Em entrevista à revista alemã Der Spiegel, o
ex-presidente da República petista fala sobre as crises política e econômica do
Brasil, tenta rebater as acusações de corrupção, defende a presidente da
República afastada e critica a atuação do presidente interino.
O petista disse à revista que o processo de
impeachment da petista se caracteriza como ato de vingança do presidente
afastado da Câmara dos Deputados, que teria ficado insatisfeito por não o “... ajudamos quando foi acusado de corrupção.".
O ex-presidente reforçou também o entendimento de que
ainda não foi provado nenhum crime cometido pela presidente afastada, ao
afirmar que "Essa coisa toda com o
orçamento não passa de uma acusação barata. Quem está insatisfeito com o
resultado das últimas eleições deveria esperar pelas próximas. Uma mudança
abrupta não faz bem para o país.".
O petista entende que são boas as chances de que o
impeachment não se concretize, porque seria necessário conseguir o apoio de
apenas mais seis senadores.
Ele fez duras críticas ao presidente interino, afirmando
que o peemedebista "cometeu muitos
erros. Ele se comporta como Fidel Castro, que se instalou em Havana com seus
guerrilheiros. Temer parece acreditar que ficará no poder por 70 anos. Ele
trocou o comando de todos os postos importantes, dos ministérios, do Banco
Central, da Petrobras. Ele é absurdo. Se a Dilma de fato voltar, vamos precisar
de meio ano para contratar e dispensar gente de novo".
O ex-presidente apontou a desaceleração econômica e
a "sociedade cada vez mais
polarizada" como fatores que levaram ao processo de impeachment, tendo
afirmado que "Tudo isso se refletiu
num Parlamento que não apenas bloqueou todos os projetos de lei do nosso
governo, mas que também espreitava uma oportunidade de expulsar o PT, depois de
quase 14 anos, do poder. Parece que a democracia incomoda uma parcela da
sociedade", fazendo clara alusão às
"elites conservadoras.".
O petista afirmou que a mídia, mais especificamente
a TV Globo, o taxou de corrupto, ao afirmar que ele possui dois imóveis, apesar
de ele não ser o proprietário deles: "Eles
querem me desmoralizar perante à opinião pública.”.
Ele disse que "Não
tenho medo da prisão. Preocupa-me muito mais o fato de, na nossa democracia,
parecer ser possível se tornar uma vítima de mentiras desse tipo.".
O ex-presidente afirmou que os casos de corrupção
estão vindo à tona graças ao PT, que estabeleceu as bases legais para isso nos
últimos anos: "A crise é um sinal de
que o Brasil avançou na luta conta a corrupção (...) Um dia teremos orgulho do que está acontecendo no momento.".
O ex-presidente negou ter tentado escapar das
garras do juiz de primeira instância, como supõem seus adversários, quando foi
nomeado ministro da Casa Civil, tendo esclarecido não ter feito nada de errado
e destacou que já havia sido convidado pela petista para assumir o cargo no ano
passado: "Eu achava que não havia
lugar para dois presidentes no Palácio do Planalto, e recusei", ou
seja, ele reconhece que a sua participação no governo não era de ministro, mas
sim de presidente, quando afirma a falta de espaço para a presidente do país e
ele, como sendo também presidente.
Ele alegou que, com a piora da crise, seus aliados
o teriam pressionado a tentar "afastar
o impeachment. Eu não abandono uma
companheira somente para salvar minha própria reputação".
A entrevista em comento deixa muito claro a
verdadeira personalidade do ex-presidente, que, entre muitas insinceridades,
não teve o menor escrúpulo de atacar seu fiel admirador cubano como aquele
ditador que se apoderou da ilha caribenha com seus guerrilheiros, com extrema
violência, atropelando os saudáveis princípios da sensatez e da civilidade, fato
este que contraria sentimento de amizade
sincera e de extrema subserviência ao grande tirano sanguinário caribenho, para
compará-lo ao presidente interino, só porque houve o afastamento dos principais
petistas do comando da nação, como se o peemedebista fosse obrigado a governar
o país com o assessoramento de pessoas estranhas e inimigas.
O ex-presidente não teve, em momento
algum, a menor humildade de reconhecer os monstruosos erros da gestão petista,
que foi causadora de desastrosas incompetência, omissão e insensibilidade para
com os problemas nacionais, que são refletidas nos horrorosos indicadores do
governo petista, notadamente no que se refere aos econômicos, com a recessão e
os sofríveis resultados da produção e do desemprego.
Também é de estarrecer a afirmação do
petista de que o país avançou na luta contra a corrupção, quando o partido dele
teve a iniciativa de instituir e potencializar a corrupção na administração
pública, a exemplo do mensalão e petrolão, que cresceram e nutriram exatamente
na gestão petista, principalmente sob a batuta de seus notáveis delinquentes,
muitos dois quais se encontram presos, diante da constatação da prática de graves
irregularidade com recursos públicos.
A grande dificuldade do ex-presidente,
como ele sempre declara com total sinceridade, é enxergar a realidade
dos fatos, como nesse caso do impeachment da presidente afastada, que evidência
crime de responsabilidade praticado por ela, conforme o veredicto, até agora,
do Congresso Nacional, secundado por manifestações do Supremo Tribunal Federal, que não vislumbrou,
nos questionamentos submetidos ao seu crivo, qualquer indício de
irregularidade capaz de macular as apreciações e as votações dos congressistas
sobre os fatos que o ex-presidente e demais petistas insistem em ignorar,
evidentemente por extrema conveniência política.
No caso da nomeação do ex-presidente
para o cargo de ministro da Casa Civil, ele não viu qualquer irregularidade
quanto à tentativa de obstrução dos trabalhos da Justiça, com relação às
investigações das denúncias contra ele, mas a Excelsa Corte de Justiça
enxergou com muita clarividência a manobra com essa finalidade, tanto que
impediu que ele tomasse posse na vigência do ato, que foi
posteriormente revogado com o afastamento da presidente.
A sociedade precisa avaliar o caráter dos homens públicos
tupiniquins, que normalmente têm, no mínimo duas faces, a verdadeira e aquela
exposta às atividades públicas, que é maquiada ao sabor das conveniências e apresentada
sempre em razão das defesas dos interesses pessoais e partidários, em
demonstração de total indiferença com a verdade e as causas nacionais. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de julho de 2016
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