quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A urgência e o poder do reflorestamento

Na proximidade da campanha eleitoral, as atividades políticas também começam a se intensificar em Uiraúna, Paraíba, a exemplo das declarações de apoio ao candidato à reeleição por parte de políticos importantes  e influentes, como no caso do governador do Estado da Paraíba, que já se antecipou e declarou posição favorável ao prefeito daquela cidade.

Ocorre que, para sacramentar seu apoio ao prefeito, o governador fez questão de liberar verba destinada à ampliação asfáltica do município, na forma de pavimentação em diversas ruas e avenidas, sendo que parte dos recursos se destina à reforma da Escola Dr. José Duarte Filho, que terão ampliadas as suas atividades educacionais.

Trata de clara demonstração de gesto político da maior importância, principalmente em termos de prestígio ao prefeito, que naturalmente se sente em boa companhia no pleito à recondução do mandato.

No bojo dessa adesão, o pré-candidato recebeu expressivo elogio de sua excelência, por meio de mensagem de vídeo, tendo ele declarado seu compromisso de apoio ao “prosseguimento ao ritmo de trabalho que tem contagiado toda Uiraúna”, a par de queSegundo Santiago, sua experiência e sua habilidade na gestão municipal já estão comprovadas pela população. Já o considero o prefeito que mais trabalhou pela terra dos músicos e sacerdotes, título conquistado em apenas sete meses de gestão”.

Não fosse a aludida declaração ter sido feita pela maior autoridade do Estado, daria para se imaginar que alguém estaria brincando com coisa séria, logo na antevéspera da campanha eleitoral, quando o governador diz que o atual prefeito foi o que mais trabalhou por Uiraúna e isso, em termos políticos, é muito poderoso se tal afirmação realmente tiver fundo de verdade.

Se essa assertiva é verdadeira, seria muito interessante que o próprio prefeito mostrasse para o povo da cidade quais trabalhos tão significativos foram  capazes de impressionar positivamente a avaliação do governador, a ponto de ignorar os trabalhos valiosíssimos dos grandes prefeitos que já honraram o mesmo cargo.

 É até possível que, diante da escassez de bons administradores públicos, que deixam atrasar salários, não tapam buracos, não asfaltam vias, não mandam calçar vias públicas e pecam em outros serviços rotineiros, próprias e normais da gestão para a qual ele tenha sido eleito, como trabalho indispensável à honra do exercício, o governador possa ter se empolgado e, em gigantesco esforço de marketing político, sacado essa pérola para nomeá-lo o mais trabalhador dos prefeitos de Uiraúna.

A verdade é que os fatos mostram que ele vem cumprindo com regularidade as suas obrigações de ser fiel aos compromissos inerentes ao cargo de gestor público, o que já é realmente muito muito importante, mas jamais seria capaz de merecer, salvo melhor juízo, o título atribuído pelo governador, porque isso se transforma em enorme injustiça contra os grandes prefeitos da cidade, conforme o testemunho da história e da própria população, que há de reconhecer a verdade sobre os fatos.

Assim, em que pese se tratar de importante apoio do governador ao prefeito de Uiraúna, é de se lamentar ainda que as medidas anunciadas quanto às obras para a cidade somente venham acontecer agora, nas portas da entrada da campanha eleitoral, quando elas poderiam ter sido efetivadas há muito tempo, já que são obras consideradas importantes, que não precisavam coincidir com algo que servisse de vitrine como realização do candidato.

Sob os princípios da eficiência e competência administrativas, nada impede que as obras públicas possam ser executadas normalmente no período da campanha eleitoral, mas é extremamente antiético quando os recursos são liberados e as obras iniciadas precisamente nesse importante período, em clara demonstração de que o candidato conta com o prestígio de quem tem o poder.

É evidente que a legislação não proíbe essa forma de procedimento, mas fica muito claro que isso não é a maneira mais apropriada para se conquistar voto, diante da evidenciação de manobra que não condiz com a normalidade administração de cristalinidade dos atos de administração sadia, digna dos verdadeiros políticos que prezam pela lisura de seus atos na vida pública, à vista de que não custava nada, por questão ética, se informar ao governador que não é justo perante o adversário concorrente que a prefeitura se envolva com o início de obras importantes logo agora, quando a campanha eleitoral começa para ambos, onde deva prevalecer a observância ao princípio da igualdade de condições perante o eleitorado.

