segunda-feira, 4 de julho de 2016

Exemplos de gastos supérfluos


         Conforme matéria publicada na imprensa, o Ministério da Defesa estuda a possibilidade de aumentar a quantidade de militares das Forças Armadas no Rio de Janeiro, enquanto se realiza a Olimpíada, naquele estado.
O compromisso já firmado entre as autoridades havia estabelecido a participação de 38 mil militares, para a prestação de segurança pública durante os jogos olímpicos, sendo que 20 mil homens trabalham nos quartéis do Rio de Janeiro, mas o governo do Estado considerou necessário mais apoio de militares.
As Forças Armadas estão estudando o pedido em apreço, cuja decisão diz respeito à competência constitucional do presidente da República, tendo por base as avaliações estratégicas sobre as condições de trabalho da tropa, principalmente quanto à forma, se total ou parcial com relação ao efetivo solicitado, e ainda sobre a responsabilidade dos custos decorrentes.
O Ministério da Justiça disse que não vai divulgar quantos homens das Forças Armadas estarão disponíveis para atuarem durante a Olimpíada, tendo apenas informado que a Força Nacional tem quantidade suficiente para cumprir as atribuições estabelecidas de segurança pública.
Por seu turno, o ministro dos Transportes defendeu o reforço na segurança dos aeroportos e lembrou do atentado terrorista na Turquia, ao afirmar que “Quando acontece o que aconteceu em Istambul e em Bruxelas, que foram atentados realizados em áreas públicas dos aeroportos, isso é claro que acende uma luz amarela para o governo e para as pessoas que vão frequentar as olimpíadas. Vamos pedir que haja maior fiscalização nas áreas públicas dos aeroportos. Isso será feito junto ao Ministério da Justiça”.
À vista do alto índice de criminalidade, com a matança de inocentes e a banalização de roubos, assaltos etc., que transformaram a Cidade Maravilhosa em um lugar impróprio para a convivência do ser humano, fica a clara demonstração da incompetência administrativa e da irresponsabilidade por tal estado de precariedade na segurança pública, ante a omissão quanto às priorizações das políticas públicas, principalmente com investimentos maciços na segurança pública, com o objetivo exclusivo de eliminação  da bandidagem que se especializou em grupos e quadrilhas, com capacidade para superar as forças policiais.
Trata-se da evidência da falta de incompetência das autoridades incumbidas das políticas de segurança pública, ao pedirem socorro emergencial para o atendimento de remédio para tratar de chaga social que sangra há muito tempo, ficando a certeza de que essa desgraça da criminalidade há de perdurar depois da Olimpíada, quando todos os esquemas de ultrassegurança serão desarticulados, deixando a sociedade à mercê da criminalidade, justamente por falta de recursos materiais e financeiros que foram carreados de forma injustificada na organização  do evento, que ultrapassam dos 40 bilhões de reais.
Se o Brasil fosse um país sério e se seus governantes tivessem um mínimo de responsabilidade pública, jamais teriam assumido a incumbência da realização de grandes eventos mundiais como a Copa do Mundo de Futebol e a Olimpíada, por serem empreendimentos megalomaníacos que sorveram recursos de imensurável quantidade, que teriam real e justificável aplicação em obras públicas necessárias ao atendimento das carências da população, que não participa de evento algum e vai continuar passando pelas terríveis agruras diante da precária prestação de serviços públicos, que poderia, ao menos, ter sido minimizada se a montanha de recursos públicos tivesse sido carreada para obras em benefício dos brasileiros carentes e desassistidos.
Convém que os governantes se conscientizem, com urgência, de que é preciso repensar suas retrógradas e deletérias políticas dissonantes da realidade brasileira, quando as carências gritantes imploram por prioridades que jamais são atendidas, principalmente porque sempre existem empreendimentos atendidos para o gáudio de homens públicos despreparados, incompetentes, populistas, prepotentes, egoístas e ávidos pelo reconhecimento de algo pessoal que se traduz absolutamente em tudo muito bem distante da realização da finalidade pública, em prejuízo do verdadeiro sentimento de interesse público, que é a materialização do bem comum, cujos eventos da Copa do Mundo de Futebol e da Olimpíada são exemplos cristalinos dessa triste realidade de desperdício.
Os brasileiros precisam avaliar, com o maior cuidado, o resultado da gestão dos homens públicos, com vistas ao seu aproveitamento em prol do interesse público, quanto à efetividade das realizações em benefício da população, como forma de se concluir sobre a sua contribuição para o desenvolvimento socioeconômico, levando-se em conta os gastos supérfluos e os desperdícios de recursos públicos em eventos que não atendem diretamente ao interesse público, notadamente as carências sociais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de julho de 2016

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