quarta-feira, 6 de julho de 2016

A comprovação do crime de responsabilidade


O efeito da perícia requerida pela defesa da presidente da República afastada sobre as “pedaladas fiscais”, os créditos suplementares e a culpa ou não dela, condensada em volumoso relatório de mais de 200 páginas, não muda, em absoluto, nada contra ou em prol da petista, conquanto ele dá uma no cravo, outra na ferradura, ante a fartura de argumentos para os dois lados da questão e ainda apresenta reforço para ambos, com relação aos fatos objeto das análises na comissão.
A perícia diz que os decretos de créditos suplementares e as manobras contábeis, conhecidas como “pedaladas fiscais”, constituem falhas graves ou, em outras palavras, crime de responsabilidade, mas a presidente afastada somente pode ser responsabilizada pelos créditos, não pelas pedaladas propriamente.
Os defensores da petista entendem que “está comprovado” que não houve crime de responsabilidade nas pedaladas e os favoráveis ao impeachment rebatem com a afirmação de que “está comprovado” que houve, sim, pela edição dos decretos.
Os senadores defensores da inculpabilidade da petista e as testemunhas de defesa asseguram, desde o início do processo de impeachment, que, enquanto presidente, ela não tinha nenhuma obrigação de saber das “pedaladas fiscais”, nem que eram “pedaladas”, nem que eram ilegais. Já para os senadores pró-impeachment e os autores da ação desse procedimento, enquanto presidente, a petista era obrigada a saber e é responsável pelos atos de governo, não podendo se eximir da sua responsabilidade como administradora do Orçamento da União.
O defensor da presidente afastada admite que houve pedaladas fiscais, mas a petista não tinha responsabilidade sobre elas, enquanto um senador pelo PSDB ironiza a situação, afirmando que “Ele (o defensor) inventou um crime sem réu, mas a Dilma era presidente da República do Brasil, não presidente da República de Marte. Logo, responsável pelo que acontecia”.
Não há dúvida de que o resultado da perícia em foco põe mais lenha na fogueira das discussões, prometendo alimentar acirradas disputas entre as partes com suas centenas de páginas que trazem argumentos que não deixam ninguém em vantagem e também não contribui para alterar, em princípio, a tendência favorável ao impeachment e muito menos mudar o entendimento dos membros da comissão e quiçá do plenário do Senado Federal.
Mais do que um relatório ou perícia, dois fatores pesam para o voto final de cada senador, sobretudo dos que ainda se colocam publicamente como “indecisos”, mas todo mundo sabe, dentro e fora do Congresso, que não são tão indecisos assim.
Na verdade, o “conjunto da obra” da presidente afastada terá peso preponderante no momento da decisão dos senadores, tendo em vista que a condução da economia não poderia ter sido tão desastrada, que ainda contou com a agravante quebra do encanto ético do PT, com os famigerados casos de corrupção representados pelo mensalão e petrolão, que são marcas indeléveis do partido, uma vez que qualquer revelação tem o rastro de algum petista como coadjuvante ou protagonista principal, com relato de desvio de recursos para os cofres do partido, que sempre são considerados legitimamente recebidos como doação.
Os fatos mostram que o alongamento do calvário do processo de impeachment não é prejudicial tanto para o país como para a presidente afastada, que não consegue demover um milímetro o status quo da situação de votos, considerando que o seu histórico de péssima gestora já consolidou o seu destino, permitindo que o país possa tomar outro rumo, agora desvinculado da incompetência, do fisiologismo, das desmoralização, do descrédito e de tudo de ruim que foi capaz de transfigurar a cara de país com as potencialidades econômicas como o Brasil, que se encontra destroçado e arruinado graças à recessão econômica e suas trágicas consequências impingidas pela terrível gestão petista. 
Mesmo que a presidente afastada não tenha feito nada de errado, segundo à sua consciência, o seu retorno ao governo não é bom para ninguém, muito menos para ela, que não terá vida fácil diante das circunstâncias, em especial por parte do Congresso Nacional, cujos congressistas já demonstraram completo desprezo por ela, ante a sua dificuldade para afagar os interesses contrariados.
Caso a presidente afastada tivesse o mínimo de sensatez, ela demonstraria grandeza ao renunciar ao cargo, para o bem do país e dela, ante as enormes dificuldades de governabilidade, com previsíveis prejuízos para os interesses da nação.
A volta da presidente afastada ao poder poderia propiciar momento de enorme incerteza político-administrativa, principalmente diante da completa ausência de apoio do Congresso Nacional, à vista das votações no processo de impeachment, mostrando clara rejeição à sua gestão.
Mesmo que o crime de responsabilidade imputado à petista possa parecer de pequena monta, ele ocorreu sim e isso demonstra, na forma do ordenamento jurídico, desleixo administrativo e irresponsabilidade no exercício no cargo mais relevante do país, à vista do rombo nas contas públicas, ao longo de anos, cujo peso negativo na economia tem efeito por muito tempo, a exigir sacrifício dos brasileiros.
Mal comparando, o caso em comento lembra, em muito, guardadas as devidas proporções, a situação do “famoso” mafioso norte-americano Al Capone, que, nos idos de 1930, foi acusado pela autoria de diversos crimes violentos, envolvendo roubos, assassinatos e outras delinquências graves, mas terminou sendo condenado por ter fraudado o Fisco.
Espera-se que não haja nenhuma hecatombe em curto espaço de tempo, porque o destino da presidente afastada já está selado, sendo inevitável a sua condenação, quer seja pelo crime de responsabilidade fiscal quer seja pela incompetência administrativa, porque em ambos os casos o caos é visível, notadamente com o significativo rombo das contas públicas, cujo déficit está estimado em R$ 170 bilhões, o que se exige extremado sacrifício dos brasileiros, inclusive dela, que não faz a menor ideia do que isso possa representar para o povo, porque se ela tivesse a devida consciência dos estragos causados à nação jamais tentaria retornar ao governo, que já foi destruído por ela, com a sua plena maestria de incompetência.
A sociedade precisa se conscientizar de que é absolutamente inadmissível a volta ao Palácio do Planalto da presidente afastada, diante dos notórios prejuízos causados ao país pela gestão petista, graças à sua incompetência administrativa, ao descrédito da classe política e à completa inépcia nas ações políticas demonstrados no comando do poder, atributos incompatíveis com a verdadeira dinâmica de efetividade da governança. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de julho de 2016

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