sábado, 12 de setembro de 2020

Piscar

            Li com entusiasmo o interessante texto do grande escritor brasileiro Monteiro Lobato, agora postado no Facebook, que versa, de maneira comparativa, sobre a importância da vida com o mero piscar.

De imediato, veio à mente a ideia de também puder brincar com as palavras, aproveitando o belo texto infantil, que tem rico fundo imaginativo, procurando, de certa forma, dar vida ao texto, no embalo da ideia genial desse magnífico escritor, que o considero como um dos maiores gênios da literatura brasileira e “piscador” por excelência, sendo merecedor da minha admiração, em especial por seu envolvimento com a literatura infantil, que é da maior importância cultural do Brasil.

A minha mensagem dá continuidade ao belo texto em referência

Eis a seguir o formidável texto:

“... a vida, Senhor Visconde, é um pisca–pisca.

A gente nasce, isto é, começa a piscar.

Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso.

É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais.

A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas.

Cada pisco é um dia.

pisca e mama;

pisca e anda;

pisca e brinca;

pisca e estuda;

pisca e ama;

pisca e cria filhos;

pisca e geme os reumatismos;

por fim, pisca pela última vez e morre.

- E depois que morre – perguntou o Visconde.

- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é? Monteiro Lobato - Memórias de Emília

Atrás dos simples piscares, pode estar um monumento em forma de ser humano que, de piscar em piscar, representa algo especial para a humanidade, a depender da formar como tudo foi piscado, levando em conta que não basta só piscar, mas piscar com a alma divina, imaginando que o seu piscar tem a importância maravilhosa de contribuir para que os outros piscares também entendam a importância de cada piscar, no sentido amplo do piscar terno, generoso e amoroso, no entendimento maior de que todo piscar, por mínimo e despretensioso que seja, pode representar algo relevante para a transformação do mundo, evidentemente para melhor.

É preciso sim piscar intensamente, a vida inteira, principalmente quando esse piscar tenha por propósito aquele piscar que serve de centelha que objetiva o disseminar de iniciativas qualificadas e úteis para ajudar a construção de ações efetivas e maravilhosas, em forma de contribuição para a aproximação da humanidade, na busca do aperfeiçoamento dos piscares em benefício dos próprios eternos piscadores.

Assim é a vida de todos os piscares, sem os quais ela nem existiria, porque cada piscar é a célula da vida...

          Brasília, em 12 de setembro de 2020

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