O ex-presidente da República tucano afirmou, em
entrevista à CNN, que a reeleição para cargos executivos não deu certo no
Brasil e deve ser revista.
O tucano defendeu a substituição do atual modelo -
com até dois mandatos de quatro anos -, por apenas um, com cinco anos de
duração.
O ex-presidente afirmou que "Eu era
favorável à reeleição, mas hoje, olhando para trás, eu vejo que nós agravamos
uma tendência, que é a de abusar do poder".
A reeleição foi aprovada em 1997 e possibilitou que
o ex-presidente tucano fosse reeleito presidente do país, no ano seguinte.
De acordo com o ex-presidente, a emenda da
reeleição envolvia "muitos interesses", incluindo o de forças
políticas que queriam evitar a vitória do principal líder petista, no pleito de
1998, e governadores e prefeitos que também queriam puder disputar o segundo
mandato naquela eleição.
Ao longo da experiência político-administrativa, a
reeleição tem sido, comprovadamente, mau negócio para os brasileiros, diante da
onipotência e da onisciência que se impregnam no ocupante do cargo de que se
trata, sob o juízo de haver o pré-julgamento da existência do todo-poderoso da
face da terra, diante do sentimento da pretensão de perenização no cargo, em
contrariedade ao salutar princípio da alternância no poder, que se harmoniza com
o exercício da modernidade política, à vista da possibilidade de novas ideias
no âmbito da gestão dos recursos públicos, como maneira inteligente de melhor
satisfazer ao interesse da sociedade.
O Congresso Nacional precisa substituir esse sistema
ultrapassado, desprezível e prejudicial ao interesse público, que jamais deveria
ter existido no país de tantas mediocridades políticas, onde prevalecem os
interesses de inescrupulosa classe política dominante, que, habilmente, consegue
convencer fanatizados e desinformados sobre seus propósitos políticos.
Nessa mesma onda benfazeja de modernização política,
o Congresso poderia aproveitar o ensejo da extinção da abominável figura da
reeleição e também aprovar outra medida de extrema relevância para os
interesses do país, no sentido de possibilitar a imediata eleição para se
decidir se governante inepto, incompetente, mentiroso, desacreditado, rejeitado
e prejudicial aos interesses da nação deve ser imediatamente afastado ou não do
cargo, independentemente do tempo que ele esteja em exercício, como forma
salutar, inteligente e cautelar de preservação da integridade do interesse
público, que não pode continuar sendo prejudicado e pagando pelos malefícios e
danos causados pelo ineficiente gerenciamento da coisa pública.
Nesse caso, decidido pelo afastamento do mandatário,
seria marcada eleição no prazo de noventa dias da proclamação do pleito, com a
posse do eleito para trinta dias do resultado, de modo a se evitarem maiores
transtornos para a administração pública.
Outra medida de suma importância para o país seria a
proibição de o político impugnado, por comprovadas incompetência e incapacidade
do exercício das funções públicas, jamais puder ser investido em cargo público
eletivo, por absoluta preservação da dignidade e da valorização da representação
política.
Na realidade, o instituto da reeleição vem servindo
como instrumento de salvo-conduto da mediocridade política, por possibilitar,
em muitos casos, a continuidade da incompetência e da ineficiência
administrativas, altamente prejudiciais à satisfatoriedade na gestão de
recursos públicos.
Diante da possibilidade da perenidade no poder, o
sistema da reeleição conspira fortemente para o retrocesso da eficiência da administração,
principalmente pela impossibilidade da alternância de gestor, que poderá
injetar sangue e oxigenação novos no governo, além da viabilização de mudanças de
mentalidade política, a oferecer novas e importantes ações de trabalho, tudo em
benefício da sociedade.
Também não se pode olvidar que a reeleição tem se
tornado verdadeiro câncer na administração pública, por possibilitar o
fortalecimento do abominável aparelhamento dos órgãos e das entidades públicos,
por meio das sempre alianças espúrias com os partidos coligados, com vistas à
consolidação do apoio e da base de sustentação políticas, conforme já mostraram
as infelizes experiências, ao logo dos governos recentes.
