domingo, 6 de outubro de 2019

Regressão da história


A cidade de Paris, França, decidiu conceder o título de cidadão honorário ao ex-presidente da República petista, preso desde abril de 2018, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A notícia foi informada pelo o jornal francês Le Figaro, dando conta de que o Conseil de Paris, uma espécie de Câmara de Vereadores, fez o pedido para a prefeitura da capital francesa, com base na luta política do petista pelos direitos humanos, justiça social, proteção do meio ambiente e por seu compromisso de reduzir a “desigualdade social e econômica”, no Brasil.
Segundo a justificativa da prefeita de Paris, esse compromisso “permitiu que quase 30 milhões de brasileiros escapassem da pobreza extrema e acessassem direitos e serviços essenciais”. em comunicado, após votação favorável dos representantes do conselho da cidade.
Em nota, a prefeita da capital francesa ressalta que esses são “valores guardados pela cidade de Paris e que colocaram o político em perigo pelo seu engajamento. Lula é conhecido por sua política proativa de combater a discriminação racial particularmente acentuada no Brasil”.
O texto ressalta que, por meio da pessoa do ex-presidente, “todos os defensores da democracia no país são atacados”.  
O petista governou o Brasil entre janeiro de 2003 e dezembro de 2010 e se encontra, atualmente, encarcerado, cumprindo pena de prisão de oito anos e dez meses.
Conforme determina a legislação penal, o ex-presidente já cumpriu um sexto da pena e deve progredir para o regime semiaberto, bem mais brando, permanecendo integralmente mantida a pena inicial aplicada pela Justiça.
Como é bastante compreensível, o petista vem negando as acusações que lhe foram feitas, sob a alegação de que é inocente, embora a robusteza das provas constantes dos autos conspire pesadamente sobre seus ombros, não tendo ele logrado êxito em nenhuma instância, quanto à sua alegada imaculabilidade.
É preciso repudiar, com veemência, a afirmação inverídica, mentirosa, sórdida e tendenciosa de que, em razão da defesa do petista, “todos os defensores da democracia no país são atacados”, dando a entender que há ataques generalizados aos seguidores do político e os demais brasileiros não são defensores da democracia.
Como se vê, trata-se de declaração extremamente infeliz, por atacar, de forma desrespeitosa e atrevida, a maioria absoluta dos brasileiros, quando estes são verdadeiros e autênticos defensores da democracia, eis que foram aqueles que resolveram banir do governo, na última eleição, partidários e defensores dos esquemas de corrupção lamentavelmente implantados no Brasil, tendo por finalidade a perpetuação no poder.
Não há a menor dúvida de que é plenamente inaceitável afirmação descabida e injusta contra a maioria dos brasileiros, diante da cristalina realidade dos fatos, que falam por si sós, em reafirmação da verdadeira democracia, que é antídoto de governos malversadores de recursos públicos, a exemplo do mensalão e do petrolão, escândalos estes devidamente confirmados pela Justiça, cujos desvios do dinheiro público não foram assumidos por absolutamente ninguém, até o presente momento, embora, em termos da democracia que tanto se alega, haveria de se pronunciar os culpados pelo o que de ruim houve na história da roubalheira brasileira, considerando que a verdade tem tudo a ver com o princípio de democracia.
Nessa mesma linha de insensatez e insensibilidade, causa espécie que a tão evoluída Câmara de Vereadores de Paris tenha aprovado o honroso título de cidadão honorário de Paris a ser concedido ao ilustre político brasileiro, tendo por base relevantes serviços prestados por ele, há mais de nove anos, conforme descritos acima, o que realmente eles têm enorme relevância social e humanitária, a despeito de fatos outros que posteriormente vieram à lume, mostrando outra face histórica do homenageado, que foram deixados à margem, a exemplo da atual situação dele, que fora condenado pela Justiça brasileira, por crimes gravíssimos contra a administração pública e a humanidade, conforme devidamente comprovada a materialidade dos fatos denunciados, na forma da lei.
Diante da sólida cultura e da avançada civilização francesa, é evidente que causa enorme surpresa que ilustres representantes dos munícipes parisienses tivessem posicionamento visivelmente na contramão da história moderna, ao aprovar o agraciamento do título nobilitante de cidadão parisiense a político brasileiro visivelmente em decadência moral, por ter sido condenado pela Justiça, por crimes contra a administração pública e a sociedade e ainda se encontrar preso, o que demonstra, com muita clareza, a incongruência da medida, porque ela não se harmoniza exatamente com a realidade dos fatos, os quais, por questão de princípios e justiça, deveriam ter sido avaliados para a concessão de título da maior relevância mundial.
A verdade é que esse gesto de reconhecimento público, à luz da razoabilidade, somente tem adequado cabimento para homenagear figuras proeminentes, que possam servir de modelo de honorabilidade pública incontestável, o que não é o caso do nobre político brasileiro, conforme demonstram, na atualidade, sentenças proferidas pela Justiça pátria, em condenação às reprováveis atitudes dele, em cristalina dissonância com os saudáveis princípios da ética, dignidade e moralidade e isso é fato inegável da realidade, que o homenageado não conseguiu, em momento apropriado, provar em contrário, embora não se canse de defender a sua inocência, o que é mais do que natural, nas circunstâncias.
É evidente que, se sopesados os fatos da atualidade, em termos de moralidade pública, jamais uma prefeitura digna e honrada seria capaz de chancelar título de tamanha nobreza a pessoa que, no presente momento, se encontra sem as mínimas condições para ser homenageada, diante de a sua imagem de presidiário contribuir para denigrir o prestigio a que ostenta, por certo, o honroso título de cidadania parisiense, em que pese o agraciado se considerar inocente, mas ele não conseguiu materializar e comprovar isso perante a Justiça brasileira.
Ou seja, ao que tudo indica, o agrado ao político brasileiro veio extemporaneamente, quando a sua honra pessoal se encontra inegavelmente em plena decadência moral, fato este que, ao que se infere, ainda não chegou ao conhecimento dos edis parisienses, porque a avaliação sobre o mérito do homenageado não levou em conta o seu deplorável histórico policial, o que certamente seria inviabilizada a concessão do título de cidadão parisiense, eis que, normalmente, por questão de princípios, seus agraciados são cidadãos de conduta ilibada e caráter imaculado, que servem de modelo para as gerações.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 6 de outubro de 2019

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