segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Responsabilidade humanitária!

 

Em crônica recente, foi dito que Israel liberou geral a sua população, com relação às regras de isolamento e controle sobre a pandemia do novo coronavírus, mas o tiro terminou saindo pela culatra, porque houve recrudescimento, em escala alarmante, das infecções pela Covid-19 nas pessoas.

Aquele país se tornou o primeiro do mundo a impor novo confinamento a seus cidadãos, fato que deixa evidente o fracasso do governo do premiê na gestão da pandemia de Covid-19, com a exposição de que houve precipitação  na liberação da sociedade, sem a devida base científica para fazê-lo com a necessária segurança, dando a entender que foi muito mais forma de decisão de cunho meramente política.

O bloqueio novamente imposto pelas autoridades de Israel, que se tornou imprescindível, deverá durar pelo menos três semanas, de modo a coincidir com os feriados religiosos mais importantes para os judeus: o Rosh Hashanah (Ano Novo) e o Yom Kipur (Dia do Perdão).

Nesse segundo lockdown, será observado o fechamento total para comércio, hotéis, restaurantes etc. e ninguém poderá se afastar mais de 500 metros de casa, e as reuniões familiares, ritual típico da época do ano, serão limitadas a dez pessoas em ambientes fechados.

Como não poderia ter sido diferente, a população israelense recebeu o novo isolamento com fúria generalizada e isso foi exposto nas redes sociais, a refletir a pouca disposição dos israelenses para cooperar com as medidas restritivas da liberdade.

A imprensa local se refere ao combate da pandeia como sendo uma guerra, que também é considerada como uma das mais dramáticas que o país enfrentou desde o início da sua existência, em sete décadas.

Na última semana, o número de casos diários do novo coronavírus ultrapassou 4 mil, sem que a doença dê sinais de trégua, com 40 mil infectados ativos e a rede hospitalar do país está a caminho do colapso.

Na ânsia de reabrir a economia, a qualquer custo, anteriormente o país retornou às atividades sem controle à normalidade, enquanto o premiê, agora, é responsabilizado por ter declarado vitória de forma antecipada sobre o vírus, sem organizar o país contra possível segunda onda violenta da incidência do Covid-19.

O segundo confinamento significa voltar à estaca zero, com grande insatisfação da população, que não se dispõe a cooperar com o governo, como aconteceu no primeiro lockdown, em que houve solidariedade à causa.

Fala-se que, diante da resistência, inclusive com a união de grupos de ideologias distintas, o grande desafio do governo será manter os israelenses trancados em casa, respeitando as regras fundamentais do isolamento pleno, porque isso é fundamental para o controle do vírus.

À toda evidência, o que aconteceu em Israel foi exatamente a proclamação da liberdade generalizada e descontrolada, inclusive de idosos, pessoas portadoras de comorbidades, com permissão para tudo, em conglomerações e reuniões em geral, sem a observância de nenhuma norma de prevenção.

Talvez seja exatamente isso que o governo brasileiro pretenda estabelecer no país tupiniquim, sem nenhuma regra prudencial a ser observada, porque se imaginasse diferentemente já havia normatizado, estabelecendo padrões mínimos de segurança das pessoas, como precisa que assim seja feito, em se tratando de governo com o mínimo de responsabilidade diante da população.

Urge que os governantes se conscientizem de que o combate à pandemia, com a gravidade do novo coronavírus, exige muitíssima sensibilidade para o sentimento humanitário, que precisa ser prioritariamente sopesado, acima mesmo das questões políticas e econômicas, porque estas são secundárias em relação àquela, que está acima de quaisquer metas de governo ou de planos políticos.  

          Brasília, em 14 de setembro de 2020 

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