Essa regra fundamental tem como princípio o entendimento segundo o qual o que se encontra em disputa no pleito eleitoral é tão somente a avaliação sobre a capacidade administrativa e gerencial de cada candidato e não o poder político, como parece querer ficar patente nesse caso, em que o governador, além de declarar o seu apoio ao prefeito, o que somente isso seria absolutamente normal, mas, ao mesmo tempo, ele comete grave equívoco, que é anunciar a liberação de verba pública, para a execução de obras, como forma de contrabalancear o braço da balança em favor do prefeito, o que se torna, no mínimo deselegante, ante o processo eleitoral, que precisa ser conduzido sob o saudável princípio constitucional da isonomia, em que os candidatos possam merecer o mesmo tratamento e serem submetidos às mesmas condições, perante a legislação eleitoral.   

A propósito dos investimentos especialmente em obras de asfaltamento na cidade de Uiraúna, parece que já passou do momento de seu administrador  se preocupar especificamente com o reflorestamento tanto do perímetro urbano como, sobretudo, com das áreas rurais, que passaram por longo período de intenso desmatamento e nada tem sido realizado no sentido da recomposição desse bem importante e da maior preciosidade para vida humana e animal.

Por oportuno, nesse sentido, recebi a irrecusável incumbência do doutor Francisco Orniudo Fernandes, como forma de sugestão da maior importância para que eu abordasse tema pertinente ao reflorestamento, no município de Uiraúna, por ele entender que se trata de “Uma das causas das secas  é  o desmatamento descontrolado e criminoso,  para fins comerciais, e o assoreamento dos nossos rios e açudes.”.  

Pois bem, como é do conhecimento em geral, o desmatamento consiste no processo progressivo e criminoso da retirada da cobertura vegetal, ficando a terra pelada e desprotegida da sua proteção natural, o que realmente constitui grandioso crime que se comete tanto contra ao ecossistema como ao próprio homem, que vem pagando por suas agressões violentas, tendo como pano de fundo o poder econômico, e nem se preocupa em reparar os danos causados por força de atividades que visam ao lucro.

É evidente que as pessoas enxergam essa prática absurda apenas ação normal, natural e necessária para possibilitar os meios capazes de suprir as necessidades do ser humano, mas os fatos mostram que ela constitui um dos maiores problemas ambientais da atualidade.

Em Uiraúna, a retirada da cobertura vegetal tem relação, basicamente, com a urbanização e as atividades agropecuárias, ou seja, com a expansão natural do agronegócio e as consequências prejudicais são proporcionais e imediatas aos impactos dos desmatamentos.

Em linhas gerais, a exploração dos recursos naturais vem dos primórdios da humanidade, mas se intensifica à medida em que a sociedade se desenvolve, de modo que a sua intensificação colocou em risco o próprio equilíbrio do planeta e o pior é que isso tende a comprometer a vida das gerações futuras, diante da escassez dos componentes necessários ao seu meio de suprimento.

Em Uiraúna, as principais consequências do desmatamento estão relacionadas com o meio ambiente e a tudo que lhe diz respeito, tendo em vista que, ao se retirar a cobertura da terra, há o imediato comprometimento da cadeia da biodiversidade da área, que praticamente sente a ausência da proteção, que também acarreta o afugentamento das espécies da fauna, perdendo, ao mesmo tempo, o habitat e as espécies da flora, causando enorme desequilíbrio ambiental, além de contribuir para prejudicar as atividades primárias da caça, da pesca e da agricultura, por conta da seca das fontes de água e do sumiço dos animais e dos peixes, com prejuízo para as famílias e a economia.

Nos últimos anos, a grita geral em Uiraúna é no sentido de que chove muito nas redondezas, em Cajazeiras, em Sousa e em outros lugares próximos, mas o tempo embeleza, fica lindão, e a chuva, que é bom, se desvia e não cai na localidade da maior carência.

Para isso, há sim explicação científica, que é a precisamente a insensata retirada da cobertura vegetal, que também agrava a questão das mudanças climáticas, a tanto reclamadas pelo homem, que foi o causador do status quo e nem se preocupa em reparar os males causados à mãe natureza.

O desmatamento na região de Uiraúna também é considerado um dos fatores responsáveis pelas alterações no clima, de modo que, ano após anos, a cidade fica cada vez mais quente e o aumento da temperatura é sentido pelas pessoas, que sofrem com a fragilização da saúde, em razão do natural choque térmico, que tem o poder de causar diversos danos aos ecossistemas da Terra.

