalmente diante do seu poder e da sua influência, que a todos comanda, orienta e ordena, sem qualquer questionamento. 
À vista das mediocridades política e administrativa, com evidência na gestão petista e nas investigações objeto da Operação Lava-Jato, onde não existem mais o deslumbre da ilusória propaganda sobre superfluidade e o brilho reluzente do poder, muitos daqueles que um dia acreditaram piamente no ex-presidente redentor dos brasileiros, agora aguardam, temerosos e acabrunhados, os resultados das investigações sobre os fatos denunciados, envolvendo o petista, como forma de se manter o seu endeusamento ou, ao contrário, o definitivo sepultamento político dele. 
Os fatos mostram, com indiscutível robusteza e materialidade, que o país contabiliza gigantescos prejuízos, em termos de competência, moralidade, economicidade, legalidade, honorabilidade e dignidade, por ter a sua administração sob as maléficas ideologias socialista e populista, em completo desprezo à priorização das eficientes políticas públicas capazes de fomentar a racionalidade, modernidade e integralidade das instituições do Estado, como forma de atender, com exclusividade e efetividade, ao interesse público. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES                         
          Brasília, em 23 de julho de 2016

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