sábado, 16 de julho de 2016

O palhaço "Zangado"?


Artigo publicado no jornal The New York Times destaca as particularidades da política do Brasil, com a reportagem afirmando que “a democracia pode causar perplexidade e confusão, mas no mundo há pouco que se iguala ao Congresso brasileiro”.
O jornal diz que “Um dos espetáculos há mais tempo em exibição no Brasil conta com um número desconcertante de personagens cuja teatralidade aparece em milhões de televisores quase toda noite”, tendo como destaque os 594 “atores” da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e reafirma que “O elenco até mesmo inclui um palhaço cujo nome significa ‘Zangado’”.
A publicação em tela ressalta o fato de que boa parte dos parlamentares enfrenta denúncias de corrupção, ao tempo em que eles conduzem o processo de impeachment da presidente da República afastada, que responde por crime de responsabilidade, à vista da infringência de normas de administração orçamentária e financeira.
O texto também comenta, a título curiosidade e, de certa forma, de contradição, o fato de o Partido da Mulher Brasileiro, que tem no quadro apenas dois deputados eleitos, sendo ambos homens.
A propósito, um professor de estudos brasileiros na Universidade de Oxford disse que “A reputação da classe política no Brasil não tem como piorar”. O pesquisador discorda das comparações feitas entre a política brasileira e a série de ficção House of Cards, ao afirmar que “House of Cards é, na verdade, muito mais crível”, possivelmente pondo em dúvida a seriedade do Parlamento brasileiro.
O mais estranho de tudo isso é se verificar que a instituição pública comparável a um circo é montada e mantida pela própria população, que elege os integrantes desse grande palco de palhaços, no dizer do The New York Times, que, em publicação generalizada, ridicularizou a composição do Congresso Nacional brasileiro.
É muito importante que os eleitores reconheçam o quanto é imperiosa a necessidade de ser mudada essa triste concepção, real ou não, sobre a atuação do Parlamento tupiniquim, que precisa passar por urgente oxigenação, com efeito na mentalidade dos homens públicos e também na responsabilidade cívica dos brasileiros, com vistas à sua conscientização sobre as reais finalidade e relevância de bem representar os anseios da sociedade, na sua plenitude, que tem tudo a ver com a obrigação de bem cumprir a nobre missão de satisfazer exclusivamente o interesse público, com competência e efetividade.
Os fatos mostram, com muita clareza, que o Congresso Nacional brasileiro precisa passar, o mais rapidamente possível, pelo indispensável processo da reciclagem de qualidade e eficiência, em harmonia com a evolução da humanidade e dos conhecimentos científico e tecnológico, sob a ótica dos princípios da modernidade e do aperfeiçoamento, em especial no que diz respeito aos métodos dos trabalhos legislativos, tendo como escopo primordial o cumprimento de suas atribuições constitucionais e legais.
 Convém que esse aperfeiçoamento legislativo se opere em defesa de seus representados, que devem merecer o devido respeito, à vista da grandeza da sua representatividade perante a nação, de modo que o fruto do seu trabalho seja exitoso e produtivo e sirva de lição para que a opinião pública e em especial a imprensa internacional e nacional se manifestem opinando sobre matéria tão somente com exaltação e engrandecimento quanto aos seus resultados benéficos à população, em contraposição ao que, em grande parte, tem sido refletido na atualidade, que nada mais é a indiscutível pobreza da realidade nacional, mostrando se tratar de país que não pode continuar patinando no anacronismo que nunca se renova. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de julho de 2016

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