Li, com bastante apreensão, a mensagem política
que foi postada nas redes sociais, vazada nestes termos: “Mulheres de
Uiraúna, juntas mudamos nossa realidade, juntas podemos sermos mais fortes,
nossa união mudará nosso futuro, juntas podemos vencer as tribulações e
injustiça de nossa classe!”.
Ou seja, a interpretação natural do
supratranscrito texto pode induzir que a mensageira poderá ser candidata para
guerrear em prol das causas das mulheres, caso seja vitoriosa, com a finalidade
de batalhar com o objetivo da valorização delas, diante de tanta ênfase na sua disposição
para o trabalho no cargo público eletivo.
Como tentativa de contribuir para o aprimoramento
das atividades políticas, peço vênia para escrever a mensagem a seguir, na
esperança de que o seu teor possa orientar um pouco os candidatos sobre o
verdadeiro sentido do exercício das funções políticas.
Prezada
conterrânea, como eu simpatizo muito com a sua pessoa, eu gostaria muito, se a
senhora me permitir e de igual modo os demais candidatos, de dizer que a melhor
maneira de fazer política pode não ser aquela onde a plataforma de trabalho
nomeia determinada causa para ser defendida, como, por exemplo, alguém que
trabalha em alfaiataria e diz, por primazia, que quer se eleger para defender a
classe dos alfaiates.
Essa
disposição do candidato pode levar ao entendimento de que seu trabalho no
exercício do cargo escolhido tem como objetivo somente se preocupar com a sua
classe, e que as demais causas não têm a menor importância, pelo menos em
termos da realização dos trabalhos políticos, como tais alinhados nas metas de
campanha.
Ressalte-se,
como natural ilação, que essa maneira de se propor a galgar o posto no cargo
público eletivo não condiz exatamente com a finalidade moderna sobre a
compreensão do verdadeiro homem público, que precisa entender que o seu
trabalho tem a amplidão de defender as causas de todos, independentemente de
ser alfaiate ou não.
Na
melhor compreensão, se poderia imaginar que o candidato que diz querer se eleger
para defender a sua classe pode deixar de receber o voto de alguém que conclui
e com absoluta razão que: se o candidato diz defender os alfaiates, por que eu
vou votar nele, se eu não sou alfaiate?
Além
do mais, os candidatos que batem no peito e dizem que querem valorizar
determinada classe podem deixar transparecer que eles têm pouca sensibilidade
para com as demais classes e outros assuntos, justamente por que somente
determinada classe ou matéria merece ser valorizada?
Então,
de igual modo, pode-se alguém concluir que não vota nesse candidato que diz que
quer se eleger para cuidar de situação ou assunto tal, quando muitos eleitores
não se incluem em nenhuma daquelas classes ou situações nomeadas pelo
candidato.
É
evidente que cada candidato tem sua afinidade com determinada classe e parece
até normal que essa simpatia possa contribuir para a sua vitória, mas, em tese,
isso não condiz precisamente com a finalidade de verdadeiro candidato, que deve
se comprometer com o todo, por natural, com o conjunto das questões do município.
No
meu modesto entendimento, quando o candidato pensa em se eleger para cuidar
exclusivamente de determinada classe ou assunto específico, ele pode estar
sendo extremamente sincero, ao afirmar que tem interesse em privilegiá-los,
ficando claro que ele não tem nenhum compromisso com outros assuntos, porque o
seu projeto de campanha era exatamente aquele nomeado por ele e todo seu
esforço será no cumprimento da sua promessa, em detrimento dos demais assuntos
de interesse da sociedade.
Sem
querer criticar o pensamento político de ninguém, porque seus objetivos a serem
alcançados dependem em muito da capacidade de cada candidato, mas tenho para
mim que o bom candidato para o povo é aquele que tem como plataforma de
trabalho a defesa dos assuntos de interesse da coletividade, sem particularizar
ou discriminar nada, sob a garantia de que todas as questões hão de merecer o
seu extremado empenho, sem interesse individual nem privilégio de classes ou
matérias que possam contribuir para o desvirtuamento do sentido objetivado
estritamente para a satisfação do interesse público, que deve ser o primado do
fiel cumpridor das atividades políticas.
Espero
piamente que a presente mensagem possa ser fielmente entendida como apenas modéstia
contribuição de alguém que gostaria de ajudar para o aprimoramento do exercício
das relevantes atividades políticas, evidentemente no melhor sentido de
propiciar benefício para a população em geral.
Com
as minhas escusas e agradecimentos pela compreensão.
Brasília, em 12 de setembro de 2020
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