sexta-feira, 22 de julho de 2016

Reúncia: isso não existe...


Um senador do Distrito Federal aproveitou encontro no Palácio da Alvorada com a presidente da República afastada para sugerir que ela apresentasse proposta de dupla renúncia, compreendendo a dela e a do presidente em exercício, sob o argumento de que já não haveria mais o risco de o deputado que renunciou ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados poder assumir a Presidência do país, por 90 dias.
A compreensão do senador candango é a de que, na hipótese da ausência do presidente e do vice-presidente da República, o presidente da Câmara assume o comando do Palácio do Planalto para convocar eleição presidencial, no prazo de 90 dias.
Ao ouvir a proposta em tela, a petista a refutou de chofre, afirmando que "Não existe essa coisa de renúncia. Isso não existe", fazendo calar os presentes.
Em tom de inconformismo, diante da enfática reposta da presidente afastada, o senador candango teria, posteriormente, lembrado que "É lógico que existe a renúncia patriótica. É aquela que é melhor para o país.".
O senador brasiliense avalia que a petista vem tendo dificuldade para ampliar seus interlocutores, na tentativa de conseguir a reversão do impeachment em definitivo, lembrando que "Sempre são os mesmos convidados para as conversas com Dilma. A impressão que tenho é que o PT quer sair como vítima deste impeachment, até porque se livra dos problemas do governo, evita o escândalo de corrupção (Lava-Jato) e com isso o partido vai para a oposição com a bandeira do golpe".
O senador distrital até que poderia ter sido melhor assessorado no sentido de se inteirar que a renúncia proposta por ele somente seria viável se houvesse a prévia concordância do presidente em exercício, em também se afastar concomitantemente do cargo, que ele vem tomando gosto em exercê-lo, sem precisar de esforço algum para tanto e depois da renúncia ele ficaria como cachorro que cai de carro de mudança: totalmente sem rumo, quando agora ele tem enorme possibilidade de permanecer no Palácio do Planalto, até 2018. 
O senador candango poderia ter aproveitado o encontro com a presidente afastada para lembrá-la de que os fatos relacionados com a forte recessão econômica, o rombo nas contas públicas, o recorde de desemprego, a falta de competitividade, a desindustrialização do país, o assombroso crescimento das dívidas públicas, a diminuição da arrecadação, a roubalheira na Petrobras, o exacerbado fisiologismo nos órgãos e nas entidades públicos, a extrema piora nos serviços públicos, a falta de investimentos em obras de impacto, o imperialismo do superfaturamento nas contratações públicas e a infinidade de precariedades na gestão dela, conforme mostram os fatos e a insatisfação do povo, já seriam suficientemente capazes de aconselhar que ela reconhecesse a mea culpa e tivesse a dignidade de trabalhar para o aceleramento do exame do processo do impeachment dela no Senado Federal.
É evidente que isso evitar-se-ia o terrível desgaste da renúncia, quanto mais que teria sido por comprovada incompetência administrativa, mas haveria o reconhecimento social pelo nobre gesto da dignidade e do altruísmo, próprios dos grandes estadistas que têm a sensatez e a honradez de entender que as suas fragilidade e inaptidão para o exercício do cargo mais importante do pais foram determinantes para a ruína e a destruição que predominam na nação.
Não há menor dúvida de que a sugestão em referência até que poderia ter sido aceita pela presidente afastada se o senador não tivesse invocado o espírito de patriotismo para quem carrega no DNA a índole e o idealismo partidários, que sempre se manifestaram com prioridade sobre os interesses nacionais, a exemplo da eterna defesa do lema  “nós” contra “eles”, mas sim os imensuráveis estragos causados por ela ao patrimônio dos brasileiros, com a destruição e a ruína dos princípios republicano e da administração pública.
Compete aos brasileiros se unirem em verdadeiro mutirão, para mostrar o seu integral inconformismo contra a injustificável e absurda ideia de a presidente da República afastada ainda pretender retornar ao comando da nação, uma vez que a sua gestão é responsável, à vista dos resultados maléficos, pelo desastre na condução da economia, à luz da forte recessão, da inflação, do desemprego, da queda de arrecadação, da desindustrialização, da falta de investimentos público e privado, dos péssimos serviços públicos, entre tantas mazelas que contribuem para infernizar a vida dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de julho de 2016

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