segunda-feira, 4 de julho de 2016

O extremo da irresponsabilidade


A pouco mais de um mês para a Olimpíada no Rio de Janeiro, o caos impera em todo lugar, a começar dos problemas envolvendo as obras, que ainda estão sendo tocadas em muitos setores, mas o medo e a insegurança de atletas estrangeiros têm sido destaques na imprensa internacional, que agora, ainda mais, se potencializa com a imagem que está sendo passada no exterior, pelo site Business Insider, que publica texto simplesmente aterrorizante para quem visita outro país, com o título "Bem-vindo ao inferno: Rio é um desastre poucas semanas antes das Olimpíadas".
Na visão do texto, a poucos mais de um mês do evento, a situação da cidade-sede da Olimpíada, o Rio de Janeiro, é crítica e se apresenta de mal a pior, tendo como grave exemplo "Entre protestos da polícia e outros trabalhadores, atletas de alto nível desistindo por causa do medo com o Zika e os banhos da praia de Copacabana, onde o evento de vôlei de praia irá ocorrer, há sérias preocupações sobre segurança básica quando se trata dos jogos de verão".
A publicação ressalta as greves de policiais no Rio de Janeiro, com afirmação de que a corporação está avisando os turistas que "a sua estadia não será muito agradável" durante os jogos.
O site Business Insider destaca a grave situação econômica do estado, enfatizando a falta de recursos para a garantia de serviços básicos para a população e turistas, o que constitui motivo de preocupação para os participantes do evento.
A publicação afirma que "Tudo isso poderia levar a mais problemas e fazer muitos espectadores e atletas reconsiderarem assistir ou participar dos jogos".
Em conclusão, há alusão à frase dita pelo governador do Rio de Janeiro, no sentido de que "estou otimista sobre os jogos, mas eu tenho que mostrar a realidade. Nós podemos fazer uma grande Olimpíada, mas se algumas medidas não forem tomadas, pode ser um grande fracasso".
A sincera opinião do governador do Rio de Janeiro não poderia exprimir melhor a verdadeira situação de incerteza que se mostra o quadro delineado no momento que se antecipa à Olimpíada, que pode ficar para a história, diante das precariedades ainda existentes.
O governo brasileiro, que é o mentor e idealizador desse absurdo evento, pode pagar muito caro por sua incompetência de ter assumido a realização de megaevento, sem que suas estruturas fossem suficientemente capazes para oferecer as infraestruturas necessárias, principalmente no que se refere à plena segurança pública, que realmente pode ser comparável às estruturas do inferno - ante as frequentes incidências de violência - como vem sendo assim qualificado por agentes da segurança pública, conforme o alerta em foco.
A notícia em comento é da maior gravidade porque ela parte de especialistas que são autoridades para fazerem o alerta que está sendo disseminado pela internet, em momento crucial por que passa, a poucos dias da Olimpíada, a Cidade Maravilhosa, que se encontra completamente dominada pela criminalidade aterrorizante da sua população.
A situação é tão crítica que o governo federal está investindo montanha de recursos, quase três bilhões de reais, somente para o fortalecimento da segurança pública, que atingiu o extremo da precariedade no seu funcionamento, cujo socorro financeiro, como se sabe, é emergencial e tem a finalidade de tapar a grave crise com a peneira, porque as medidas adotadas agora são em caráter precário, tendo serventia somente no período da Olimpíada, ficando a população, depois desse evento, à mercê da bandidagem e da insegurança de sempre ou ainda pior.
Trata-se de tremenda irresponsabilidade por parte dos homens públicos que assumiram a realização de empreendimento de grandiosa envergadura mundial, sem os indispensáveis estudos de impactos social e econômico, à vista da indiscutível existência de gritantes deficiências e insuficiências de toda ordem, principalmente financeira e estrutural.
Os recursos despendidos na Copa do Mundo de Futebol e na Olimpíada poderiam se destinar à realização de obras nacionais, com vistas à exclusiva satisfação das carências básicas da população, que não participa de nenhum dos eventos e continuará sendo castigada com as notórias precariedades dos serviços públicos prestados pela incompetência do Estado brasileiro.
Conviria que os idealizadores e executores de megaeventos inúteis, dispendiosos e desnecessários devessem ser responsabilizados por obras absolutamente contrárias ao interesse público, fato este que serviria de lição pedagógica para os futuros administradores públicos, para que fossem conscientizados sobre a imperiosa necessidade da priorização das ações e políticas públicas para a realização de serviços e obras destinados com exclusividade ao atendimento do interesse da sociedade e do bem comum, enquanto não forem resolvidas as aflitivas e angustiantes carências da população, no que diz respeito à melhoria da saúde, educação, segurança pública, do saneamento básico, da infraestrutura etc. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de julho de 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário