Quando
lia algumas mensagens versando sobre a velhice, confesso que, em algum momento,
me emocionei e, depois, refleti como é bom para o coração ler escritos que
dizem de importante e diretamente sobre esse tema, a despeito do seu pouco ou
nenhum interesse por ele, por parte de muitas pessoas.
De
imediato, pensei que que eu precisava trazer à baila essas mensagens de respeito
e amor à velhice e decidi transcrevê-las e publicá-las na minha página na
internet, como forma de se chamar a atenção para assunto muito delicado e
especial, que deve estar em evidência,
de forma permanente.
Eis
os aludidos textos:
“As
folhas do outono não caem porque querem e sim porque é chegada a hora.”. Autor desconhecido
“Minha
natureza é envelhecer.
Não
há nenhum modo de escapar do envelhecimento.
Minha
natureza é ter doença e saúde.
Não
há nenhum modo de escapar de ter doença e saúde.
Minha
natureza é morrer.
Não
há nenhum modo de escapar da morte.
Tudo
o que desejo a todos a quem amo é ter a natureza da mudança.
Não
há nenhum modo de escapar de mudança.
Minhas
mãos são meus únicos pertences verdadeiros.
Eu
não posso escapar das consequências de minhas ações.
Minhas
ações são o solo onde estou.”. Buda
A
beleza da Velhice
“O
filho pequeno, com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra, mas ainda não
entendeu seu significado, pergunta à sua mãe:
-
‘Mamãe, o que é velhice?’.
Na
fração de segundos antes da resposta, ela fez uma viagem ao passado. Lembrou-se
dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções. Sentiu todo o peso da
idade e da responsabilidade em seus ombros. Tornou a olhar para o filho que,
sorrindo, aguardava uma resposta:
-
‘Olha para o meu rosto, filho!’.
-
‘Isto é a velhice.’.
E
imaginar o garoto vendo as rugas e a tristeza em seus olhos.
Depois de alguns
instantes, o menino respondeu:
-
‘Mamãe! Como a velhice é bonita!’”. Paulo Coelho
Retrato
“Eu não tinha este rosto
de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tenho estas mãos
tão sem forças, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem
se mostra.
Eu não me dei por esta
mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a
minha face?”. Cecília Meireles
“Só na velhice a forma está na força do sopro.
Respeito
Lázaro, que a custo de um milagre faleceu duas vezes.
O medo é de
dormir na luz.
Lamento
ter sido indiscreto com minha dor e discreto com minha alegria.
Só na velhice a mesa
fica repleta de ausências.
Chego ao fim, uma corda
que aprende seu limite após arrebentar-se em
música.
Creio na cerração da manhã.
Conforta-me
em ser apenas humano.
Envelheci,
tenho muita infância pela frente.”. Fabrício Carpinejar
“O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice.
Colhe, pois,
a sabedoria.
Armazena
suavidade para o amanhã”. Leonardo da
Vince
Oração do Idoso
“Bem-aventurados aqueles
que compreendem os meus passos vacilantes e as minhas mãos trêmulas.
Bem-aventurados os que
levam em conta que meus ouvidos captam as palavras com dificuldades. Por isso,
procuram falar-me mais alto e pausadamente.
Bem-aventurados os que
percebem que meus olhos já estão nublados e as minhas reações são lentas.
Bem-aventurados os que desviam
o olhar, simulando não ter visto o café, que, por vezes, derrama sobre a mesa.
Bem-aventurados os que
sorriem e falam comigo.
Bem-aventurados os que
me dizem: ‘Você já me contou isso várias vezes!’.
Bem-aventurados os que
me ajudam, com carinho, a atravessar a rua.
Bem-aventurados os que
me fazem sentir que sou amado e não estou abandonado, tratando-me com respeito.
Bem-aventurados os que
compreendem quanto me custa encontrar forças para aguentar minha cruz.
Bem-aventurados os que me
amenizam os últimos anos sobre a Terra.
Bem-aventurados todos
aqueles que me dedicam afeto e carinho, fazendo-me assim pessoa em Deus.
Quando entrar na eternidade,
lembrar-me-ei deles, junto ao Senhor!
Amém!”. Autor desconhecido
“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que
nada do que vivemos tem sentido se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes, basta ser: colo que acolhe, braço que envolve,
palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que
corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar.
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Cora
Carolina
Na
verdade, é bem correto se dizer que os espelhos onde faram perdidas nossas
faces são exatamente aqueles nos quais ficaram refletidas as autênticas atitudes
e condutas pessoais, dependendo muito dos resultados bons ou ruins, quando as
imagens hão de reluzir com perfeição e inafastável fidelidade tudo o que fomos
e somos.
Fora
de dúvidas, as folhas do outono tremulam permanente e intensamente dentro de nossos
corações, no seu verde sempre reluzente, na medida em que a sua duração seja o
suficiente para que possamos amar nosso próximo com verdade e pureza de
sentimentos, na certeza de que a velhice tenha real sentido e seja precisamente
muito bonita, na singela palavra de uma criança, que entende como ninguém a
perfeição das belezas da vida.
Brasília, em 24 de outubro de 2019
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