Também é importante se ressaltar que o desmatamento descontrolado pode contribuir não somente para as mudanças provocadas no solo e nos recursos hídricos, mas também para os incômodos processos da erosão do solo, tendo em conta que a cobertura vegetal auxilia na infiltração da água da chuva e, sem ela, a água escorre sobre o solo e facilita o processo natural da erosão.

Nessa mesma cadeia desencadeada pela erosão, importa frisar que a perda da vegetação ao redor de nascentes e bacias hidrográficas contribui enormemente para se potencializar os assoreamentos dos rios e açudes, principalmente quando o desmatamento acontece em regiões montanhosas e próximas a morros, exatamente por causa da retirada da proteção do solo.

Daí a necessidade da preocupação com o reflorestamento às margens de rios, córregos e nascentes, para que possa contribuir para aumentar a proteção dos recursos hídricos, na manutenção do lençol freático e na função de evitar erosões e assoreamentos, e ainda garantindo a qualidade da água e a  preservação da biodiversidade.

Ante o exposto, fica muito claro que o problema do desmatamento é muito grave, porque as suas consequências se convertem em prejuízos ao bem-estar e a qualidade de vida dos seres vivos da Terra.

É preciso que o homem se conscientize de que toda população depende das florestas conservadas, seja para a produção de oxigênio, o fornecimento de matéria-prima ou a produção de tantos outros bens essenciais à vida.

A escassez dos bens e recursos naturais tem como consequência óbvia o padecimento da vida do homem e dos animais, ficando cada vez mais difícil para a sobrevivência das gerações futuras.

É muitíssimo valioso que os homens públicos possam pôr na sua agenda de trabalho importante anotação para lembrar à consciência cívica de cidadania sobre a vital relevância do reflorestamento, mediante o replantio das árvores próprias da região, que tem a capacidade de realimentar a mãe igualmente vital na vida de todos os filhos tanto de Deus como da natureza, porque somente assim será ainda possível minorar a inclemência das altas temperaturas ambientes.

À toda evidência, é certo que o tema versado sobre reflorestamento carece de estudos apropriados em cada região e localidade, à vista das suas peculiaridades e especificidades, considerando que os fatos aqui abordados se baseiam em tese, que até pode se confirmar parcialmente, sem maiores análises apropriadas, diante das situações climáticas apresentadas nos últimos anos na região de Uiraúna, onde as chuvas não conseguem a captação de água necessária à reposição dos açudes e ainda a insuportável elevação da temperatura ambiente.

Como medida preventiva contra o desmatamento desordenado e até criminoso, ante os danos causados à natureza, convém que o governo municipal não somente decida priorizar investimentos em reflorestamento como normatizar as atividades nesse sentido, como medida também de valorização da natureza e do bem-estar do próprio homem.

Pessoalmente, eu ficaria eternamente agradecido que, em cada palmo de Uiraúna (força de expressão) seja plantada árvore frutífera, de maneira cuidadosa e planejada ecologicamente, com a marca da região, em especial, goiaba, araçá, manga, cajá, caju, pinha, cana, pitomba e tudo o mais que seja viável e possa transformar a nossa querida terra natal em verdadeiro pomar de fazer inveja aos melhores botânicos do mundo, i.e., que a cidade seja exemplo para o resto do mundo como lugar que valoriza de verdade a natureza e os seus recursos indispensáveis à vida.

Nessa mesma linha, penso que seja excelente ideia que a prefeitura possa incentivar a criação de hortas comunitárias, mantidas com recursos e os cuidados públicos, para que todos possam usufruir de seus benefícios.

Convém que o poder público crie e mantenha, como já fazem as cidades que incentivam o reflorestamento das áreas degradadas, berçário das plantas regionais que pretendam disseminar, como forma de facilitação do gosto pela campanha de melhoria da vida dos uiraunenses, que certamente ganhariam verdadeiro amor com o ressuscitamento da natureza e deles próprios.   

Diante de todo o exposto, à vista da indiscutível importância do tema relativo ao desmatamento, faço veemente apelo aos candidatos aos cargos de prefeito e vereadores de Uiraúna que elejam como assunto prioritário de seus respectivos trabalhos a premente necessidade do reflorestamento do município de Uiraúna, compreendendo o replantio de árvores nas áreas urbana e rural, como importante forma de ressuscitamento das preciosas riquezas naturais indispensáveis às vidas.

Brasília, em 16 de setembro de 2020 

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