segunda-feira, 7 de outubro de 2019

A ajuda da objetividade


Na crônica intitulada “O preço da imaturidade”, que trata da análise sobre  campanha publicitária milionária para tentar influenciar a opinião pública a contribuir para mostrar aos parlamentares a premência da aprovação do projeto anticrimes, foi dito que é infrutífera, extemporânea e infantil a atitude do governo, por apenas jogar fora, pelos ralos da incompetência e da irresponsabilidade, a bagatela de dez milhões de reais, que poderiam ser aplicados, com proveito, em saúde, educação, estradas, segurança pública ou outra atividade em benefício da sociedade.
À toda evidência, não será por meio de companha publicitária, com viés visivelmente apelativo, que os parlamentares vão se conscientizar sobre o que realmente significa trabalhar em defesa do interesse público, porque sobre isso eles nunca vão se tocar, quando está em jogo é realmente o interesse político pessoal.    
Em demonstração de sensibilidade para com a questão enfocada na crônica em causa, o professor Xavier Fernandes, sempre antenado com a essência dos fatos da vida, ponderou nesse sentido, verbis:Parabenizo o ilustre mestre Adalmir, pela aula de conhecimento e conscientização sobre esse fato novo que é pertinente e tem um efeito imediato, haja vista que já estamos opinando e discutindo acerca da sua eficácia. Na minha modesta opinião, diante do quadro político que estamos assistindo, essa campanha publicitária é como se fosse um apelo, um grito de socorro, que o governo faz à população, mostrando o grau de dificuldade que enfrenta com o Congresso. Vejamos como têm sido todas as propostas que o governo tem mandado para o Congresso, que estão sendo quase que totalmente desidratadas, perdem a essência e a eficácia, sobrando quase nada. Há um boicote não só ao governo, mas um sentimento em prejudicar o país, a sociedade. Pois essa é a moral da história. Quando as medidas são boas para o país, não agradam aos senhores parlamentares. O governo conscientiza a população para pressionar o congresso e o faz através dessa campanha, que é um instrumento impactante para que o Parlamento entenda que a lei é de total interesse e de urgente necessidade para a população, que vive refém da criminalidade, sem liberdade de ir e vir. Portanto, essa estratégia do governo vai ser sempre usada pelo sufoco que passa, por justamente não querer usar a barganha do toma lá dá cá. Que custaria muito mais de 10 milhões, no caso da barganha com a referida campanha publicitária. Já há, de primeira mão, um forte debate sobre o assunto. Isso significa que o povo está tomando conhecimento daquilo que lhe é essencial. Somos todos convocados a discutir e debater esse assunto tão importante. Eis aí já o efeito da campanha. Diante da resistência do boicote ao país, essa é a estratégia que é usada para o governo ficar isento de culpabilidade e jogar a responsabilidade nas costas do Congresso. Quando uma matéria dessa natureza é indispensável para a sobrevivência e defesa do conjunto maciço da população, que implora por segurança e vive marginalizada por conta da grande violência que destrói a liberdade dos homens e das mulheres de bem. A oposição rejeita tudo que o governo faz... Tem que mostrar o verdadeiro cenário que acontece e o povo precisa saber quem é quem. Viva o Brasil e morra a corrupção e a criminalidade.”.
Em resposta à abalizada avaliação do mestre Xavier Fernandes, é importante se frisar que não há a menor dúvida de que o seu raciocínio é brilhante e seria plenamente válido se realmente os parlamentares, que se consideram os donos da verdade, tivessem o mínimo de respeito ainda que fosse por aqueles que são os seus eleitores.
Na atualidade, há verdadeiro confronto incrustado no seio da famigerada polarização político-ideológica, que nunca vai se acabar e vem causando terrível prejuízo aos interesses dos brasileiros, diante da tomada de infundada e injustificável posição entre ideologias, em que tudo será feito na tentativa de destroçar os projetos do governo e, por via de consequência, os interesses da população.
Na minha estreita avaliação, a antecipação de programa publicitário teria realmente valia se não fosse esse dramático estado de inconsequente e ferrenha disputa de ideias, em que a oposição ao governo, que é constituída exatamente por quem tem incumbência de legislar para o Brasil, não estivesse na trincheira do desafio até mesmo contra quem os elegem, que são estrondosa colônia de ingênuos desinteressados em política, que normalmente os reelegem, sem a menor dificuldade, para o fim exclusivamente de defender os próprios interesses.
Infelizmente, há extraordinária incapacidade governamental de, vez em quando, explorar lampejo de estratégia na tentativa de furar essa terrível bolha inflada pelos opositores ao governo, mas a forma como idealizada se esbarra justamente na imaturidade, diante da falta de estrategistas de qualidade e experiência políticas, de modo que a publicidade não pareça que se trata de crítica ácida e direta ao trabalho do Legislativo, porque isso não vai resolver absolutamente nada e ainda tem o condão de intensificar os ânimos, que estão acima da linha das Cordilheiras, em estado de completa intolerância, diante do estilo próprio adotado pela governança, que tem sido de menos tolerância, nenhuma diplomacia e muito mais confronto, o que somente contribuem para o distanciamento da convergência de ideais e pensamentos capazes de se unir esforços na solução dos graves problemas nacionais.
Na minha restrita avaliação, somente há salvação para o governo se ele trabalhar com a salutar estratégia de anunciar e publicitar exatamente o que ele pretende, para o bem da sociedade, com relação aos projetos já encaminhados ao Congresso Nacional, explicando, em detalhes, as reais estratégias de governo para se atingir determinados objetivos, por meio das políticas que ele se propõe a implementar, de acordo com a sua visão, por exemplo para a segurança pública, mostrando exatamente qual a finalidade das medidas sugeridas e os resultados pretendidos, sob pena de a sua transfiguração, no Legislativo, em nada contribuir para a solução da grave crise em que o país de encontra mergulhado, em termos de criminalidade, em todas às suas matizes e dimensões, motivos da insegurança que grassa Brasil afora.
É evidente que o governo, mostrando a realidade sobre o que ele pretende realizar com seus projetos já enviados ao Congresso, inclusive enfatizando a urgência deles, ele estaria transferindo, de maneira clara, objetiva e inteligente, a responsabilidade sobre a sua aprovação para o Legislativo, que assumiria o ônus sobre possíveis alterações e ainda mais pela demora na sua discussão e aprovação.
Quando se critica o governo, com muita veemência, é porque ele se mostra realmente claudicante em matéria de estratégia política para a resolução das questões que poderiam ter melhor penetração no Congresso se ele fosse experto e maleável, em termos de negociação e encaminhamento das matérias que são exclusivamente do interesse dos brasileiros e não dele, mas a compreensão que se tem é que elas precisam ser alteradas por quem discorda do presidente, justamente para não atender aos interesses dele, quando o que estar em jogo diz respeito às causas da população e não do governo.
À toda evidencia, há muitíssimas dificuldades para o governo conseguir aprovar seus projetos tal qual na forma enviada ao Congresso Nacional, se realmente não tiver a ajuda da população, não exatamente sobre matéria especifica, mas sim sob o enfoque maior do governo, que precisa dizer à sociedade, por exemplo, as metas que ele realmente pretende atingir no projeto anticrime, discriminando-as, em detalhes, e enaltecendo a sua real importância com a aprovação na sua integralidade, e, assim, sucessivamente, com relação às demais matérias, de modo que haveria muito mais objetividade, sem agredir a autoridade dos parlamentares, e isso criaria impacto junto à sociedade e ajudaria a sensibilizá-los na aprovação dos projetos, inclusive com maior rapidez.    
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 7 de outubro de 2019 

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