Na crônica sob o título “Regressão da história”,
foi dito que a concessão do título honorífico de cidadão de Paris ao
ex-presidente da República petista jamais teria acontecido se o órgão que faz
as vezes da Câmara de Vereadores da “Cidade Luz” tivesse avaliada a real
situação moral do agraciado.
Fica patente que não foi levada em conta o seu
deplorável histórico policial e judicial do momento, o que certamente seria
inviabilizada a concessão do título tão representativo, eis que, normalmente,
por questão de princípios, seus agraciados são cidadãos de conduta ilibada e de
caráter imaculado, que sempre servem de modelo de honorabilidade para as
gerações, o que não é nem de longe o caso do político brasileiro, que se
encontra encarcerado, justamente por ter sido condenado pela Justiça, pela
prática de crimes contra a administração pública.
Diante desse fato, o sempre atento e inteligente professor
Xavier Fernandes, como sói acontecer, se manifestou dando a sua abalizada opinião
sobre esse assunto, cujo texto está vazado com o seguinte teor: “Caríssimo conterrâneo
Adalmir, o seu comentário me deixou surpreso, ao saber desse evento que a
Câmara de Vereadores de Paris está patrocinando, ao outorgar ao ex- presidente
presidiário corrupto um título de quê mesmo? Acho que Paris, acaba de perder a
elegância, o estilo rebuscado de educação refinada e passa a ser uma trincheira
de defesa ao descalabro, quando não tem a mínima noção do quanto está fazendo,
desafiando a moral, o respeito e o caráter de uma nação inteira. Das duas, uma,
ou não conhecem essa história ou estão tornando-se ridículos. Quando nada que o
corrupto fez justifica essa comenda extemporânea. Que base tem esse título? Uma
vergonha para Paris e para a França! Uma chacota com os milhares de brasileiros
que expurgaram o partido do Lula e repudiaram os seus feitos danosos que
levaram toda essa situação difícil que o Brasil vive atualmente, com mais de 13
milhões de desempregados, a economia arrasada, a corrupção instalada em todos
os setores dos serviços públicos, deixando o país numa posição bastante
complicada, pois o homenageado de Paris continua preso com mais de uma dezena
de denúncias e processos para responder. Não há nenhuma razão para essa
comenda, a não ser a provocação e o insulto ao bom senso de milhões de
brasileiros que reclamam e sentem na pele o grande prejuízo econômico
patrocinado por ele. Pelo futuro do cidadão parisiense. Com certeza, essa é ama
situação por demais vexatória. Dá até para rir dessa insensatez! A que nível
foram rebaixados os cidadãos parisienses honrados! Que interesse há para essa
atitude? A Câmara Vereadores de Paris na contramão da história. Contudo, o
título é deles. Eles podem dar a quem quiser, até mesmo a Lula.”.
Realmente,
nobre Xavier Fernandes, à luz do bom senso e da racionalidade, somente há
justificativa plausível para homenagem tão despropositada como essa à luz da
explicita e da despudorada exposição do sentimento ideológico da esquerda, que
vem demonstrando, nos últimos tempos, a banalização do desprezo aos sagrados
princípios da ética e da moralidade.
O
exemplo bem notório também vem acontecendo no país tupiniquim, em que a
esquerda acompanha a desgraça tomando conta, de forma avassaladora, da
Venezuela, envolvendo de roldão a sua população, que vem sendo destroçada e até
dizimada por meio de atos de atrocidade, crueldade e desumanidade, mas, mesmo
assim, ela continua empunhando a bandeira do socialismo, como sendo o regime
ideal para a satisfação do ego de seus simpatizantes, infelizmente, muitos dos
quais ensandecidos, não importando o que fazem ou o que praticam de ruim seus
líderes, tanto naquele país como aqui no Brasil, conforme mostram os exemplos
de apoiamentos às práticas contrárias aos princípios da ética e da moralidade.
No
Brasil, por exemplo, importante empresa pública, comandada pelo governo, quase
foi à bancarrota, no caso da Petrobras, por vontade de governos da esquerda,
conforme ficou mais do que comprovado pelas competentes investigações da Operação
Lava-Jato, tendo por propósito maior o desvio de recursos públicos destinados,
entre outros fins escusos, à compra da consciência de congressistas, para
garantir apoio aos projetos de governo da manutenção no poder e na sua perpetuidade,
além da absoluta dominação das classes política e social.
A
despeito disso, o rebanho de idólatras da esquerda só aumenta a sua paixão
pelas lideranças que patrocinaram a destruição da economia e da moralidade
brasileiras, justamente porque eles têm interesse mesmo é na valorização do seu
ópio da ideologia demandada do falido e retrógrado regime socialista,
independentemente de qualquer sentimento, inclusive dos princípios da
moralidade e da dignidade, que têm tudo a ver com as atividades dos homens
públicos, que, não se conduzindo sob o norte da ética e da moralidade, não
possuem condições morais para representar nada, menos o povo, evidentemente em
se tratando de país com o mínimo de seriedade e consciência cívica.
É
pena que a cidade maravilhosa de Paris tenha decidido prestar esse gesto de solidariedade
ao político brasileiro, que realmente tem como forte índole o amor ao social,
mas isso não o faz imune a responder por seus atos questionáveis na vida
pública, diante do primado segundo o qual o homem público tem o dever de
prestar contas sobre seus atos, enquanto estiver em atividade na vida pública,
sendo que alguns atos praticados pelo ex-presidente correspondem
consequentemente à necessidade de prestações de contas à sociedade, que não
foram devidamente comprovadas, em termos de regularidade, razão natural da sua
condenação pela Justiça, não merecendo qualquer homenagem, enquanto não comprovar,
por conta pessoal, a sua imaculabilidade.
À toda evidência, não se trata, no caso, da
concessão de título na essência e na normalidade do mérito, indiscutível e
inquestionável, onde são avaliados os requisitos próprios e inerentes e à honorabilidade
realmente a merecer o homenageado, onde, em hipótese alguma, teria cabimento, à
luz dos princípios éticos e morais, a sua outorga a quem se encontra preso,
cumprindo pena por comportamento contrário ao conceito sagrado de imaculabilidade
na vida pública.
Fora de dúvidas, o questionado título permite a
ilação segundo a qual o sentimento ideológico, em tese, permite que seus
seguidores não estão presos aos rigores do purismo para a prática de atos na
vida pública, sendo natural que eles possam acontecer à revelia dos princípios
da ética, moralidade e dignidade, em que a única explicação para tanto é a de que
não precisa haver preocupação alguma com a observância de qualquer princípio, evidentemente
sob a égide da ideologia comum, a justificar tudo.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 9 de outubro de 2019
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