quinta-feira, 24 de outubro de 2019

A velhice é bonita


Quando lia algumas mensagens versando sobre a velhice, confesso que, em algum momento, me emocionei e, depois, refleti como é bom para o coração ler escritos que dizem de importante e diretamente sobre esse tema, a despeito do seu pouco ou nenhum interesse por ele, por parte de muitas pessoas.
De imediato, pensei que que eu precisava trazer à baila essas mensagens de respeito e amor à velhice e decidi transcrevê-las e publicá-las na minha página na internet, como forma de se chamar a atenção para assunto muito delicado e especial, que deve  estar em evidência, de forma permanente.
Eis os aludidos textos:
As folhas do outono não caem porque querem e sim porque é chegada a hora.”.      Autor desconhecido

Minha natureza é envelhecer.
Não há nenhum modo de escapar do envelhecimento.
Minha natureza é ter doença e saúde.
Não há nenhum modo de escapar de ter doença e saúde.
Minha natureza é morrer.
Não há nenhum modo de escapar da morte.
Tudo o que desejo a todos a quem amo é ter a natureza da mudança.
Não há nenhum modo de escapar de mudança.
Minhas mãos são meus únicos pertences verdadeiros.
Eu não posso escapar das consequências de minhas ações.
Minhas ações são o solo onde estou.”.     Buda

A beleza da Velhice
O filho pequeno, com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas ainda não entendeu seu significado, pergunta à sua mãe:
- ‘Mamãe, o que é velhice?’.
Na fração de segundos antes da resposta, ela fez uma viagem ao passado. Lembrou-se dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções. Sentiu todo o peso da idade e da responsabilidade em seus ombros. Tornou a olhar para o filho que, sorrindo, aguardava uma resposta:
- ‘Olha para o meu rosto, filho!’.
- ‘Isto é a velhice.’.
E imaginar o garoto vendo as rugas e a tristeza em seus olhos.
Depois de alguns instantes, o menino respondeu:
- ‘Mamãe! Como a velhice é bonita!’”.        Paulo Coelho

Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tenho estas mãos tão sem forças, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não me dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a minha face?”.                                                                                  Cecília Meireles

“Só na velhice a forma está na força do sopro.
Respeito Lázaro, que a custo de um milagre faleceu duas vezes.
O medo é de dormir na luz.
Lamento ter sido indiscreto com minha dor e discreto com minha alegria.
Só na velhice a mesa fica repleta de ausências.
Chego ao fim, uma corda que aprende seu limite após arrebentar-se em
música.
          Creio na cerração da manhã.
          Conforta-me em ser apenas humano.
        Envelheci, tenho muita infância pela frente.”.  Fabrício Carpinejar

          O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice.
          Colhe, pois, a sabedoria.
      Armazena suavidade para o amanhã”.  Leonardo da Vince

          Oração do Idoso
Bem-aventurados aqueles que compreendem os meus passos vacilantes e as minhas mãos trêmulas.
Bem-aventurados os que levam em conta que meus ouvidos captam as palavras com dificuldades. Por isso, procuram falar-me mais alto e pausadamente.
Bem-aventurados os que percebem que meus olhos já estão nublados e as minhas reações são lentas.
Bem-aventurados os que desviam o olhar, simulando não ter visto o café, que, por vezes, derrama sobre a mesa.
Bem-aventurados os que sorriem e falam comigo.
Bem-aventurados os que me dizem: ‘Você já me contou isso várias vezes!’.
Bem-aventurados os que me ajudam, com carinho, a atravessar a rua.
Bem-aventurados os que me fazem sentir que sou amado e não estou abandonado, tratando-me com respeito.
Bem-aventurados os que compreendem quanto me custa encontrar forças para aguentar minha cruz.
Bem-aventurados os que me amenizam os últimos anos sobre a Terra.
Bem-aventurados todos aqueles que me dedicam afeto e carinho, fazendo-me assim pessoa em Deus.
Quando entrar na eternidade, lembrar-me-ei deles, junto ao Senhor!
Amém!”.     Autor desconhecido
         
Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes, basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar.
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.                                                              Cora Carolina

Na verdade, é bem correto se dizer que os espelhos onde faram perdidas nossas faces são exatamente aqueles nos quais ficaram refletidas as autênticas atitudes e condutas pessoais, dependendo muito dos resultados bons ou ruins, quando as imagens hão de reluzir com perfeição e inafastável fidelidade tudo o que fomos e somos.   
Fora de dúvidas, as folhas do outono tremulam permanente e intensamente dentro de nossos corações, no seu verde sempre reluzente, na medida em que a sua duração seja o suficiente para que possamos amar nosso próximo com verdade e pureza de sentimentos, na certeza de que a velhice tenha real sentido e seja precisamente muito bonita, na singela palavra de uma criança, que entende como ninguém a perfeição das belezas da vida.
Brasília, em 24 de outubro de 2019  

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