Na
crônica intitulada “O preço da imaturidade”, que trata da análise sobre campanha publicitária milionária para tentar
influenciar a opinião pública a contribuir para mostrar aos parlamentares a
premência da aprovação do projeto anticrimes, foi dito que é infrutífera,
extemporânea e infantil a atitude do governo, por apenas jogar fora, pelos
ralos da incompetência e da irresponsabilidade, a bagatela de dez milhões de
reais, que poderiam ser aplicados, com proveito, em saúde, educação, estradas,
segurança pública ou outra atividade em benefício da sociedade.
À
toda evidência, não será por meio de companha publicitária, com viés
visivelmente apelativo, que os parlamentares vão se conscientizar sobre o que realmente
significa trabalhar em defesa do interesse público, porque sobre isso eles
nunca vão se tocar, quando está em jogo é realmente o interesse político
pessoal.
Em
demonstração de sensibilidade para com a questão enfocada na crônica em causa,
o professor Xavier Fernandes, sempre antenado com a essência dos fatos da vida,
ponderou nesse sentido, verbis: “Parabenizo o
ilustre mestre Adalmir, pela aula de conhecimento e conscientização sobre esse
fato novo que é pertinente e tem um efeito imediato, haja vista que já estamos
opinando e discutindo acerca da sua eficácia. Na minha modesta opinião, diante
do quadro político que estamos assistindo, essa campanha publicitária é como se
fosse um apelo, um grito de socorro, que o governo faz à população, mostrando o
grau de dificuldade que enfrenta com o Congresso. Vejamos como têm sido todas
as propostas que o governo tem mandado para o Congresso, que estão sendo quase
que totalmente desidratadas, perdem a essência e a eficácia, sobrando quase
nada. Há um boicote não só ao governo, mas um sentimento em prejudicar o país,
a sociedade. Pois essa é a moral da história. Quando as medidas são boas para o
país, não agradam aos senhores parlamentares. O governo conscientiza a
população para pressionar o congresso e o faz através dessa campanha, que é um instrumento
impactante para que o Parlamento entenda que a lei é de total interesse e de
urgente necessidade para a população, que vive refém da criminalidade, sem
liberdade de ir e vir. Portanto, essa estratégia do governo vai ser sempre
usada pelo sufoco que passa, por justamente não querer usar a barganha do toma
lá dá cá. Que custaria muito mais de 10 milhões, no caso da barganha com a
referida campanha publicitária. Já há, de primeira mão, um forte debate sobre o
assunto. Isso significa que o povo está tomando conhecimento daquilo que lhe é
essencial. Somos todos convocados a discutir e debater esse assunto tão
importante. Eis aí já o efeito da campanha. Diante da resistência do boicote ao
país, essa é a estratégia que é usada para o governo ficar isento de culpabilidade
e jogar a responsabilidade nas costas do Congresso. Quando uma matéria dessa
natureza é indispensável para a sobrevivência e defesa do conjunto maciço da
população, que implora por segurança e vive marginalizada por conta da grande
violência que destrói a liberdade dos homens e das mulheres de bem. A oposição
rejeita tudo que o governo faz... Tem que mostrar o verdadeiro cenário que
acontece e o povo precisa saber quem é quem. Viva o Brasil e morra a corrupção
e a criminalidade.”.
Em resposta à abalizada avaliação do mestre Xavier Fernandes, é
importante se frisar que não há a menor dúvida de que o seu raciocínio é
brilhante e seria plenamente válido se realmente os parlamentares, que se
consideram os donos da verdade, tivessem o mínimo de respeito ainda que fosse
por aqueles que são os seus eleitores.
Na
atualidade, há verdadeiro confronto incrustado no seio da famigerada polarização
político-ideológica, que nunca vai se acabar e vem causando terrível prejuízo
aos interesses dos brasileiros, diante da tomada de infundada e injustificável posição
entre ideologias, em que tudo será feito na tentativa de destroçar os projetos
do governo e, por via de consequência, os interesses da população.
