domingo, 13 de setembro de 2020

A dose de esperança

  

À vista da enorme expectativa sobre o resultado dos testes nas vacinas contra o Covid-19, o anúncio da suspensão dos testes da vacina desenvolvida em conjunto pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e a farmacêutica AstraZeneca caiu como uma bomba no mundo científico.

          A aludida suspensão teria sido motivada pelo desenvolvimento, em uma voluntária vacinada, da doença identificada como “mielite transversa”, sintoma neurológico que pode ou não estar associado à vacina.

Na verdade, em que pese o inesperado anúncio possa ter a entonação de espécie de balde de água fria, quanto às expectativas mais otimistas para se confirmar a milagrosa vacina contra a covid-19, em menor tempo possível, ela, de outra forma, mostra que precisa de muita paciência para se esperar o imunizante com eficácia garantida.

Diante de terrível pandemia, com a infecção de quase 30 milhões de pessoas e o óbito de mais de 900 mil pessoas, no planeta, a segurança sanitária é a principal motivação para a busca da tão sonhada vacina, em todo mundo, à vista de outro remédio para o caso.

Ocorre que essa segurança precisa não somente garantir a contenção da transmissão do novo coronavírus, mas, também, a certeza de que o imunizante não ofereça efeitos colaterais prejudiciais à vida, a par de que seu efeito deva ser duradouro, sob alta taxa de eficácia, sob pena de não valer o sacrifício, em termos de investimentos com estudos para a sua obtenção

A Organização Mundial da Saúde, que acompanha com muito interesse o desenvolvimento dos testes das vacinas, informou que “a segurança é o principal foco dos ensaios clínicos para se encontrar uma vacina”, tendo ressaltado que “suspensões temporárias de ensaios clínicos de vacinas não são incomuns”.

O certo é que a Covid-19 ainda continua sendo verdadeiro mistério para o mundo médico e científico, podendo acontecer novidade enquanto não forem concluídos os estudos e os testes nas vacinas, em especial.

Tem sido comum o surgimento de estudos associando a infecção pelo novo coronavírus a uma série de sintomas secundários e posteriores, a exigirem ampliação das análises pertinentes, o que demanda tempo e paciência no curso desses testes.

De acordo com opinião de especialistas, a doença pode contribuir para quadro clínico com manifestações dermatológicas com variação de urticária até necrose, segundo resultado de pesquisas ainda em andamento, além e outros relatos de sintomas circulatórios, cardíacos, renais, respiratórios, entre aqueles que superam a doença.

Segundo os cientistas, o desenvolvimento de uma vacina leva-se em conta maneira de simulação da doença com o mínimo de sintomas possíveis e isso demanda cuidado e tempo, sob pena de não haver a necessária precisão do objeto imunizante, o vale dizer que, quando a doença a ser anulada é ainda pouco conhecida, como é o caso específico da covid-19, o processo requer ainda mais cuidado e abrangência das análises.

A vacina desenvolvida em conjunto pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e a farmacêutica AstraZeneca é uma entre nove iniciativas na fase 3 dos ensaios ou testes, que é a última etapa para se ter certeza sobre a sua eficácia, em termos imunizantes de qualidade e eficácia, com a segurança da inexistência de efeitos colaterais.

A boa notícia é que a Universidade de Oxford anunciou, ontem, que retomará a fase 3 dos testes para sua potencial vacina contra a Covid-19, tendo por base resultado de processo de revisão, presidido por comitê específico de revisão de segurança independente e do regulador do Reino Unido, que recomendou a retomada dos testes.

A aludida universidade disse que "Globalmente, cerca de 18 mil pessoas receberam as vacinas do estudo como parte do ensaio. Em grandes ensaios como este, espera-se que alguns participantes não se sintam bem e todos os casos devem ser avaliados cuidadosamente para garantir uma avaliação cuidadosa da segurança".

A universidade destacou que está comprometida com a segurança dos voluntários e com "os mais altos padrões de conduta".

Além do Reino Unido, os testes da vacina em apreço estão sendo realizados também em outros países, incluindo o Brasil.

É muito importante que todo processo seja revestido de plenas transparência e lisura, mediante pesquisas sérias e responsáveis, exatamente por envolver a imunização de vidas humanas, que certamente não há de descartar a continuidade das importantes e salutares medidas preventivas concernentes às regras de distanciamento, ao uso de máscaras e álcool em gel, sempre contando com a compreensão e a paciência das pessoas que amam à própria vida.

Há toda evidência de que a humanidade anseia por que o resultado positivo dos testes seja finalizado com a maior brevidade possível, para viabilizar a produção em larga escala da vacina e, enfim, garantir a aplicação em massa de um imunizante contra o novo coronavírus, sob a perfeição de todos os cuidados adotados em situação tão especial do Covid-19.

Brasília, em 13 de setembro de 2020  

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