segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Pouca inteligência?

 

Deputada federal pelo Distrito Federal provocou verdadeira onda de indignação nas redes sociais, depois da publicação de montagem ofensiva e grosseira envolvendo os ex-ministros da Saúde e da Justiça, ao publicar pintura dos rostos deles de preto, sugerindo que ambos poderão buscar vagas de emprego na rede Magazine Luíza, em referência ao programa de trainee apenas para negros, anunciado por essa empresa.

Ao perceber as reações ao que classificou como mera "piada", a parlamentar disse que não tinha feito nada demais, que não perdeu seu "bom humor" e que não via nenhum problema em publicar uma "chargezinha".  

Enquanto isso, como não poderia ser diferente, o ex-ministro da Saúde reagiu com indignação à despropositada montagem envolvendo a sua pessoa, tendo declarado que se trata de mensagem "Racista nauseabunda. Chula. Pequena. Inútil. Abjeta. RACISTA!!!!!", e que “lamenta profundamente ver um parlamentar se prestar a esse tipo de provocação.

O ex-ministro da Saúde afirmou que "É triste ver isso. Para mim, não ofende em nada ser caracterizado como negro. Muito pelo contrário. Sou totalmente favorável à companha da Magazine Luíza. Já era fã da dona Luíza e seria, com orgulho, um garoto propaganda de sua loja".

Diante da repercussão bastante negativa nas redes sociais, um ministro do Supremo Tribunal Federal criticou o que ele classificou de manifestações de racismo, tendo afirmado que "O preconceito racial é uma das maiores chagas da nossa tradição colonial. Qualquer iniciativa - seja do Estado ou da iniciativa privada - que vise a reparar a história de segregação da população negra deve ser louvada, jamais achincalhada. Racismo é crime e fomentá-lo também".

É extremamente lamentável que paramentar, em clara demonstração de insensibilidade humana, por motivação nitidamente ideológica, em razão de os ilustres personagens agredidos por ela terem se tornado da sua antipatia, em razão do afastamento do governo que ela apoia, em que pese ter sido abandonada por ele, que a dispensou do cargo de líder dele no Parlamento, ouse fazer montagem com a finalidade exclusiva de ridicularização da imagem de homens públicos, tendo como pano de fundo denegrir, no sentido literal, o caráter e a honra deles, ao propor, de maneira pejorativa, que eles se disfarçam de preto para pleitearem emprego que fora destinado para negros.

Em demonstração de limitadíssimas inteligência e sensibilidade, a parlamentar se esforçou para dizer que não tinha feito nada anormal, por considerar tão somente “piada”, em forma de “chargezinha", sem problema algum.

Não obstante, a parlamentar não se toca que a maneira deselegante, atrevida, racista, insensata e absolutamente irresponsável teve por alvo direto seres humanos como ela, que exigem, em termos de reciprocidade, muito respeito e consideração no trato da dignidade humana, principalmente porque, na concepção dela, se objetivava mesmo era fazer piada, e esta, por essência, tem como tentativa se fazer ri e isso não tem o menor cabimento quando, nas circunstâncias, ela queria mesmo era menosprezar, ridicularizar e inutilizar a imagem de pessoas da antipatia dela, que foram nomeadas para se amoldar à “chargezinha” de péssimo gosto arquitetada por ela, principalmente se se considerar a relevância do cargo que ela ocupa, que exige o máximo de bons exemplos de dignidade e respeito ao sentido de representatividade política, princípios estes que ela simplesmente não se preocupou em expor ao ridículo.

Ao se colocar na condição de piadista sem graça, com apelo racista e criminoso, a parlamentar mostra a sua inutilidade como representante do povo, dando a entender que não tem com que se ocupar no exercício principal do seu mandato, quando se propõe a cuidar de futilidades pagas com recursos públicos e o pior é que a sua deliberada intenção era realmente de provocação, tanto que ela quis fazer gracinha com assuntos sérios e da maior importância social, como o racismo, que precisa ser respeitado, diante de a sua indevida invocação puder ser caracterizada como crime.

É cabível e oportuno sim que a parlamentar seja recriminável diante da sua natural reação de entender que não iria perder o “bom humor” somente por causa da indignação das pessoas, ante à sua “piada” indevida e desnecessária, com cunho desrespeitoso ao ser humano, fato que evidencia normalidade e insensibilidade humana.

Enfim, os fatos mostram o quanto o Parlamento brasileiro padece da qualidade de homens públicos com atributos à altura da representatividade política, com noções de sensibilidade social, respeitabilidade aos sentimentos humanos e responsabilidade cívica, de modo que o exercício do mandato parlamentar seja importante motivo de satisfação e orgulho para os brasileiros.

Brasília, em 28 de setembro de 2020

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