Na verdade, o sistema da reeleição tem o
enorme instrumental de possibilitar o uso da vergonhosa prática consistente no “o
poder pelo poder, custe o que custar”, onde os grupos da dominação política
e social disputam a continuidade no poder sob jogo sujo e predatório, de
maneira tal extremamente gananciosa que somente são levados em conta os
interesses pessoais e partidários, em detrimento das questões e políticas nacionais,
em completo abandono às causas da população, que, em síntese, deveriam ser cuidadas
em forma de prioridade, ante a motivação essencial das atividades
político-administrativas.
À todo evidência, a extinção da reeleição será golpe
devastador para os políticos de capacidade limitada, que se especializaram no
cultivo das políticas populistas, promovendo somente a valorização e a priorização
às ações assistencialistas, com a potencialização de programas de apoio social,
que é extremamente importante, por ser essencial incumbência constitucional do
Estado, mas o bom administrador também precisa ter visão panorâmica de gestão
pública, de modo que as obras públicas precisam ser implementadas com a mesma ou
maior intensidade, porque elas são imprescindíveis ao desenvolvimento econômico,
em forma de investimentos capazes de propiciar a expansão industrial, o
incentivo à produção e ao consumo.
Os políticos populistas
governam, normalmente, tendo por primordial objetivo a permanência no poder e,
para facilitar a consecução desse mesquinho propósito político, a execução de
programas sociais ganha relevo, ficando prejudicadas as obras de impacto, a
exemplo de governos recentes, que se notabilizaram por inúmeros importantes
obras, como metrôs, portos, aeroportos, usinas, estradas, refinarias e outras executadas
no exterior, sempre em países governados por ditadores, com recursos dos bestas
dos contribuintes brasileiros.
Esse
monstruoso desvio de finalidade, com o emprego de recursos públicos, é fato comprovado
e serve para reforçar a urgência na eliminação da reeleição, em especial nos
cargos de presidente da República, governador de Estado e Distrito Federal e
prefeito, como forma de, ao menos, se não extinguir, minimizar muitos dos
crimes de lesa-pátria, por deformação da gestão pública, como nesses casos de se
mandar dinheiro público para países socialistas, a fundo perdido, ou seja, sem
retorno ao Brasil.
Convém que a
sociedade se conscientize, para o bem do Brasil, de que a administração do país
precisa ser confiada a estadista que tenha capacidade e condições para vislumbrar
mecanismos que contribuam satisfazer o interesse público, a par de atentar para
a criação de mecanismos de gestão pública que contemplem o desenvolvimento das mais
amplas políticas nacionais que mereçam as prioridades visando ao progresso
socioeconômico, com embargo dos homens públicos inescrupulosos que somente têm
preocupação com a perenidade no poder e não se envergonham de se expor nesse
sentido.
A reeleição consiste sim em “abusar do poder”,
conforme disse o ex-presidente tucano, porque o péssimo homem público se serve
dele, dos recursos públicos e de todo aparelhamento do Estado para a criação de
estrutura propicia ao fortalecimento da sua candidatura à recondução no cargo,
de modo que seu governo seja conduzido com as afeições amoldadas à sua reeleição,
deixando à margem as políticas que poderiam contribuir para a satisfação do
interesse público, ou seja, todo seu trabalho tem por finalidade o
engrandecimento da sua imagem, em prejuízo das causas públicas, que são a
essência da administração pública.
De modo geral, o Brasil tem o máximo de urgência
para ser passado a limpo e o fim da reeleição se insere no processo prioritário
das medidas de cunho estritamente moralizante e persecutório da eficiência, da competência
e da efetividade da gestão pública, visando ao aperfeiçoamento, à modernização
e à otimização da administração do país, sob pena de haver injustificável contribuição
à continuidade de uma das principais cunhas ao desenvolvimento socioeconômico
da nação.
Brasília,
em 25 de setembro de 2020
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