sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O dedo de Deus


Tempos atrás, falava-se sobre a vocação musical do povo de Uiraúna, na Paraíba, em se profissionalizar nessa arte tão importante, tendo eu, na ocasião, relatado que teria sido uma dessas pessoas que quase, por muito pouco, não se tornaria também músico, depois de estar muito próximo de ingressar na única e principal banda de música da cidade, a famosa banda Jesus, Maria e José.
Diante desse fato, o professor Xavier Fernandes houve por bem me consolar, ao proferir a seguinte mensagem, de pura sapiência: “Caríssimo conterrâneo Adalmir, não se torture porque você não conseguiu emplacar na arte musical. O destino não permitiu que o professor Ariosvaldo Fernandes (Meu pai. In memoriam) fizesse de você um grande músico como tantos outros da sua geração. Pois, digo sem medo de errar: Você tinha todas as condições de tornar-se um grande músico, porque a música é exatamente isso, a manifestação dos sentimentos por meio dos sons. O mesmo que você faz toda hora. brincando com as palavras, inspirado a escrever e descrever infinitos textos, com os mais diversos e inteligentes conteúdos. E assim também, faria você com as notas musicais, com a mesma inspiração, fazendo o uso das notas musicais em infinitas melodias. Com certeza, seria um grande compositor, um maestro. Com essa mesma criatividade e desenvoltura que tem com as letras, transformando-as em melodias e harmonias fascinantes com os improvisos do seu vasto mundo interior. Você já pensou como seria uma peça sinfônica escrita e arranjada pelo maestro Adalmir, com o mesmo sentimento que impõe nos seus textos? Volto a afirmar: aos invés de grande escritor, hoje, com a sua competência, estaríamos vendo e assistindo o conterrâneo maestro regente da orquestra sinfônica de Brasília in concert. Que pena você mudou o rumo, mas, por outro lado, ganhamos um grande e ilustre escritor que nos enche de orgulho e vaidades. Brilhante uiraunense! Não foi músico compositor, mas, sim, um exímio escritor. Um ilustre intelectual merecedor do nosso respeito e admiração. Não toca a música do som, mas tece os vocábulos em prefeitos conteúdos que envolve o espírito e a paixão, sua partitura. Concretiza-se em brilhantes textos para verdadeiras aulas em leituras. Mestre das letras. Grande na Cultura!”.
Em resposta, eu disse ao mestre e sábio Xavier Fernandes sobre a felicidade de apreciar o primor da escrita que lhe é peculiar, afirmando que ele, mais uma vez, brinda-me com excelente e interessante texto, em comentário que mostra a riqueza do seu vocabulário, com o emprego de adjetivações muito além do que, enfatizo, mereço, porque apenas tento transmitir, com meus textos, um pouco do que aprendi na longa vida que Deu me permitiu existir.
Fico honrado com suas palavras enaltecendo o meu trabalho literário, o que constitui motivo de envaidecimento porquanto fosse real tudo o que você diz correspondesse à realidade.
Na verdade, não poderia ter motivo algum para me torturar, muito pelo contrário, porque, não fosse o destino, conforme você invocou muito apropriadamente, eu teria sido a pessoa mais feliz do mundo se tivesse me tornado músico de verdade, por obra e graça do famoso professor e maestro Ariosvaldo Fernandes, que teria conseguido, ao me ensinar, o milagre de tirar leite de pedra.
          Ri muito sobre as elucubrações quanto à possibilidade de mim tornar, na imaginação do professor Xavier, Maestro regente da orquestra sinfônica de Brasília, in concert. Que pena você mudou o rumo! Mas, por outro lado, ganhamos um grande e ilustre escritor que nos enche de orgulho e vaidades. Brilhante uiraunense! Não foi músico compositor, mas, sim, um exímio escritor.”.
          Isso tem muito de carinho ao trabalho literário, que consegue ser assimilado pelas pessoas na forma que eu sempre imaginei, de permitir que minha experiência de vida pudesse ser compartilhada com meus irmãos, ávidos por novidade no mundo da escrita e o faço com muito gosto.
Sinto-me satisfeito em perceber que pessoas inteligentes culturalmente sentem algo diferente nos meus textos, que objetivam melhorar um pouco mais a compreensão sobre fatos da vida e isso não poderia ser melhor retorno para mim, porque é preciso que a gente compreenda que o seu trabalho tem algo de valor e utilidade social.
Voltando ao cerne da questão aqui enfocada, é evidente que, olhando para o passado, eu queria muito ser músico, porque eu sentia muito entusiasmo em ter uma profissão, como a de músico, que me fascinava, mas o destino da gente fala mais alto e Deus quis que a minha vida tomasse o rumo que foi finalmente tomado e hoje confesso que teria sido também muito feliz como músico, como sou completamente realizado como escriba de toda hora.
Agradeço muito o exagerado, mas compreensivo, carinho do amável mestre Xavier Fernandes ao meu trabalho literário, que tem sido insistente em estimulá-lo, o que tem o poder de multiplicar a minha responsabilidade no sentido de nunca o decepcionar quanto aos meus textos.
Que Deus promova a devida recompensa à generosidade do mestre Xavier Fernandes e ilumine a sua vida e a da sua família com muita luz.
Brasília, em 25 de outubro de 2019

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