Um deputado federal pela Paraíba defendeu, em veemente discurso no plenário da Câmara dos Deputados, a premente reforma na estrutura dos salários dos poderes da República, notadamente com a finalidade da eliminação dos abusivos privilégios e prerrogativas injustificáveis, de modo a se mexer, segundo ele, na camada de cima, para a diminuição do custo exagerado da máquina pública, tendo em conta, em especial, a realidade de desigualdade dos brasileiros.
O
zeloso e corajoso parlamentar paraibano lembrou que somente a Câmara dos Deputados
tem custo elevadíssimo no Orçamento da União, que supera, pasmem, a cifra dos cinco
bilhões de reais e essa constatação se estende, em termos de abusivas prerrogativas,
sem o menor escrúpulo, aos demais poderes da República, que não se incomoda nem
um pouco com a farra com o dinheiro dos sobrecarregados contribuintes.
O
deputado ressaltou que existe grande constrangimento, diante da nítida incompreensão,
em se falar abertamente sobre os abusivos gastos dos poderes da República,
exatamente pelos exageros dos notórios e sabidamente incompatíveis privilégios e
prerrogativas, que são aceitos pela absoluta maioria dos nobres beneficiários, os
quais são amparados em aparelhos estatais robustos, que, nas circunstâncias,
não há justificativas plausíveis para a sua existência, precisamente por absoluta
falta de parâmetros razoáveis.
A
verdade é que o parlamentar paraibano pós o dedo em verdadeiro câncer que sangra
incontrolavelmente no seio da República e somente aqui e ali é que algum bravo
parlamentar se atreve a falar a verdade e mostrar à saciedade esse perverso e
abominável sistema republicano, que jamais deveria subsistir, à luz da cruenta e
insofismável situação de miserabilidade imposta pelo Estado moribundo aos
brasileiros.
Apesar
disso, em evidência de total insensibilidade, o Orçamento da União é extremamente
onerado com a obrigação de bancar muitas prerrogativas absolutamente dispensáveis
e irreais, por exemplo, aos trabalhos legislativos, quando, por norma
regimental, aprovada pelos próprios interessados, a sua presença em plenário é
apenas obrigatória de terça-feira a quinta-feira, diferentemente do que acontece
com os servidores públicos, que são obrigados ao expediente de 40 semanais.
O certo é que os verdadeiros beneficiários não
se tocam nem têm o menor interesse em, ao menos, discutir medidas sobre a
razoabilidade das prerrogativas que não passam pelo crivo da plausibilidade, sob
a visão dos parâmetros de correção e justiça, quanto à urgente adequabilidade às
condições fáticas vividas pelos brasileiros, que estão posicionados em patamar bem
inferior dessa realidade vivida pelos poderosos da República, em termos
socioeconômicos, quando a maioria dos brasileiros se encaixa na proximidade da faixa
da miserabilidade.
Ao
contrário disso, vossas excelências, os representantes do povo, e outros beneficiários
das benesses dos poderes da República estão no seu conforto do paraíso, em
outro mundo, insensivelmente à deplorável situação de desprezo imposto a
algumas classes de brasileiros, em especial os que vivem no interior do país,
onde há verdadeiro e permanente estado de calamidade pública, em razão da ausência
do poder público, normalmente sob a alegação da escassez de recursos, a mostrar
o real descalabro da insensatez e da irresponsabilidade, exatamente por parte
de quem estão abonados pelas tranquilas prerrogativas criadas por eles próprios.
Não
há a menor dúvida de que esse assunto causa indignação generalizada aos
brasileiros, que não compreendem como a escassez de recursos somente atinge as
camadas pobres e necessitadas, enquanto as classes política e administrativa dominantes
não têm a menor sensibilidade para se dignarem compreenderem que as suas mordomias, prerrogativas
e privilégios são absurdamente exageradas e incompatíveis com esse estado de
lamúria e ainda mais levando-se em conta o que eles produzem ou deixam de
produzir em benefício do população, em forma de satisfação do interesse
público, ou seja, da classe mais carente dos cuidados às suas necessidades.
