Tempos
atrás, falava-se sobre a vocação musical do povo de Uiraúna, na Paraíba, em se
profissionalizar nessa arte tão importante, tendo eu, na ocasião, relatado que
teria sido uma dessas pessoas que quase, por muito pouco, não se tornaria
também músico, depois de estar muito próximo de ingressar na única e principal banda
de música da cidade, a famosa banda Jesus, Maria e José.
Diante
desse fato, o professor Xavier Fernandes houve por bem me consolar, ao proferir
a seguinte mensagem, de pura sapiência: “Caríssimo conterrâneo
Adalmir, não se torture porque você não conseguiu emplacar na arte musical. O
destino não permitiu que o professor Ariosvaldo Fernandes (Meu pai. In memoriam)
fizesse de você um grande músico como tantos outros da sua geração. Pois, digo
sem medo de errar: Você tinha todas as condições de tornar-se um grande músico,
porque a música é exatamente isso, a manifestação dos sentimentos por meio dos
sons. O mesmo que você faz toda hora. brincando com as palavras, inspirado a
escrever e descrever infinitos textos, com os mais diversos e inteligentes
conteúdos. E assim também, faria você com as notas musicais, com a mesma
inspiração, fazendo o uso das notas musicais em infinitas melodias. Com
certeza, seria um grande compositor, um maestro. Com essa mesma criatividade e
desenvoltura que tem com as letras, transformando-as em melodias e harmonias
fascinantes com os improvisos do seu vasto mundo interior. Você já pensou como
seria uma peça sinfônica escrita e arranjada pelo maestro Adalmir, com o mesmo
sentimento que impõe nos seus textos? Volto a afirmar: aos invés de grande
escritor, hoje, com a sua competência, estaríamos vendo e assistindo o
conterrâneo maestro regente da orquestra sinfônica de Brasília in concert. Que
pena você mudou o rumo, mas, por outro lado, ganhamos um grande e ilustre
escritor que nos enche de orgulho e vaidades. Brilhante uiraunense! Não foi
músico compositor, mas, sim, um exímio escritor. Um ilustre intelectual
merecedor do nosso respeito e admiração. Não toca a música do som, mas tece os
vocábulos em prefeitos conteúdos que envolve o espírito e a paixão, sua
partitura. Concretiza-se em brilhantes textos para verdadeiras aulas em
leituras. Mestre das letras. Grande na Cultura!”.
Em resposta, eu disse ao mestre e sábio Xavier
Fernandes sobre a felicidade de apreciar o primor da escrita que lhe é peculiar,
afirmando que ele, mais uma vez, brinda-me com excelente e interessante texto, em
comentário que mostra a riqueza do seu vocabulário, com o emprego de
adjetivações muito além do que, enfatizo, mereço, porque apenas tento transmitir,
com meus textos, um pouco do que aprendi na longa vida que Deu me permitiu
existir.
Fico honrado com suas palavras enaltecendo o meu
trabalho literário, o que constitui motivo de envaidecimento porquanto fosse real
tudo o que você diz correspondesse à realidade.
Na verdade, não poderia ter motivo algum para me
torturar, muito pelo contrário, porque, não fosse o destino, conforme você
invocou muito apropriadamente, eu teria sido a pessoa mais feliz do mundo se tivesse
me tornado músico de verdade, por obra e graça do famoso professor e maestro
Ariosvaldo Fernandes, que teria conseguido, ao me ensinar, o milagre de tirar
leite de pedra.
Ri
muito sobre as elucubrações quanto à possibilidade de mim tornar, na imaginação
do professor Xavier, “Maestro regente da orquestra sinfônica de
Brasília, in concert. Que pena você mudou o rumo! Mas, por outro lado, ganhamos
um grande e ilustre escritor que nos enche de orgulho e vaidades. Brilhante uiraunense!
Não foi músico compositor, mas, sim, um exímio escritor.”.
Isso
tem muito de carinho ao trabalho literário, que consegue ser assimilado pelas
pessoas na forma que eu sempre imaginei, de permitir que minha experiência de
vida pudesse ser compartilhada com meus irmãos, ávidos por novidade no mundo da
escrita e o faço com muito gosto.
Sinto-me satisfeito em perceber que pessoas
inteligentes culturalmente sentem algo diferente nos meus textos, que objetivam
melhorar um pouco mais a compreensão sobre fatos da vida e isso não poderia ser
melhor retorno para mim, porque é preciso que a gente compreenda que o seu
trabalho tem algo de valor e utilidade social.
Voltando ao cerne da questão aqui enfocada, é evidente
que, olhando para o passado, eu queria muito ser músico, porque eu sentia muito
entusiasmo em ter uma profissão, como a de músico, que me fascinava, mas o destino
da gente fala mais alto e Deus quis que a minha vida tomasse o rumo que foi finalmente
tomado e hoje confesso que teria sido também muito feliz como músico, como sou completamente
realizado como escriba de toda hora.
Agradeço muito o exagerado, mas compreensivo,
carinho do amável mestre Xavier Fernandes ao meu trabalho literário, que tem sido
insistente em estimulá-lo, o que tem o poder de multiplicar a minha
responsabilidade no sentido de nunca o decepcionar quanto aos meus textos.
Que Deus promova a devida recompensa à generosidade
do mestre Xavier Fernandes e ilumine a sua vida e a da sua família com muita
luz.
Brasília, em 25 de outubro de 2019
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