quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Homenagem a Zé Gualberto

             

O historiador e ilustrado mestre Xavier Fernandes escreveu importante crônica contando alguns detalhes da magistral vida do cidadão Zé Gualberto, figura de proeminência na sociedade de Uiraúna, Paraíba.

O texto mostra em minúcia como ele vivia no seio da comunidade, que tinha por salutar hábito de cultuar estreito relacionamento com a nata social da cidade, sempre em permanente discussão das notícias e dos fatos da vida, em animadas conversas que adentravam à noite sempre estrelada.

Os fatos narrados na referida crônica se reportam aos tempos da minha infância, quando eu tive a oportunidade de vivenciar as proezas do senhor Zé Gualberto e dos amigos prediletos de jornada, o qual foi realmente um personagem impressionante do seu tempo, por ter se notabilizado como o senhor notícia e passado para a história da cidade como a pessoa que centralizava na sua casa a sede de onde se irradiava as mais quentes e atualizadas informações, que eram veiculadas depois para os quatro cantos da cidade e essa magnífica façanha perdurou enquanto vida ele teve.

Parabenizei o insigne mestre Xavier Fernandes pela bela aula de história de Uiraúna, envolvendo um dos mais importantes filhos da nossa amada terra, o ilustrado e sensível homem notícia, que realmente se especializou na ímpar arte de agregador social da cidade, para tratar de um pouco de tudo, mas o ponto nevrálgico mesmo era a notícia, como a rainha dos assuntos.

Ele tinha enorme prazer em manter a sua casa sempre cheia de visitas dos entendidos e sábios da cidade, para se discutir variedades de assuntos que somente eram disseminados na cidade depois das conclusões tomadas ali, sob a batuta do sábio-mor: Zé Gualberto.

Tanto isso era verdade que as pessoas somente acreditavam nas notícias que circulam na cidade quando sabiam que elas tinham origem na casa dele, porque o seu rádio especializado em notícias tinha a primazia de receber as primeiras e importantes informações da Paraíba, do Brasil e mundo, com a pureza da fidelidade à verdade.

O repórter Esso, a mais importante fonte de notícias da época, sobre todos os fatos do quotidiano, tinha sede cativa na casa dele, motivo pelo qual ela estava sempre cheia de pessoas ávidas para se atualizar sobre o que acontecia no mundo.

Eu ficava impressionado como ele apreciava tanto as notícias e a companhia de muitas pessoas amigas, posto que a sua vocacionada disposição pela a filtragem das notícias foi por toda a sua vida como a sua missão de amor, transformada na sua causa mais importante, pelo menos enquanto eu o conheci.

O meu testemunho é de quem morara de frente da casa dele, com condições superprivilegiadas para acompanhar toda movimentação dos visitantes, durante o dia até à noite.

Em termos de notícias e informações, o nobre Zé Gualberto pode ser agraciado como autêntico patrono da classe, porque ninguém foi tão fiel como homem que amava como ninguém a sua predileção de se manter atualizado sobre os fatos que aconteciam no mundo.

Muito obrigado, mestre Xavier Fernandes, por mais importante lição de história sobre nossos conterrâneos, que muito enriquece os anais de Uiraúna.  

Logo em seguida ao meu comentário acima, o professor Xavier Fernandes agradece a minha mensagem, afirmando o seguinte: “Caríssimo Escritor e Mestre: Antônio Adalmir, Agradeço o seu precioso Comentário que dá testemunha real e comprova fielmente com detalhes que foram vistos a olho nu, a importância do nosso homenageado, quando recebia os amigos em sua sala durante o dia e durante à noite no tradicional bate papo na calçada. Ali se completava a resenha das notícias e dos fatos mais importantes do dia, entre uma xícara de café e baforadas de cigarros de papel de seda e fumo de rôlo. A casa de Seu Zé Gualberto, substituiu a casa do meu Avô Joãozinho Fernandes (Didi) que se mudou para morar em João em Pessoa no ano de 1973 e tinha essa mesma movimentação de acolhimento de cortesia e hospitalidade. E assim eram os costumes da Nossa gente. Vi também essas rodas de bate papos na grande sala na Casa do Seu Avô Juvino Fernandes, ali na rua Nova, quase vizinha a nossa. E assim se desenhou um passado que nos deixou grande aprendizado e também muitas saudades!”.

Diante disso, respondi ao mestre Xavier Fernandes, afirmando que as descrições históricas da lavra dele são fiéis aos acontecimentos da época e têm o condão de despertar interesse das pessoas para conhecerem, com maior profundidade, a vida desses importantes personagens que ditaram os costumes dos tempos passados e gloriosos de Uiraúna.

          Daí, a grande importância de seus textos, ilustre mestre Xavier Fernandes, a retratarem com fidelidade e a devida cátedra os fatos do passado de Uiraúna, que merecem o urgentíssimo resgate, sob pena de se perderem em futuro não muito longe, diante do desaparecimento da progressiva memória viva daqueles que conviveram com eles, quando, lamentavelmente, tudo será apagado, em definitivo.

Com o meu incentivo a esse importantíssimo trabalho de restauração da rica história de nosso povo, na liderança da pessoa de esforçado e inteligente historiador, o professor Xavier Fernandes, que é merecedor dos melhores encômios por seu árduo trabalho em benefício da cultura de Uiraúna.

Brasília, em 30 de setembro de 2020  

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