terça-feira, 22 de outubro de 2019

Príncipe da República?

O presidente da República vem demonstrando seu sentimento peculiar para criar confusões das grandes, em especial no seio do Congresso Nacional, notadamente quando aparenta reinar a calmaria.
Como reboliço pequeno não surte os efeitos ao gosto dele, desta feita, ele escolheu o próprio partido para provocar abalos nas suas estruturas, mexendo  com os seus principais aliados.
Ele conseguido causar o racha entre os parlamentares fiéis a ele e os defensores do presidente do PSL e, de quebra, o seu destempero teve o condão de tumultuar os passos finais da discussão da Reforma da  Previdência, a mãe de todas as reformas, ansiosamente esperada pelos brasileiros ávidos pela retomada do desenvolvimento econômico e social, prometida pelo próprio governo.
Há esperança de que os ânimos se amainem e, finalmente, essa reforma tenha data de agenda marcada para votação em segundo turno, no Senado Federal, o mais breve possível, depois dos solavancos já acontecidos até o momento.
Jamais alguém poderia imaginar que o presidente do país seria capaz de criar, de supetão, tamanho escarcéu político logo no seio de seus principais correligionários e apoiadores, no exato momento em que mais se precisava deles, em termos de equilíbrio e tranquilidade.
Era completamente imaginável que ele seria capaz de apontar a sua potente metralhadora em direção ao presidente do seu partido, para desferir disparos com o propósito de atingi-lo quase que mortalmente, por meio de verborragias espinafrando o líder da legenda, que foi tratado como alguém queimado, desprestigiado, enquanto os estilhaços de suas palavras acusavam os correligionários de corrupção em um ambiente de total conflagração intestina.
De repente, a base de apoio do governo, que já era frágil, se esfacela no Congresso, no momento crucial para os interesses do país, havendo até quem acredite na convocação de obstruções em série, em represália ao governo e sugira discussões para reformular a estrutura do Poder Executivo.
Falam-se em redução de quórum nas sessões plenárias, com vistas a tumultuar o andamento de votações, de modo a se permitir a procrastinação de apoios, entre outras medidas de represálias ao governo, tamanha tem sido a insatisfação contra o presidente.
Congressistas passaram a falar abertamente em boicote, inconformados com a operação deflagrada pela Polícia Federal de buscas e apreensões orquestradas nos endereços do presidente do partido, alvo das queixas do mandatário brasileiro.
Nesse horrível episódio, ficou muito evidente que o presidente jogou duro para ganhar o comando da legenda, pretendendo dar as cartas, ao seu estilo, nas eleições municipais de 2020, o que não seria possível na situação atual, conforme ficou patente com a clara cisão das duas alas distintas.
Por sua vez, o partido tem procurado defender e consolidar a força e a expressão nacionais angariadas na última eleição, inclusive com a vitória do próprio presidente da República.
Cada vez mais ficam explícitas as verdadeiras intenções de cada político, que são de tirar proveito da situação, de modo a defender seus interesses pessoais e políticos, visando à conquista de posições estratégicas, se possível com a queda dos próprios aliados, na forma da perda de força política, no clássico entendimento de que trata-se de nova gestão, mas com os velhos e maquiavélicos métodos, conforme mostram as táticas defendidas pelo capitão reformado do Exército, que segue incontrolável, sem freios e sem pudores, visando tão somente à satisfação dos próprios interesses, sem se preocupar com a observância dos princípios democrático e republicano.
O certo é que a atuação política do presidente do país tem sido bastante questionável, diante dos fatos criados por ele, justamente em momento especial para o Brasil, como agora, em que a reforma da Previdência pende da boa vontade do Congresso, mas ainda precisa da calmaria no âmbito dos poderes Executivo e Legislativo, algo que não será fácil se esse clima beligerante se mantiver aceso mediante a impetuosidade de quem deveria ser exatamente o contrário e agir como verdadeiro estadista, pensando apenas nos interesses do Brasil.
É fácil se observar que a inabilidade política do presidente destoa diametralmente do que havia sido prometido na campanha eleitoral, tendo como lema principal o sentimento reinante de mudanças radicais para a segurança dos brasileiros, que já não suportavam mais os absurdos das instabilidades patrocinadas por governantes desastrados que levaram o Brasil à ruína e à bancarrota, com seus projetos deliberadamente destinados a agradar aos segmentos sociais, em detrimento das políticas de globalização nacional, obrigando o país ao padecimento das crises históricas, com abrangência social, política, econômica, moral e administrativa, entre outras.
Tem sido muito difícil para os brasileiros acreditarem em políticos desconhecidos da vida nacional, diante do pouco efetivamente produzido, que se sustentam em argumentos falaciosos e de pouca consistência, como tem se revelado o presidente da República.
Como se sabe, ele se elegeu, em especial, sob a égide das promessas de transformação e mudanças na forma de governar, mas, pelo menos, a demonstração de sobressaltos na sua gestão é de estarrecer a quem imaginava que muitos atos absurdos e estranhos protagonizados por ele jamais pudessem acontecer, principalmente na forma que houve com o seu relacionamento com o próprio partido, onde a sujeira de suas roupas poderia ter sido lavada internamente, sem necessidade do alvoroço criado por ele, que terminou tendo drásticas repercussões no âmbito do Congresso, com evidente reflexo extremamente prejudicial contra o interesse dos brasileiros.  
          Os brasileiros amantes dos salutares princípios do bom senso e da razoabilidade, anseiam por que o presidente da República abandone, em definitivo o seu gosto maquiavélico das abomináveis fanfarras e confusões prejudiciais ao interesse público, fazendo uso do principal cargo da República, para passar a se dedicar ao tão ansiado exercício do cargo para o qual ele foi eleito, por maioria esmagadora dos eleitores, de modo a tomar gosto como verdadeiro estadista, com a opção para realmente governar, com exclusividade, para e em nome dos brasileiros, conforme manda o figurino inerente ao cargo, que tem por alicerce o sentimento do equilíbrio e da sensatez, com embargo de conflitos e confusões que em nada combinam com a indignidade e a liturgia de príncipe da República.
Brasil: apenas o ame!
         Brasília, em 22 de outubro de 2019

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