domingo, 20 de outubro de 2019

A vida sem importância

Um peão de 30 anos morreu pisoteado por um touro em um rodeio em Brejetuba, no Espírito Santo, recentemente, quando participava de rodeio na “Festa do Maior Café do Mundo”, naquela cidade.
O ex-montador de touros foi socorrido imediatamente e levado para hospital de Venda Nova do Imigrante, tendo passado por procedimento cirúrgico apropriado, mas não conseguiu resistir à gravidade das lesões, vindo, infelizmente, a óbito.
A vida de quem se profissionaliza nessa atividade de montador está permanentemente em risco, como visto em outro caso recente e semelhante, ocorrido há pouco menos de um mês, em que um rapaz estava em cima de um boi, que, bruscamente, se assustou e o derrubou e ainda terminou caindo sobre ele, que não resistiu ao peso do animal e faleceu imediatamente, ou seja, o perigo da perda de vidas é potencial e de maneira constante e inevitável.
Não obstante, há essa arraigada cultura de rodeio, vaquejada e outros eventos semelhantes, com o emprego de pessoas e animais, principalmente bovinos, que é alimentada com a energia justificável pelo negócio econômico, em que não se levam em conta os graves riscos contra a vida humana e muito menos dos animais, a exemplo desse caso.
Fica muito claro que pouco importa se o montador se foi, evidentemente por mera fatalidade, porque o espetáculo do rodeio continua em plena atividade, incentivado pelos insensíveis espectadores, que pagam para se divertirem, evidentemente despreocupados com o que possa acontecer, nos bastidores, com as pessoas e os animais que são apenas detalhes na atração de eventos que até podem divertir, mas jamais poderiam ser palco de perda de vidas de pessoas e animais, porque isso apenas demonstra muito pouco interesse principalmente para a vida de pessoas.
Não há a menor dúvida de que essa defesa ridícula da história da cultura regional, representada por rodeio, vaquejada e outros eventos similares somente prevalece no Brasil adentro porque os shows dão lucro para os seus patrocinadores, que faturam milhões de reais em cima do sacrifício de animais indefesos, com a exposição ao risco também para os montadores e pessoas que participam diretamente desse espetáculo selvagem e desumano, em muitos casos.
À toda evidência, se houvesse, por parte dos espectadores, a devida conscientização sobre a possibilidade da perda de vidas humanas e de maus-tratos aos animis e que os eventos em si passassem a dar prejuízos para os seus patrocinadores, com fracasso de bilheteria, certamente que seus defensores compreenderiam que de cultura mesmo existe muito pouco a ser valorizado como tal.
 Ou seja, o que falta mesmo é o despertar das pessoas sobre a triste realidade de espetáculo cruel, que até pode não acontecer nada de mais grave em alguns eventos, mas também é normal que existam casos deploráveis e lamentáveis noutros, como nesse ora focalizado, em que, rapaz jovem morre esmagado por touro, que jamais teria ocorrido se não houvesse evento com essa finalidade e outras que são realizadas, mesmo sob o risco de potencial sinistro.
Tudo isso mostra que o homem, em muitos casos, ainda se encontra na idade da caverna, quando deixa de raciocinar, de forma inteligente e racional, sobre situações que podem ser prejudiciais ao próprio homem, porque há casos que põem a sua vida em risco, em razão de objetivos sabidamente passíveis de incidentes graves e contrários aos propósitos da plena felicidade.
Diante dos fatos lamentáveis que estão acontecendo no seio de rodeios, vaquejadas e eventos similares, em especial a incidência mortes de pessoas, é de se imaginar que as pessoas que patrocinam tais eventos possam refletir se realmente compensa tamanho sacrifício para a sua realização, quando já existem outras formas saudáveis de diversão que também são seguras e não causam nenhum perigo à vida nem humana ou de animais empregados nos eventos.
Brasil: apenas o ame!
       Brasília, em 20 de outubro de 2019

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