sábado, 12 de setembro de 2020

Modéstia contribuição política

 

Li, com bastante apreensão, a mensagem política que foi postada nas redes sociais, vazada nestes termos: “Mulheres de Uiraúna, juntas mudamos nossa realidade, juntas podemos sermos mais fortes, nossa união mudará nosso futuro, juntas podemos vencer as tribulações e injustiça de nossa classe!”.

Ou seja, a interpretação natural do supratranscrito texto pode induzir que a mensageira poderá ser candidata para guerrear em prol das causas das mulheres, caso seja vitoriosa, com a finalidade de batalhar com o objetivo da valorização delas, diante de tanta ênfase na sua disposição para o trabalho no cargo público eletivo.

Como tentativa de contribuir para o aprimoramento das atividades políticas, peço vênia para escrever a mensagem a seguir, na esperança de que o seu teor possa orientar um pouco os candidatos sobre o verdadeiro sentido do exercício das funções políticas.     

Prezada conterrânea, como eu simpatizo muito com a sua pessoa, eu gostaria muito, se a senhora me permitir e de igual modo os demais candidatos, de dizer que a melhor maneira de fazer política pode não ser aquela onde a plataforma de trabalho nomeia determinada causa para ser defendida, como, por exemplo, alguém que trabalha em alfaiataria e diz, por primazia, que quer se eleger para defender a classe dos alfaiates.

Essa disposição do candidato pode levar ao entendimento de que seu trabalho no exercício do cargo escolhido tem como objetivo somente se preocupar com a sua classe, e que as demais causas não têm a menor importância, pelo menos em termos da realização dos trabalhos políticos, como tais alinhados nas metas de campanha.

Ressalte-se, como natural ilação, que essa maneira de se propor a galgar o posto no cargo público eletivo não condiz exatamente com a finalidade moderna sobre a compreensão do verdadeiro homem público, que precisa entender que o seu trabalho tem a amplidão de defender as causas de todos, independentemente de ser alfaiate ou não.

Na melhor compreensão, se poderia imaginar que o candidato que diz querer se eleger para defender a sua classe pode deixar de receber o voto de alguém que conclui e com absoluta razão que: se o candidato diz defender os alfaiates, por que eu vou votar nele, se eu não sou alfaiate?

Além do mais, os candidatos que batem no peito e dizem que querem valorizar determinada classe podem deixar transparecer que eles têm pouca sensibilidade para com as demais classes e outros assuntos, justamente por que somente determinada classe ou matéria merece ser valorizada?

Então, de igual modo, pode-se alguém concluir que não vota nesse candidato que diz que quer se eleger para cuidar de situação ou assunto tal, quando muitos eleitores não se incluem em nenhuma daquelas classes ou situações nomeadas pelo candidato.

É evidente que cada candidato tem sua afinidade com determinada classe e parece até normal que essa simpatia possa contribuir para a sua vitória, mas, em tese, isso não condiz precisamente com a finalidade de verdadeiro candidato, que deve se comprometer com o todo, por natural, com o conjunto das questões do município.

No meu modesto entendimento, quando o candidato pensa em se eleger para cuidar exclusivamente de determinada classe ou assunto específico, ele pode estar sendo extremamente sincero, ao afirmar que tem interesse em privilegiá-los, ficando claro que ele não tem nenhum compromisso com outros assuntos, porque o seu projeto de campanha era exatamente aquele nomeado por ele e todo seu esforço será no cumprimento da sua promessa, em detrimento dos demais assuntos de interesse da sociedade.

Sem querer criticar o pensamento político de ninguém, porque seus objetivos a serem alcançados dependem em muito da capacidade de cada candidato, mas tenho para mim que o bom candidato para o povo é aquele que tem como plataforma de trabalho a defesa dos assuntos de interesse da coletividade, sem particularizar ou discriminar nada, sob a garantia de que todas as questões hão de merecer o seu extremado empenho, sem interesse individual nem privilégio de classes ou matérias que possam contribuir para o desvirtuamento do sentido objetivado estritamente para a satisfação do interesse público, que deve ser o primado do fiel cumpridor das atividades políticas.

Espero piamente que a presente mensagem possa ser fielmente entendida como apenas modéstia contribuição de alguém que gostaria de ajudar para o aprimoramento do exercício das relevantes atividades políticas, evidentemente no melhor sentido de propiciar benefício para a população em geral.

Com as minhas escusas e agradecimentos pela compreensão.

Brasília, em 12 de setembro de 2020

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