Em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o governador do Ceará
criticou o ex-governador do Ceará e último candidato à Presidência da República
pelo PDT, por entender que este adota estratégia errada de ataques frequentes
ao PT.
O
governador acha que “Nenhuma candidatura se constituirá à esquerda,
centro-esquerda, se não tiver o PT como aliado. O PT demonstrou uma força
extraordinária na última eleição. Fernando Haddad teve 47 milhões de votos, o
partido elegeu a maior bancada federal, a maioria dos governadores. Tem uma
base social muito forte. O Ciro sempre foi muito aliado, Lula não pode mais ser
candidato. Defendi lá atrás que Ciro fosse candidato, defendi a chapa
Ciro-Haddad, fui um dos primeiros. Era o momento de se unir em torno de um
projeto.”.
O
governador reconhece que há abalo na relação entre o PT e o ex-governador, mas não
com relação a ele, porque ela “é muito sólida com base em projeto no qual a
gente acredita para nosso Estado. Posso ter divergências quanto ao
comportamento do Ciro, acho que a estratégia dele está errada, mas respeito a
posição.”.
O
governador cearense disse que tem até sido criticado internamente por essa
visão, “mas como quero conquistar o Brasil? Precisa ter uma mudança,
principalmente na região Sul-Sudeste, onde se criou um antipetismo muito forte.
O PT deve se renovar, se reinventar em alguns aspectos para conquistar essa
parcela da população que se decepcionou, que não acredita mais. O partido deve
mostrar que é possível, que tem coisas muito boas e importantes que já fez e
pode fazer.
O
governador entende que “o partido deveria ter defendido proposta de reforma
da Previdência que defendesse os mais pobres em vez de apenas se colocar contra
o projeto do governo.”.
Na
verdade, erra mesmo é a visão do governador que desaprova as atitudes do
político do PDT, considerando que este vem criticando o PT certamente com base
no tratamento nada cordial dispensado a ele pelo cacique-mor do partido, na
última eleição, que orientou medidas extremamente contrárias aos interesse do
pedetista, com vistas a afastá-lo para longe do PT, tirando todas as
possibilidades de alianças entre ambos, que era o único objetivo dele para se ganhar
a eleição.
É
evidente que, por estratégia política, depois de ser exortado das proximidades
do PT, o ex-governador pedetista também aproveitou
para explorar as atividades criminosas representadas pelos escândalos dos
mensalão e petrolão, atribuindo àquele partido a autoria de muitas falcatruas
que nunca foram assumidas pelos políticos envolvidos e, de resto, pelos demais integrantes
dele, além de seus seguidores, como se nada tivesse acontecido de errado contra
os princípios da moralidade e da dignidade, com relação à gestão de recursos
públicos, à luz das investigações levadas a efeito pela Operação Lava-Jato, que
demonstrou os verdadeiros estragos e rombos causados aos cofres da principal
petrolífera brasileira, em especial.
Na
verdade, é preciso que se diga que o pedetista somente vem repisando as chagas
petistas depois que recebeu tratamento de desprezo por parte do todo-poderoso,
nas últimas eleições, quando, até então, nenhuma palavra de sinceridade sobre as
tramoias de seus agora desafetos políticos era pronunciada com tanta ênfase, o
que bem demonstra a sua índole política, ou seja, se as suas pretensões
políticas tivessem sido atendidas pelo cacique do PT, jamais ele passaria a ser
tão crítico e ácido como vem sendo ultimamente, o que bem demonstra a
personalidade da maioria dos políticos brasileiros, que não têm o menor
escrúpulo para aderir ao bloco dos aproveitadores e dos defensores de
interesses pessoais e, secundariamente, partidários.
Não
há a menor dúvida de que é verdade que, no Brasil, nenhuma candidatura de
esquerda será vitoriosa sem a aliança com o PT, conforme é fato a sua estrutura
eleitoral, principalmente no Nordeste, onde a sua consolidação política tem
sido notória.
Agora,
diante disso, será se vale a pena deixar de dizer e defender a verdade sobre os
malfeitos daquele partido somente para se ganhar eleição, quando essa forma de
se negar a verdade sobre os fatos contradiz o princípio e a finalidade das
atividades políticas, o que valeria deixar de se criticar o que foi errado
somente para se dar bem com os partidos de esquerda, para se ganhar a eleição,
mesmo que o passado de um partido o condena exatamente por maus-tratos com a
coisa pública?
Pobre
país este Brasil, que ainda tem político com mentalidade extremamente fragilizada,
que prefere se acomodar e se aconchegar em passado nebuloso, tendo a certeza
que pertence ao partido maculado por fatos degradantes, mas por conveniência
política, é preferível se manter nos braços dessa agremiação que, apesar dos
pesares, tem condições de oferecer vitória tranquila, diante da sua força extraordinária,
conforme ficou demonstrada na última eleição, em que eleitores desinformados pouco
se importam com os princípios da ética e da moralidade, nas atividades
políticas, continuam acreditando piamente nas bondades de partido que foi capaz
de conduzir o Brasil à ruína e ao abismo, diante dos fatos investigados pela
Operação Lava-Jato, que são incontestáveis.
Não
passa de pura hipocrisia o governador imaginar que o PT iria defender qualquer
matéria originaria do governo, quando ele se mostrou, desde a origem,
radicalmente contrário à ideia da reforma da Previdência, sem sequer oferecer
sugestão senão para o seu arquivamento, em clara demonstração de nenhum interesse
nem disposição para contribuir com alguma emenda ao seu texto, em que pese se
tratar do partido que se diz defensor dos trabalhadores, pelo menos é o que
consta da sigla.
Causa
perplexidade o político cearense dizer que ele defende autocrítica sobre os
erros cometidos na economia e na política pelo PT, sem mencionar, como devia,
as ilicitudes pertinentes aos escândalos dos mensalão e petrolão, à vista da
caracterização, devidamente evidenciada, do maior desvio de dinheiro público da
história republicana, que não pode ficar sem a devida justificativa perante a sociedade,
em termos de assunção das responsabilidades pessoais e partidárias, pouco
importando a ideologia da população, porque os recursos subtraídos pertencem ao
partido único dos brasileiros, ou seja, a nação.
A
bem da verdade, o político pedetista presta importante contribuição à nação e
aos brasileiros, ao criticar e mostrar os maus-feitos de partido que foi capaz
de protagonizar os maiores escândalos da história republicana, ao se apoderar,
de maneira irregular, de recursos públicos, para, entre outros fins nada republicanos,
financiar milionárias e sujas campanhas eleitorais, tendo por propósito a sua manutenção
no poder e a dominação absoluta das classes política e social.
Quiçá
que outros políticos, em especial da nova geração, também se conscientizem de que
é preciso sim denunciar, com veemência, não somente os homens públicos, mas também
os partidos políticos que demonstraram a sua verdadeira índole com relação à
gestão de recursos públicos, de modo que os eleitores possam ser mais bem
esclarecidos e informados quanto à imperiosa necessidade da lisura no exercício
dos cargos públicos e principalmente da eliminação da vida pública daqueles que
tenham implicações com denúncias sobre atos contrários aos princípios republicano
e democrático.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 24 de outubro de 2019
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