Na
minha estreita avaliação, a antecipação de programa publicitário teria
realmente valia se não fosse esse dramático estado de inconsequente e ferrenha disputa
de ideias, em que a oposição ao governo, que é constituída exatamente por quem
tem incumbência de legislar para o Brasil, não estivesse na trincheira do
desafio até mesmo contra quem os elegem, que são estrondosa colônia de ingênuos
desinteressados em política, que normalmente os reelegem, sem a menor
dificuldade, para o fim exclusivamente de defender os próprios interesses.
Infelizmente,
há extraordinária incapacidade governamental de, vez em quando, explorar
lampejo de estratégia na tentativa de furar essa terrível bolha inflada pelos
opositores ao governo, mas a forma como idealizada se esbarra justamente na
imaturidade, diante da falta de estrategistas de qualidade e experiência políticas,
de modo que a publicidade não pareça que se trata de crítica ácida e direta ao
trabalho do Legislativo, porque isso não vai resolver absolutamente nada e
ainda tem o condão de intensificar os ânimos, que estão acima da linha das Cordilheiras,
em estado de completa intolerância, diante do estilo próprio adotado pela
governança, que tem sido de menos tolerância, nenhuma diplomacia e muito mais
confronto, o que somente contribuem para o distanciamento da convergência de
ideais e pensamentos capazes de se unir esforços na solução dos graves
problemas nacionais.
Na
minha restrita avaliação, somente há salvação para o governo se ele trabalhar
com a salutar estratégia de anunciar e publicitar exatamente o que ele pretende,
para o bem da sociedade, com relação aos projetos já encaminhados ao Congresso
Nacional, explicando, em detalhes, as reais estratégias de governo para se
atingir determinados objetivos, por meio das políticas que ele se propõe a implementar,
de acordo com a sua visão, por exemplo para a segurança pública, mostrando exatamente
qual a finalidade das medidas sugeridas e os resultados pretendidos, sob pena
de a sua transfiguração, no Legislativo, em nada contribuir para a solução da grave
crise em que o país de encontra mergulhado, em termos de criminalidade, em
todas às suas matizes e dimensões, motivos da insegurança que grassa Brasil
afora.
É
evidente que o governo, mostrando a realidade sobre o que ele pretende realizar
com seus projetos já enviados ao Congresso, inclusive enfatizando a urgência
deles, ele estaria transferindo, de maneira clara, objetiva e inteligente, a
responsabilidade sobre a sua aprovação para o Legislativo, que assumiria o ônus
sobre possíveis alterações e ainda mais pela demora na sua discussão e
aprovação.
Quando
se critica o governo, com muita veemência, é porque ele se mostra realmente claudicante
em matéria de estratégia política para a resolução das questões que poderiam
ter melhor penetração no Congresso se ele fosse experto e maleável, em termos
de negociação e encaminhamento das matérias que são exclusivamente do interesse
dos brasileiros e não dele, mas a compreensão que se tem é que elas precisam
ser alteradas por quem discorda do presidente, justamente para não atender aos
interesses dele, quando o que estar em jogo diz respeito às causas da população
e não do governo.
À
toda evidencia, há muitíssimas dificuldades para o governo conseguir aprovar
seus projetos tal qual na forma enviada ao Congresso Nacional, se realmente não
tiver a ajuda da população, não exatamente sobre matéria especifica, mas sim
sob o enfoque maior do governo, que precisa dizer à sociedade, por exemplo, as
metas que ele realmente pretende atingir no projeto anticrime, discriminando-as,
em detalhes, e enaltecendo a sua real importância com a aprovação na sua
integralidade, e, assim, sucessivamente, com relação às demais matérias, de
modo que haveria muito mais objetividade, sem agredir a autoridade dos
parlamentares, e isso criaria impacto junto à sociedade e ajudaria a sensibilizá-los
na aprovação dos projetos, inclusive com maior rapidez.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 7 de outubro de 2019
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