Os presidentes do
Brasil e dos Estados Unidos da América estão entre os ganhadores do Prêmio
IgNobel, referente à sua 30ª edição, que apontam os fatos mais irrelevantes ou
inusitados da ciência mundial.
Eles receberam a “homenagem”
pela maneira como enfrentaram a grave crise da pandemia do novo coronavírus.
Juntos, o Brasil e os Estados
Unidos somam aproximadamente 335 mil mortes pela Covid-19, o equivalente a 35%
das vítimas contabilizadas no planeta, que é algo bastante considerável e lamentável,
em termos de perda de vidas humanas.
Ao longo da maior crise
sanitária do último século, os dois mandatários têm sido alvo de severas críticas
de especialistas e organizações médicas, principalmente por discordarem do
isolamento social recomendado para reduzir o contágio e defenderem o uso da
cloroquina contra o coronavírus, em que pese o remédio não ter eficácia comprovada
contra a doença.
Segundo os
organizadores do evento, os citados presidentes tiveram "efeito mais
imediato sobre a vida e sobre a morte do que cientistas e médicos" na
gestão da pandemia do novo coronavírus.
Os dois presidentes, em
maior ou menor grau, tiveram posturas negacionistas e vacilantes em relação à
covid-19 e, não por acaso, alguns dos países citados estão entre os que
registram a maior quantidade de casos da doença no mundo: EUA, Brasil, Índia e
Rússia, evidentemente por terem população avantajada, em relação ao resto do
mundo.
O evento é organizado
pela revista Annals of Improbable Research, graças ao financiamento de
diversas entidades, como os estudantes de Física da Universidade de Harvard,
nos EUA.
Como brincadeira estilizada,
o "prêmio" para os vencedores é uma nota de 10 trilhões de dólares do
Zimbábue e uma caixa de montagem com as instruções sobre como montar em um dos
lados da peça.
Na edição deste ano, os
demais prêmios seguiram a mesma linha cômica peculiar ao formato da premiação,
mostrando, em tese, o negativismo como predominância para justificar o seu “mérito”.
A premiação já se
tornou tradicional, com a sua entrega, de forma sarcástica, há 30 anos, cujos prêmios
são "entregues" aos piores projetos, estudos, governos e governantes
do mundo, no sentido inverso do que acontece normalmente e com o devido e
justificável mérito com o verdadeiro prêmio Nobel, que é a expressão do reconhecimento
pelas obras e os trabalhos que contribuem para a dignificação e a valorização do
ser humano, além do incentivo às ações notáveis e de excelência.
Muitos críticos ressaltam
que somente a imprensa brasileira para publicar notícia besta e sem graça desse
tipo, o que demonstra que, ao Brasil, carece de jornalista inteligente e
sensato, para tratar de matéria que pouco contribui para elevar o nível do jornalismo.
Outros dizem que quem
merece esse tipo de prêmio é a própria imprensa brasileira, que teria noticiado
com notória distorção sobre fatos do dia a dia, sendo que ela sabe muito bem a motivação
disso.
Já há quem diga que o
presidente brasileiro teria sido o único que se preocupou em salvar vidas
humanas e a economia, cujos fatos se confirmam no dia a dia.
Embora muitos críticos
vejam nessa premiação invertida verdadeira perda de tempo, não há a menor
dúvida que é realmente isso, porque os gênios representados por seus
organizadores e até mesmo os recursos investidos, poderiam aplicar a sua
inteligência para a produção e construção de algo para ser revertido em
benefício da humanidade, de modo que a energia despendida nesse projeto poderia
ter sido aproveitada para a elevação das causas de interesse social ou de
outras maneiras saudáveis e inteligentes aproveitáveis e beneficentes ao homem.
À toda evidência, esse
não é o prêmio ansiado por ninguém, muito menos por autoridade do padrão de
presidente de nação da maior relevância e influência mundial como, no caso, o
Brasil, por haver na objetividade da medida forma mais do que de demérito por
parte de quem é “laureado”, por patentear a marca indelével de algo que deveria
ter sido evitado.
No caso do presidente
brasileiro, não se pode negar que ele foi muito vacilante quando precisava agir
muito mais no sentido proativo, por meio de sólido posicionamento em apoio às
medidas destinadas ao combate ao contágio do coronavírus, mas jamais em incitação
por meio de ações contrárias, como inegavelmente foram muitos os casos que
aconteceram neste sentido.
Essa maneira de procedimento
tem muito peso por parte de quem é o principal representante do povo, porque é
muito importante que o conjunto das medidas pertinentes se consolide por meio
de pensamento uniforme da equipe de governo, com vistas a se evitar solução de
continuidade dos trabalhos.
No caso referente ao enfrentamento
da pandemia do novo coronavírus, mesmo que o presidente se sinta plenamente confortável
em imaginar que vem agindo em absoluta sintonia com a razão, há muita gente que
desaprova a maneira espalhafatosa como ele vem agindo.
Hoje mesmo, o
presidente sacou uma de suas “pérolas”, ao afirmar que “Vocês não entraram
naquela conversinha mole de 'fique em casa, que a economia a gente vê depois'",
tendo concluído com a afirmação de que "Isso é para os fracos. O vírus, eu
sempre disse, era uma realidade, e tínhamos que enfrentá-lo. Nada de se
acovardar perante aquilo que nós não podemos fugir dele".
À toda evidência, as declarações
do presidente não se coadunam com a cartilha de verdadeiro estadista que respeita
a liturgia do seu cargo, no sentido de que as suas declarações precisam se
manter em conformidade com a linha de seriedade que preza a dignidade dos cidadãos,
evitando emitir juízo de valor sobre a coragem das pessoas, em se tratando do
enfrentamento da pandemia em causa.
Ou seja, mesmo se
tratando de prêmio de cunho estritamente depreciativo, há de se convir que ele
tem efetiva validade e importância, para mostrar à saciedade que algo aconteceu,
que se admita ou não, fora do padrão da normalidade, sob a competência de avaliação
da sociedade, que tem todo direito de julgar os atos das autoridades públicas,
que precisam ter a humildade de se autoavaliarem e corrigirem seus pensamentos
sobre aquilo que é desaprovado pela sociedade.
Brasília, em 18 de setembro
de 2020
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