sábado, 26 de outubro de 2019

Os trapalhões na política


A ex-líder do governo no Congresso Nacional, uma deputada federal por São Paulo, afirmou que o envolvimento do Palácio do Planalto na articulação frustrada, no primeiro momento, para destituir o deputado da liderança do PSL, na Câmara dos Deputados, e pôr no cargo o deputado federal filho do presidente da República evidencia-se "irregular" e "imoral".
 A referida parlamentar afirmou que "Você não pode usar a estrutura de um palácio, do Executivo, para interferir em outro Poder. É absolutamente irregular. É absolutamente imoral. Não se pode fazer isso".
Segundo a deputada, o movimento envolveu um "grupelho" e "algumas pessoas que foram realmente pressionadas" em prol do deputado filho do presidente.
As declarações foram feitas numa transmissão no YouTube, onde ela rebateu acusações de ter traído o presidente, tendo afirmado que "Eu defendo o presidente da República. Continuarei defendendo, mas não posso defender moleques que têm atrapalhado esse País", fazendo alusão direta aos filhos do presidente.
Durante a transmissão, a deputada também fez duras críticas aos filhos do presidente do país, quando afirmou que "Todas as grandes crises envolvendo mandato de Bolsonaro têm os filhos envolvidos.".
Impende se ressaltar que a mencionada parlamentar foi destituída da liderança do governo no Congresso em meio à implosão do partido, que ainda passa por enorme crise interna.
A situação da deputada ficou insustentável após ela ter assinado lista de apoio à permanência do deputado na liderança do partido na Câmara, que depois veio a ser destituído pelo filho do presidente.
É preciso que a verdade seja, finalmente, dita para que a nação não tenha dúvida de que os filhos do presidente do país já deveriam ter sido calados há muito tempo, ficando proibidos de se manifestar senão com relação às suas atividades parlamentares, sem sequer mencionar que eles têm pai-presidente, porque este exerce, no momento, o cargo de mandatário do Brasil, que não tem nada com a atividade do lar, inerente à paternidade, que é outra coisa completamente distinta e não pode se confundir em momento algum, nem se misturar, à luz dos princípios do bom senso e da razoabilidade.
Só pelo fato de ser família profissionalizada na política, algo extremamente inusitado na história da República, em que o pai é presidente do país, um filho é senador, outro é deputado federal e ainda tem um deputado estadual, isso demonstra indiscutível promiscuidade com a coisa pública, dando a entender, salvo melhor juízo, que essa profissionalização não é nada construtiva nem benéfica para o interesse público, porque já está mais do que comprovado que os insensatos filhos imaginam, a todo instante, que o governo é o lar deles, tendo o direito de se meter onde eles não têm nem afinidade e muito competência para opinarem sobre os assuntos que precisam ser tratados e resolvidos diretamente pelo pai, no âmbito da Presidência da República.
Ou seja, como os filhos já demonstraram que não tiveram, no berço, como devia, orientação e instrução suficientes, o Palácio do Planalto passou a ser a verdadeira casa da “Mãe Joana”, em que os filhos do presidente se acham no direito de ter exclusivo assessoramento ao lado do gabinete do presidente, a exemplo do denominado “gabinete do ódio”, onde funciona pessoas indicadas por um dos filhos do presidente para darem orientações estapafúrdias e até despropositadas para o pai dele, conforme foi amplamente divulgado na mídia.
Por seu turno, tem sido useiro e vezeiro, os filhos do presidente fazerem declarações bombásticas à nação, fazendo as vezes de porta-voz do Palácio do Planalto, justamente para colherem o sentimento da opinião pública sobre o tema certamente do interesse do governo, que não se digna a tratar dele diretamente, por temer a reação nem sempre favorável ou do agrado do pai.
A reação da deputada que se insurgiu contra as inadmissíveis presepadas protagonizadas pelos desastrados e trapalhões filhos do presidente do país, conforme ficou evidente no primeiro episódio da tentativa de substituição do líder do partido na Câmara dos Deputados, deixa muitíssimo cristalino o sentimento da expressiva maioria dos brasileiros sensatos.
Na verdade, os brasileiros, que primam pelo bom senso e pela razoabilidade, entendem que essa promiscuidade de interesses existentes na família trapo já deveria ter sido eliminada há bastante tempo, para o bem deles próprios e do país, em clara demonstração, principalmente, da necessidade do aperfeiçoamento dos princípios democrático e republicano, tendo em conta que é preciso que cada membro da família apenas exerça o cargo para o qual tenha sido eleito, observando rigorosamente a liturgia e a finalidade institucional dele, como forma de contribuição positiva e efetiva ao bem do Brasil e dos brasileiros.    
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 26 de outubro de 2019    

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