Diante
da notícia de que a primeira-dama brasileira havia recebido depósitos de dinheiro,
na sua conta bancária, feitos por ex-assessor da família do presidente da República,
este vem evitando esclarecer e justificar à nação, como é do seu dever legal e
moral, a regularidade sobre as questionadas operações financeiras.
Sobre
esse caso, escrevi a crônica intitulada “À mulher de César...”, onde há referência
aos fatos e análise pessoal sobre o comportamento da autoridade envolvida.
Na
oportunidade, mostrei, em descrição clara, que o presidente brasileiro tem obrigação
constitucional de esclarecer, de maneira minudente, os fatos relacionados com a
presente acusação, sob pena de ser considerado conivente com atos nada
republicanos, eis que os fatos envolvendo a primeira-dama colocam o seu esposo em
situação de responsabilidade solidária, mesmo porque o dinheiro recebido na conta
dela se destinava a ele, ante a alegação do pagamento de empréstimo, só que no
valor de R$ 40 mil, embora o valor total atinja R$ 89 mil.
À
luz do ordenamento jurídico pátrio, essa estranha transação bancária tem sim o
condão de contribuir para comprometer a dignidade e a lisura da imagem do mandatário
do país, quando ele se esquiva a demonstrar a regularidade dos fatos pertinentes
à origem, além de apresentar os documentos comprobatórios.
Não
obstante, um cidadão, demonstrando bastante desconforto, faz questão de discordar
do texto, por motivo não revelado, mas ele foi enfático em dizer o seguinte, verbis:
“Faz aí
um artigo desses sobre o enriquecimento da família Lula, dos Marinhos, da
Globo, dos Ministros do STF, do Sarney, e tantos outros. Fala aí que Michele
trabalhava com Bolsonaro antes de casar com ele e recebia por isso. Fala aí que
Queiroz era que gerenciava os pagamentos do pessoal que trabalhava pra família
na política . Fala aí que dividindo isso recebia 2.000,00 reais como
secretaria. Isso não fala.”.
Em princípio,
eu nem deveria prestar esclarecimento ou me justificar pelo que escrevo, mas, ante
os deveres civilizatório e de educada informação, cumpro a gentileza de lembrar
aos amigos e seguidores que o meu desejo de analisar os fatos da vida diz
respeito exclusivamente ao meu sentimento de descrever os fatos da maneira como
eu achar melhor e na forma que me convém, não tendo obrigação quanto ao
seguimento de padrão e muito menos de orientação ou desejo sobre o enfoque das
matérias sugeridas por ninguém.
A
espontaneidade de escrever e analisar os fatos do cotidiano faz parte das minhas
vontade e liberdade de expressão, sem necessidade de dá satisfação a ninguém,
porque escrevo por simples prazer de o fazer, sem compromisso senão com a minha
consciência e em estrita sintonia com a verdade, sempre procurando respeitar a
integridade e os direitos das pessoas, independentemente de ideologia,
partidarismo ou outra forma de filosofia senão a manifestação do meu sentimento
de cidadania livre e independente,
A verdade
é que não há nada em jogo que me motive a violar meus princípios para agradar
ou prejudicar alguém, porque há, em tudo que faço, a veneração suprema à minha
consciência livre para a interpretação e a análise dos fatos da vida.
A verdade
é que meus textos até possam contrariar o pensamento de alguém, em desagrado ao
sentimento de pessoas fanatizadas ideologicamente, que se sentem atingidas
quando a verdade dos fatos vai ao âmago de seus interesses e isso fica patente
quando alguém insinua que eu também deva escrever sobre a história de fulano ou
sicrano, quando, na realidade, sobre eles eu já comentei tanto, só que nos seus
devidos tempos, exatamente em harmonia com o meu estilo de escrever sobre os
fatos do cotidiano.
Ao que
tudo indica e foi exatamente assim que intuí, que o real desejo do autor da
supracitada mensagem pretendia que eu ficasse à procura de erros cometidos por
outrem, para, provavelmente, serem aquilatados e comparados com aqueles referidos
na inicial ou questionados nas minhas crônicas, como forma de avaliação sobre aqueles
que são os mais poderosos, os mais graves, ou apenas se dizer que os homens públicos,
todos eles erram e, então, por que a família do atual presente não pode incorrer
em deslize também, como se erros de outrem pudessem justificar outras falhas?
É preciso
lembrar e deixar muito claro que não tenho por propósito escrever como policial
investigativo, mas sim como escriba que relata os fatos do cotidiano, em
especial aqueles que interessam diretamente à sociedade, como nesse caso, em que
a mulher do presidente do país é denunciada como suspeita de ter sido beneficiada
com depósitos de determinada quantia em real, havendo dúvida quanto à origem dos
valores, o que é muito natural, porque o extrato bancário não esclarece tal
dúvida, que seria conveniente que ela fosse dirimida, para o bem da
transparência como forma de aprimoramento do princípio democrático.
Estranha-se
profundamente que pessoas insensíveis a fatos obscuros demonstrem irresignação
ao texto que apenas os descreve como sendo dissonante com a normalidade na vida
pública, dando a entender que ele é incapaz de macular a imagem presidencial,
por achar normal alguém se beneficiar de dinheiro depositado em conta pessoal,
certamente sem necessidade de precisar esclarecer nada.
À vista
da maturidade civilizatória, em consonância com o Estado Democrático de Direito,
compete ao presidente da República, pessoa diretamente envolvida nesse imbróglio,
esclarecer os fatos, na forma recomendada pelos princípios da boa educação e
jamais ficar maltratando com agressão os profissionais da imprensa, que não têm
dada a ver com o fato em si.
A maneira
deseducada de tratamento ao pessoal das comunicações não condiz com a
convivência pacífica e elegante de chefe de governo da importância do Brasil,
sabendo-se que a sociedade depende da imprensa para se informar sobre os fatos
da vida pública.
Como maneira
civilizada e republicana de sanar a celeuma, bastaria a primeira-dama ou o
marido dela esclarecer os fatos e provar, por A mais B, que os depósitos têm
por fundamento o que realmente aconteceu, mostrando os comprovantes
pertinentes, exatamente como fazem os verdadeiros homens públicos, que não têm
nada a esconder de ninguém, a evidenciar precisamente a verdade sobre os fatos,
dando por encerrada a dúvida que teria surgida em razão da ausência de informação
quando a notícia veio à tona.
Por fim, convém
que se compreenda que não tem o menor cabimento o presidente da República ficar
irritado com indagações acerca da origem dos depósitos em apreço, porque isso
só demonstra comportamento contrário aos princípios da cidadania e da
civilidade republicana, além de contribuir para ilações no sentido de que não
há precisamente justificativa plausível para as suspeitas operações bancárias, porque,
se houvesse, era somente citá-la, com a comprovação pertinente, e o assunto
seria normalmente encerrado e em definitivo.
Brasília, em 3 de setembro de 2020
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