Nos
idos de 2005, quando da descoberta das ligações entre o então responsável pelas
finanças do Partido dos Trabalhadores e o empresário que deu início ao
mensalão, processo que levaria à ruína líderes históricos do PT, como o
ex-ministro da Casa Civil e o então presidente do partido, o delator desse
famigerado caso teria alertado o então presidente da República nestes termos: "Presidente, o Delúbio vai botar uma dinamite
na sua cadeira.”.
O
tempo passou, mas a palavra "tesoureiro" somente tem a capacidade de
provocar calafrios nos dirigentes e militantes do PT, a exemplo do que vem
acontecendo, na atualidade, com a persistente Operação Lava-Jato, uma espécie
de eterno pesadelo que se transformou em realidade que incomoda toda cúpula do
PT, com a terrível situação do tesoureiro que assumiu a tesouraria do PT em
2010 e está preso desde 2015.
Ele
tem sinalizado que pode fazer delação premiada, para se livrar da prisão, a
qual tem sido considerada pelas autoridades como de fundamental importância para
montar o quebra-cabeça de drenagem de recursos da Petrobras para irrigar as
contas do PT e de suas campanhas.
Esse
fato tem tirado o sono das lideranças petistas, diante da possibilidade de as
revelações de seu ex-tesoureiro mostrarem a verdade sobre a podridão ética e
moral que vêm sendo escondida sob as ridículas alegações de que os recursos
recebidos pelo partido seguem rigorosamente a regularidade para a espécie.
Desta
feita, outro ex-tesoureiro, o que foi sucedido pelo que se encontra preso, que
ocupou o cargo de 2005 a 2010, se transforma oficialmente em alvo da Operação
Lava-Jato. O nome dele já havia sido citado no depoimento de um empreiteiro à
Justiça Federal, em março de 2015. Agora, ele é alvo de mais nova fase da
operação. Ele é considerado o homem-ponte entre o mensalão e o chamado
petrolão, o esquema na Petrobras.
Antes
mesmo da conclusão das investigações e dos veredictos da Justiça, a inclusão
definitiva desse ex-tesoureiro entre os alvos da Lava-Jato mostra que, para
além dos nomes e dos personagens, o cargo de tesoureiro do PT embutia uma
função estratégica num sistema pré-estabelecido pelo partido e suas engrenagens
de financiamento, assumindo, com isso, a inevitável função de fiel depositário
de paiol de dinamite que pode explodir a qualquer momento.
Por
sua vez, parece bastante estranho que o PT se assuste com a simples palavra
tesoureiro, que é o guardião da dinheirama do partido, que tem se manifestado,
sempre quando há denúncia de propina em favor dele, no sentido de que os
recursos por ele recebidos são legais, porque registrados na sua contabilidade e
aprovados pela Justiça Eleitoral, tudo em consonância com as normas de
regência.
Diante
disso, é inadmissível que o partido se preocupe com a figura do tesoureiro, porque
isso dá a ideia de que pode ter algo errado ou ilegítimo na atuação dele.
É
verdade que quem não deve não teme, mas o temor do PT denuncia a sua falta de
convicção quanto à legalidade do funcionamento da sua tesouraria,
principalmente à vista da situação representada por seus tesoureiros, que foram
condenados, sendo que um se encontra preso, mas, nos casos denunciados, não
houve nenhuma contestação com elementos irrefutáveis e convincentes, apenas as
mesmas alegações de praxe, de que o partido somente recebe doações legais.
Urge
que a sociedade exija que os partidos políticos sejam obrigados a prestar
contas sobre as doações e financiamentos de campanha, de modo que a
legitimidade do procedimento seja confirmada com a indicação da fonte dos
recursos, mediante documentos idôneos, independentemente dos registros
contáveis pertinentes e das informações à Justiça Eleitoral sobre os gastos
realizados. Acorda, Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 03 de julho de 2016
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