Nas conversas reservadas entre amigos, o
ex-presidente da República petista atribui a ele e ao partido menor parcela de
culpa do que a da presidente afastada pelos erros que levaram a defenestração do
PT do poder, por causa, segundo o petista, a partir da perda do controle da
economia e do apoio dos empresários ao governo petista, fatos que contribuíram
para que os políticos se rebelassem contra ela.
Numa conversa com um cacique petista, Lula ouviu
que todos eles e o PT pagariam agora por seus erros políticos. Numa junção de
culpa, o ex-presidente entende que cabiam a ele e ao partido o pagamento de 30%
da responsabilidade pelos erros políticos e econômicos, ficando os 70% restantes
para ser computados na conta da petista, em clara demonstração de desprezo por
quem a elegeu, em 2010, e a apoiou na reeleição, mesmo ciente das pesadas e
incontestes críticas que tinham contra o governo dela.
Os desafios do ex-presidente e do PT parecem
intransponíveis, diante da dimensão dos erros atribuídos a eles, justamente por
terem surgidos com ideias bastantes nobres de correção, sobretudo em defesa da
ética, mas os fatos não resistem à autocrítica assombrosa de muitos agravantes
pelo elenco de maldades que contradizem completamente a ideologia em nome da
ética e da moralidade.
Na opinião do ex-presidente, a presidente afastada
realmente tem parcela significativa de culpa, por ter contrariado as cobranças
na aplicação de receituário nos moldes do pensamento do partido, cujo resultado
da economia é uma das principais causas da ruína petista, que naufragou com o
adjutório das dificuldades para interpretar a real importância do equilíbrio
fiscal, que foi ignorado o tempo todo, a ponto de resultar no estrondoso rombo
das contas públicas.
Não há dúvida de que a desastrada condução da
política fiscal foi mortal para a gestão petista, tanto que o ex-presidente
insistia para que o atual ministro da Fazenda tivesse integrado o governo da
presidente afastada, mas ela resistia sempre, em nome de desentendimento havido
entre ambos, no passado.
No momento, o ex-presidente tem dificuldade para
vencer o pesadelo e o desafio para responder às acusações no âmbito da Operação
Lava-Jato, tendo que responder às investigações em Brasília e Curitiba.
Na verdade, ele somente conseguirá se apresentar
como candidato do partido à Presidência da República se livrar das acusações
que pesam sobre ele, no sentido de ter se beneficiado de vantagens oriundas do
desvio de dinheiro da Petrobras, conforme as reformas realizadas em imóveis
vinculados a ele, mesmo diante das negativas sobre as propriedades deles.
Até o momento, o ex-presidente tem conseguido
somente negar os fatos, apenas com afirmação sem provas, sem a apresentação de
elementos consistentes para demover as comprovações documentais levantadas pela
força-tarefa da citada operação.
O
ex-presidente poderia fazer verdadeira autocrítica se reconhecesse que o
governo petista teria conseguido destruir as estruturas do Estado, contribuído
para sepultar as esperanças dos brasileiros e ajudado à construção da terrível
recessão econômica, que propiciou o estrondoso aumento do desemprego, da
desindustrialização, da alta da inflação e dos juros, da retração do consumo,
da redução do salário, da precariedade dos serviços públicos, da diminuição da
arrecadação, da inexistência de investimentos em obras indispensáveis ao
desenvolvimento socioeconômico, entre outras precariedades que contribuíram
para os rebaixamento, por agências de classificação, do grau de investimento do
Brasil, fazendo com que houvesse debandada dos investidores estrangeiros.
Ou
seja, falta dignidade ao ex-presidente para o reconhecimento dos graves erros
da gestão petista e a assunção da culpa por tudo de ruim que foi realizado pelo
governo, inclusive assumindo também a inércia, a omissão, por não ter realizado
reforma de coisa nenhuma, embora o marasmo da administração pública tem como
causa a falta de reformulação das conjunturas e estruturas do Estado, que se
encontra na UTI, em termos de evolução administrativa, graças à manutenção do
seu funcionamento nos moldes do modelo obsoleto, ultrapassado e retrógrado,
onde prevaleceu como sistema administrativo o vergonhoso fisiologismo, em que
os órgãos e as entidades públicos foram loteados entre aliados, como forma da
obtenção de apoio no Congresso Nacional, fazendo com que a prestação dos
serviços públicos perdessem qualidade, exatamente porque as principais
políticas públicas foram executadas por dirigentes sem as capacidades e os
preparos que se exigem na administração do país.
É
absolutamente incompreensível a forma irresponsável como as lideranças petistas
não assumem o mar de lama da corrupção, que soberanamente esteve sempre
presente nos governos petistas, a começar pelo mensalão, surgido nos idos de
2005, e petrolão, com surgimento mais recente, mas deixando patente que foi o
governo que conviveu permanentemente com o pesadelo da corrupção laureando
negativamente seu histórico político, sempre com o envolvimento da cúpula do
PT, que jamais assumiu os fatos irregulares, a exemplo do recebimento de
dinheiro de propina, sempre considerado legal pelo partido, à vista da sua contabilização
nos seus registros e da prestação de contas à Justiça Eleitoral, na forma da
lei.
O
certo é que, diante dos acontecimentos nefastos, no âmbito da administração do
país, que são reconhecidos às claras por caciques do partido, embora sem os
enumerar, os erros do PT são muitos e todos com enorme gravidade para os interesses
dos brasileiros, os quais, à luz do bom senso e da racionalidade, sequer recomendariam
a existência dele como partido, que somente deveria ser reconhecido como tal se
comprovasse reputação e conduta ilibadas, o que não é o caso, porque a sua gestão
tem como rastro o legado de muita incompetência e ineficiência, conforme
demonstram os fatos, que falam por si sós, tudo contribuindo para a degeneração
dos princípios da moralidade, dignidade, economicidade e legalidade. Acorda,
Brasil!
ANTONIO
ADALMIR FERNANDES
Brasília,
em 14 de julho de 2016
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