quinta-feira, 7 de julho de 2016

Golpe de mestre?


Em entrevista à revista alemã Der Spiegel, o ex-presidente da República petista fala sobre as crises política e econômica do Brasil, tenta rebater as acusações de corrupção, defende a presidente da República afastada e critica a atuação do presidente interino.
O petista disse à revista que o processo de impeachment da petista se caracteriza como ato de vingança do presidente afastado da Câmara dos Deputados, que teria ficado insatisfeito por não o “... ajudamos quando foi acusado de corrupção.".
O ex-presidente reforçou também o entendimento de que ainda não foi provado nenhum crime cometido pela presidente afastada, ao afirmar que "Essa coisa toda com o orçamento não passa de uma acusação barata. Quem está insatisfeito com o resultado das últimas eleições deveria esperar pelas próximas. Uma mudança abrupta não faz bem para o país.".
O petista entende que são boas as chances de que o impeachment não se concretize, porque seria necessário conseguir o apoio de apenas mais seis senadores.
Ele fez duras críticas ao presidente interino, afirmando que o peemedebista "cometeu muitos erros. Ele se comporta como Fidel Castro, que se instalou em Havana com seus guerrilheiros. Temer parece acreditar que ficará no poder por 70 anos. Ele trocou o comando de todos os postos importantes, dos ministérios, do Banco Central, da Petrobras. Ele é absurdo. Se a Dilma de fato voltar, vamos precisar de meio ano para contratar e dispensar gente de novo".
O ex-presidente apontou a desaceleração econômica e a "sociedade cada vez mais polarizada" como fatores que levaram ao processo de impeachment, tendo afirmado que "Tudo isso se refletiu num Parlamento que não apenas bloqueou todos os projetos de lei do nosso governo, mas que também espreitava uma oportunidade de expulsar o PT, depois de quase 14 anos, do poder. Parece que a democracia incomoda uma parcela da sociedade", fazendo clara alusão às "elites conservadoras.".
O petista afirmou que a mídia, mais especificamente a TV Globo, o taxou de corrupto, ao afirmar que ele possui dois imóveis, apesar de ele não ser o proprietário deles: "Eles querem me desmoralizar perante à opinião pública.”.
Ele disse que "Não tenho medo da prisão. Preocupa-me muito mais o fato de, na nossa democracia, parecer ser possível se tornar uma vítima de mentiras desse tipo.".
O ex-presidente afirmou que os casos de corrupção estão vindo à tona graças ao PT, que estabeleceu as bases legais para isso nos últimos anos: "A crise é um sinal de que o Brasil avançou na luta conta a corrupção (...) Um dia teremos orgulho do que está acontecendo no momento.".
O ex-presidente negou ter tentado escapar das garras do juiz de primeira instância, como supõem seus adversários, quando foi nomeado ministro da Casa Civil, tendo esclarecido não ter feito nada de errado e destacou que já havia sido convidado pela petista para assumir o cargo no ano passado: "Eu achava que não havia lugar para dois presidentes no Palácio do Planalto, e recusei", ou seja, ele reconhece que a sua participação no governo não era de ministro, mas sim de presidente, quando afirma a falta de espaço para a presidente do país e ele, como sendo também presidente.
Ele alegou que, com a piora da crise, seus aliados o teriam pressionado a tentar "afastar o impeachment. Eu não abandono uma companheira somente para salvar minha própria reputação".
A entrevista em comento deixa muito claro a verdadeira personalidade do ex-presidente, que, entre muitas insinceridades, não teve o menor escrúpulo de atacar seu fiel admirador cubano como aquele ditador que se apoderou da ilha caribenha com seus guerrilheiros, com extrema violência, atropelando os saudáveis princípios da sensatez e da civilidade, fato este que contraria  sentimento de amizade sincera e de extrema subserviência ao grande tirano sanguinário caribenho, para compará-lo ao presidente interino, só porque houve o afastamento dos principais petistas do comando da nação, como se o peemedebista fosse obrigado a governar o país com o assessoramento de pessoas estranhas e inimigas.
O ex-presidente não teve, em momento algum, a menor humildade de reconhecer os monstruosos erros da gestão petista, que foi causadora de desastrosas incompetência, omissão e insensibilidade para com os problemas nacionais, que são refletidas nos horrorosos indicadores do governo petista, notadamente no que se refere aos econômicos, com a recessão e os sofríveis resultados da produção e do desemprego.
Também é de estarrecer a afirmação do petista de que o país avançou na luta contra a corrupção, quando o partido dele teve a iniciativa de instituir e potencializar a corrupção na administração pública, a exemplo do mensalão e petrolão, que cresceram e nutriram exatamente na gestão petista, principalmente sob a batuta de seus notáveis delinquentes, muitos dois quais se encontram presos, diante da constatação da prática de graves irregularidade com recursos públicos.
A grande dificuldade do ex-presidente, como ele sempre declara com total sinceridade, é enxergar a realidade dos fatos, como nesse caso do impeachment da presidente afastada, que evidência crime de responsabilidade praticado por ela, conforme o veredicto, até agora, do Congresso Nacional, secundado por manifestações do Supremo Tribunal Federal, que não vislumbrou, nos questionamentos submetidos ao seu crivo, qualquer indício de irregularidade capaz de macular as apreciações e as votações dos congressistas sobre os fatos que o ex-presidente e demais petistas insistem em ignorar, evidentemente por extrema conveniência política.
No caso da nomeação do ex-presidente para o cargo de ministro da Casa Civil, ele não viu qualquer irregularidade quanto à tentativa de obstrução dos trabalhos da Justiça, com relação às investigações das denúncias contra ele, mas a Excelsa Corte de Justiça enxergou com muita clarividência a manobra com essa finalidade, tanto que impediu que ele tomasse posse na vigência do ato, que foi posteriormente revogado com o afastamento da presidente.
A sociedade precisa avaliar o caráter dos homens públicos tupiniquins, que normalmente têm, no mínimo duas faces, a verdadeira e aquela exposta às atividades públicas, que é maquiada ao sabor das conveniências e apresentada sempre em razão das defesas dos interesses pessoais e partidários, em demonstração de total indiferença com a verdade e as causas nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
        Brasília, em 07 de julho de 2016

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