Essa
parcela da população vem sendo desvalida da atenção do poder público e tem recebido
as piores assistências e serviços de incumbência constitucional do Estado,
conquanto há essa vergonhosa e espetacular classe de beneficiários dos recursos
públicos, que têm plena consciência dessa situação esdrúxula e inaceitável, mas,
ao contrário, se faz de insensível à lamentável e cruel realidade.
Pode-se
até haver a alegação de que as prerrogativas
estão previstas em norma legal, o que é pura verdade, mas não custa nada se
criar vontade política e legislativa para se compreender a realidade da situação,
ou seja, se cair na real, para se cuidar, imediatamente, da necessária equalização
dos fatos distanciados do razoável, para o fim de se revogar tudo que não
condiz com a realidade da penúria da maioria dos brasileiros e apenas se estabelecer
remuneração única compatível com cargo de servidor público eletivo.
A
situação existente é forma clara de humilhação para com as pessoas que deixam
de pegar remédio na rede pública, ter educação de qualidade, a merenda nas
escolas, a segurança, a assistência plena à saúde, quando tudo isso faz parte
de situação de precariedade e se mostra bem distante daquela realidade das benesses
dispensáveis, além de outras mazelas que grassam pelo Brasil afora, justamente
porque não tem dinheiro para esses e outros atendimentos essenciais, mas, nos
palácio ou nos gabinetes das repartições públicas, há abundância e excesso de recursos,
privilégios e vantagens indevidos e injustificáveis para os padrões dos
brasileiros.
O certo é
que já passou do momento para que os homens públicos dignos, sensatos e responsáveis,
como esse parlamentar que se insurge, de forma corajosa, contra esse vergonhoso
absurdo, cerrem fileira contra todo exagero existente no serviço público, que
precisa de urgente choque de moralidade e de enxugamento de tudo aquilo que não
condiz com a real situação do Brasil.
É preciso
se levar em conta a calamitosa prestação dos serviços públicos, que deveria ser
de qualidade superior, diante da estapafúrdia carga tributária que pesa sobre
os ombros dos brasileiros, que é a terceira maior do mundo, com o que se
poderia imaginar que os serviços públicos fossem também em terceiro lugar
mundialmente, em termos de qualidade, mas os próprios responsáveis (ou
irresponsáveis) não estão nem aí para essa gravíssima deformidade, que é
exatamente compatível com a sua indiferença à triste realidade dos brasileiros.
Convém que
os brasileiros mostrem seus repúdio e protesto contra essa deplorável situação
de verdadeiro insensibilidade para com os recursos públicos, justamente por
quem tem o dever moral e legal de dá bons exemplos de economicidade e
parcimônia no emprego do suado dinheiro arrecadado dos contribuintes, cujo
encargo já ultrapassou da capacidade contributiva dos brasileiros, diante da sanha
fiscal do Estado, que, quanto mais arrecada, mais gasta e nada faz para minorar,
em termos de racionalização das despesas, os gigantescos desperdícios, como os
que representam os privilégios da classe dominante do pais, que são absolutamente
injustificáveis, concedidos precisamente à casta dos servidores públicos da
União.
Urge que
os Poderes da República tomem a iniciativa de promover urgente levantamento das
prerrogativas, dos privilégios e dos benefícios incompatíveis com a real situação
brasileira, em face da miséria da maioria absoluta da população, como forma de
moralização dos dispêndios públicos, cuja medida de racionalização precisa
partir exatamente de quem tem o dever constitucional de zelar pela integridade
do patrimônio dos brasileiros, de modo que os orçamentos públicos tenham
melhores condições de atendimento das verdadeiras finalidades de satisfação da população
que integra a essência do interesse público, de forma mais justa e democrática.
Brasília, em 20 de setembro de 2020
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