No
dia 13 do fluente mês, o papa irá canonizar, no Vaticano, a primeira mulher
brasileira, conhecida popularmente pelo “Anjo Bom” da Bahia.
A
Irmã Dulce se tornará santa com os méritos de quem protagonizou exemplar obra
de caridade que a fez verdadeira santa ainda quando estava viva e não sabia
fazer outra coisa senão amar o próximo, por meio de suas magníficas obras de
assistência social, sendo justíssima a sua entronização nos altares
brasileiros.
A
Santa Irmã Dulce dedicou a sua vida, já a partir da juventude, aos pobres de
pão e água e aos doentes do corpo ou da alma.
Nas
livrarias brasileiras, já começa a ser vendida uma das melhores e mais
completas de sua biografia e se trata do livro intitulado “Irmã Dulce, a Santa
dos Pobres” (editora Plansseta), cuja obra é resultado de quase uma década de
pesquisas realizadas pelo autor, em Salvador, onde ela nasceu e viveu a maior
parte de seus 78 anos, e também de estudos e busca de documentação no Vaticano,
na França e nos EUA.
Já
se encontra nas livrarias o livro que destaca, sobretudo, o método seguido pela
Irmã Dulce, que, sem o menor constrangimento, pedia ajuda financeira para as
suas obras sociais, principalmente aos poderosos da política, com quem ela mantinha
importante relação de confidência e amizade.
Consta
do livro que o último presidente do regime militar fez visita a Salvador e se deparou
com as condições precárias do Hospital Santo Antônio, no qual a Irmã Dulce
acolhia necessitados, e ele não conseguiu conter as lágrimas e chorou, tendo
prometido ajudá-la.
O
tempo passou e nada da ajuda do governo federal, mas, em 1982, ela novamente
esteve com o então presidente e cobrou a ajuda, olhos nos olhos, mas o ex-presidente
brincou, dizendo que iria assaltar um banco para auxiliá-la, com o que a Irmã Dulce
retrucou, em tom de brincadeira: “assaltar banco, é só avisar que vou junto”,
tendo resultado em risada e mais risada, mas o certo é que o gozador presidente
fez importante doação às obras da religiosa, por meio do então Ministério do
Planejamento, no valor de cerca de R$ 4,5 milhões, no dinheiro da época, cujo montante
atualizado corresponde, atualmente, a 50 milhões de reais.
O
livro relaciona os principais políticos que eram também amigos e benfeitores das
obras da Irmã Dulce, citando o ex-governador da Bahia, ex-ministro e ex-senador,
e os ex-presidentes Eurico Gaspar Dutra e José Sarney, sendo que, deste, ela
possuía o número do telefone privativo de emergência, o chamado telefone
vermelho, instalado no gabinete presidencial, a quem ela precisou fazer pedidos
de socorro, por várias vezes.
Quando
era senador, o político maranhense disse à Irmã Dulce: “Sou indigno de fazer
outra coisa, senão lhe beijar os pés”, tamanho era a sua veneração à pessoa
que cuidava dos pobres, como poucos na face da Terra.
Consta
do livro que a Irmã Dulce jamais passava por aperto e quando precisava era
capaz até de furtar, evidentemente no bom sentido do termo, mas o fazia com a
maior decência e transparência, posto que sempre deixava bilhetes com o aviso
sobre o furto de alguma coisa, que nominava, como fez com um comerciante, dono
de loja de material de construção, quando ela precisou levar uma furadeira.
O
livro narra histórias interessantes vividas pela Irmã Dulce, a exemplo da que
foi passada entre ela e o escritor Paulo Coelho, um dos mais traduzidos em todo
o mundo, e se deu da seguinte maneira: o escritor tinha vida conturbada,
inclusive ele chegou a ser internado compulsoriamente em clínica de tratamento.
Certa
feita ele conseguiu fugir da clínica e foi ao encontro da Irmã Dulce, em
Salvador, quando narrou a ela a sua história de vida, por perceber nela confidente,
atenta e aplicada ouvinte, mas, no final da conversa, ele disse à religiosa que
precisava de passagem de ônibus para voltar à sua cidade, pois estava sem
dinheiro. Sem titubear, ela escreveu mensagem em pedaço de papel e assinou isso:
“vale um bilhete de viagem”.
Para
a surpresa do escritor, bastou a apresentação o papel ao motorista, que reconheceu
a autenticidade da assinatura da Irmã Dulce e imediatamente permitiu o embarque
do hoje célebre e renomado escritor brasileiro.
O
famoso escritor Paulo Coelho escreveu a seguinte mensagem para a então freira, verbis:
“Muito obrigado, Irmã Dulce, por seus dois milagres: matar a fome de alguém e permitir
a volta do filho pródigo.”.
A
história da Irmã Dulce é riquíssima de envolvimento em maravilhosos
acontecimentos, que realmente precisavam ser contados em livro, mostrando a sua
expressiva dedicação aos doentes, aos famintos, aos desorientados, aos
abandonados e a outros relegados pela sociedade, mas acolhidos com muitíssimo
amor, porque o seu coração fluidificava os ricos e saudáveis ensinamentos de Jesus
Cristo, que professava a necessidade a acolhida aos desvalidos, como forma de
puro amor ao próximo, como a si mesmo, em prova do sacrifício da própria vida.
Trata-se
e vida purificada pela abnegação às causas da caridade, do amor e da fé, em
condições extremamente precárias, mas as suas obras sempre progrediram diante
da sua persistência e da sua força da superação e da busca cada vez mais de
novas conquistas em benefício de seu semelhante, sempre animada pela a sua
inabalável fé, por acreditar que tudo era possível em nome de Deus.
O
esforço e a dedicação materializados no legado da Irmã Dulce certamente levariam
à canalização da sua imagem para o caminho da santificação, como vai ser
realizado pelo Vaticano, em reconhecimento da sua gloriosa vida, porque é a uma
das formas de recompensa divina para quem somente praticou o bem ao próximo e
de forma substancial em benefício de causa essencialmente humanitária.
Em
síntese, tudo o que está acontecendo agora tem o condão de mostrar a grandeza da
freirinha brasileira e o respeito que todos tinham pela gloriosa e carismática religiosa,
porque, para ela, tudo tinha muita importância e terminava convergindo para a realização
das obras de Deus, sob a simpatia e a singeleza angelicais da sua sedução cristã,
tendo por primado os princípios da benevolência e da caridade, que, além de merecerem
os maiores respeito e admiração, agora são reconhecidos em forma de eternização
de seu nome, com a valorização dos milagres a ela atribuídos e a concessão do título
máximo outorgado pela Santa Igreja Católica, como a primeira santa genuinamente
brasileira, que passa a ser venerada pelo nome de Santa Dulce dos Pobres.
Brasília, em 2 de outubro de 2019
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